Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







15 de dez. de 2010

Ultimamente, ando sem inspiração para escrever. E foi nesse contexto que eu peguei um livro de poesia completa do mais genial dos poetas, segundo minha concepção: Carlos Drummond de Andrade. Resolvi, então, não ir ao índice remissivo da obra, abri-o aleatóriamente, como quem procura uma palavra do dia na Bíblia, no Corão, no Sutra. Fi-lo. O livro é grosso, as páginas são de papel bem fino, mas - mesmo assim - tive a sorte de ler no dia a poesia a seguir.

Quero
(Carlos Drummond de Adnrade)

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.


Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
Pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
Apagas
teu amor por mim.


Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

29 de nov. de 2010

O Braço Direito do Narcotráfico.

Depois do desmantelamento de alguns pontos do Narcotráfico no Rio de Janeiro, a sociedade vem-se perguntando de onde surgiram tantas drogas – são toneladas e toneladas – e de onde surgiram tantas armas de grosso calibre. Certamente, a resposta está na ponta da língua: o problema são nossas fronteiras. Fora essa consideração, importante até, há outros pontos que devemos começar a discutir. No outro texto, falei, por exemplo, dos usuários. Para mim, eles são o braço esquerdo, tronco e pernas do tráfico por pura e simplesmente despender dinheiro direto na mão dos bandidos.

Um outro problema a ser resolvido é a pirataria. Temos de ter a consciência de que comprar um CD ou um DVD pirata é ajudar diretamente para o contrabando e indiretamente para o narcotráfico: há aqui uma lavagem de dinheiro em proporções gigantescas por parte dos traficantes.

Por outro lado, sem hipocrisia alguma, sei o quanto é caro exercitar a cultura neste país. Não é fácil para um pai de família, com 4 filhos para criar, levá-los todos eles juntamente com a esposa para o cinema. Ir ao cinema, com a namorada, só com ela, não custa menos que R$ 70,00, isso com as entradas e com a pipoca – que custa tanto quanto uns 3 sacos de arroz. Imagine a situação desse pai que ganha um salário mínimo. Como ele fará para saciar a vontade de todos os filhos que o chama para ir assistir ao Avatar 3D, ao Tropa de Elite 2 ou a qualquer outro filme em cartaz? Essa família está (sem dúvida) cerceada de exercitar a cultura, a não ser que ele vá à esquina e compre o Avatar 3D por apenas R$ 5,00. É aqui o cerne da questão. O que fazer então?

Sem utopia alguma. O Ministério da Cultura e as secretarias de cultura estão aí é para isso, para dirimir problemas dessa natureza. Firmar parcerias entre os vários estúdios de filmes nacionais e internacionais para o fornecimento de cópias de filmes mais baratos. Construir cinemas populares, com a entrada simbólica, para a população. Vejam bem! Construir cinemas populares não significa deixar o cidadão a mercê de sol e chuva. O cidadão tem de ter o melhor. Uma outra possibilidade: organizar sala de cinema dentro de cada escola pública e passar nessas salas filmes em cartaz. Já imaginaram o quanto isso resolveria o problema, o estudante assistir dentro do colégio filmes em cartaz? Com certeza ele não gastaria dinheiro com filmes piratas, por já o ter visto. É claro que esses filmes devem servir para haver uma interdisciplinaridade. Eles não seriam apresentados gratuitamente e a troco de nada. Com o Avatar, por exemplo, poderia se trabalhar questões ecológicas e de meio-ambiente. Com Tropa de Elite, abordar questões sobre as drogas, sobre o bem e o mal, sobre corrupção, linguagem, fator histórico, geografia.

Construir cinemas populares dentro e fora da sala de aula não é utopia, é perfeitamente possível, caso haja política pública séria voltada para este campo. Quanto aos CD’s, que são caríssimos, o governo podia começar em cortar tributos a fim de barateá-los.

Ajudar a pirataria é ser o braço direito do narcotráfico. Sei que 80% cidadãos ajudam-no. Inclusive eu e o próprio governo que não faz nada.

25 de nov. de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo.

Foi-se o tempo em que Gilberto Gil podia cantar o verso que diz que “O Rio de Janeiro continua lindo” sem se sentir constrangido, creio. Não que o Rio de Janeiro tenha perdido sua beleza natural, mas o que salta as vistas de todo o país é o fato de a cidade não ser, nem de longe, maravilhosa.

As imagens captadas pelas redes de TV são claras: estamos em guerra. Tão em guerra que a desordem aqui chega a ser mais densa, mais trágica do quem em países em plena guerra civil, como o Haiti.

Tanques da força naval subindo o morro, passando por cima de carros em chamas, anunciam o que a população brasileira pode esperar em poucos dias: uma hecatombe. E de cá fica sempre a esperança de que o lado bom vencerá e de que tudo terminará bem, mesmo que para isso tenhamos de ver corpos e corpos espalhados pelo chão. Mas...qual o lado bom mesmo?


Enfim, uma ação conjunta dos governos federal e estadual foi posta em prática. Era esse o clamor de uma população ávida de justiça desde a inauguração das ocupações dos morros, muito bem retratada no filme Cidade de Deus. São mais de 30 anos de descaso do poder público, que nunca imaginou que aqueles favelados ousariam um dia ir para o asfalto (linguagem deles) para atacar justamente a burguesia. Foi só quando a elite percebeu que a coisa estava tomando proporções inesperadas que começou então a se tentar fazer políticas públicas voltadas para o combate do crime organizado: se, por ventura, os marginais não tivessem atacado a burguesia, esse assunto não seria também retratado na televisão e nem estaria em pauta. Podem ter certeza disso.

O fato é que só a ocupação do morro, pelas Unidades Pacificadoras, não resolverão o assunto. Instalar posto policial transmite segurança, mas não ajuda a recuperar a dignidade da população local. É preciso muito mais que força policial, faz-se necessário, juntamente com as UPP’s, a instalação (acima de tudo) de escolas e de hospitais e junto com eles profissionais qualificados. Faz-se necessário a criação de postos de empregos para a inclusão das pessoas que ali moram. Faz-se necessário saneamento básico. Faz-se necessário uma limpeza dentro do próprio governo para prender os corruptos que estão infiltrados nele.

O noticiário, que se fala hoje nas várias mídias, vende-nos a idéia de que a culpa é somente dos traficantes que estão ali, quando na verdade é um conjunto de malfeitorias como, por exemplo, a própria omissão dos políticos, a falta de segurança nas fronteiras deste país – não faz duas semanas que dois Policiais Federais foram mortos no Rio Solimões por traficantes estrangeiros, essas mortes não mereceram destaque na TV. Além do mais, necessita-se inicializar uma discussão pública, entre os vários setores da sociedade, a cerca da legalização de algumas drogas ilícitas e discutir também o fato de haver muitos usuários em circulação: quem alimenta o tráfico, quem financia-o é justamente o usuário, o doente. O problema é de saúde pública também.

Legalizar drogas é tema polêmico, mas adianto aqui que isso quebraria as pernas do tráfico, portanto seria uma solução viável. Fora isso, começar a internar quem se encontra viciado, porque lugar de doente é no hospital, isolado.

10 de nov. de 2010

Juras de não sumir...

Ei! Jura a mim que não mais vai sumir:
Sumir da minha vida, sumir da minha amizade.

Jura-me que não sumirá da embriaguez que tenho por ti,
Pela tua face.

Jura-me que nada no mundo te afastarás de mim,
Nem mesmo uma má fase.

Jura-me que me ligarás quando sentires saudades,
E, sobretudo, na vontade.

Jura-me não me abandonar, no relento, na estação,
Num momento covarde.

Jura-me. Porque juro para ti
que a próxima vez que eu sumi
eu levo-te. Levo-te para o coração,
por paixão, para posteridade.

Por favor,
Leve-me pra sumir contigo, só não suma de mim,
Por bondade, por amizade, para eternidade.














1 de nov. de 2010

33% de Ignorantes: número alto não, altíssimo!

Há um velho ditado que diz que “cada povo tem o político que merece”. Por um instante, achei que o tal ditado iria se concretizar por aqui. E as chances disso acontecer foram grandes, apesar de no segundo turno, termos uma candidata totalmente despreparada para assumir um cargo tão importante. Garanto-vos que Brasília não merecia tal castigo.

É de dar arrepios. Não me é concebível que uma candidata que não saiba se expor, que não saiba articular nem mesmo um minuto só de palavras, tenha ido para disputa de um segundo turno. A que ponto chegamos quando o campo é política? Não que eu queira aqui proteger o candidato que se sagrou vencedor, mas é que não me entra na cabeça o fato de tal candidata, figura totalmente caricata, ter ido tão longe.


Quem é o mais ignorante, a candidata ou o eleitor que votou nela? Deixa que eu respondo: o eleitor. Quem vota em candidato que não tem projetos, que não sabe o mínimo de política, que não sabe sobre gestão pública é mais ignorante do que aquele que pede os votos. Quem vota em uma candidata como a Weslian Roriz, vota também no tiririca ou até mesmo num macaco. E quem vota nesses três, não vota em favor de uma política voltada pra todos; vota em si, com a finalidade mesma de ganhar um lote aqui, uma dentadura ali. Vota em favor da desordem, da invasão de terras públicas, vota em favor de se construir pontes milionárias (monumentos) que em nada favorece 90% da população da cidade, dinheiro desviado da saúde pública para satisfazer o EGO dos avantajados moradores dos Lagos Sul e Norte. Quem votou nela, vota em favor do puro coronelismo, vota em favor do voto do cabresto, vota em favor das capitanias hereditárias.


Ignorância nada tem a ver com humildade. A pessoa pode ser desprovida de bens, pode ser singela, pobre, mas isso não se confunde com ignorância. Ignorante é o estado de quem não tem conhecimento de causa, de quem é estúpido, de quem (na linguagem mais baixa e esdrúxula) é burro.


Em pensar que 33% do eleitorado do DF votou em tal candidata, reforço-me da idéia de que tem de haver um investimento maciço na educação, pois é repugnante termos na Capital da República um número tão alto de ignorantes. 33% dos eleitores daqui votaram em transformar a capital no curral das fazendas de Roriz.  Graças a Deus não fui transformado em um ruminante, foi por pouco.

27 de out. de 2010

Claro e Objetivo

Caro leitor,vou tentar ser o mais claro e objetivo neste texto. Começo falando do Sr. Ministro Gilmar Mendes, do STF. Sinceramente, eu o acho um dos seres mais repugnáveis que já existiu naquele Tribunal. Não por ele proferir voto em desfavor do povo, mas pelas palavras dele, que no mínimo é de dar nojo. O olho é no peixe fritando e o outro no gato do lado.


Nós, o povo brasileiro, somos um povo pacífico, concluí. Se assim não fôssemos, iríamos à frente do STF e quebraríamos, à base da pedrada mesmo, aquele Egrégio Tribunal. E instituiríamos uma outra Constituição sem, por exemplo, o prestígio da Vitaliciedade que goza os juízes de direito, até porque - por inúmeras vezes - já vimos que o princípio está vencido, visto que são inúmeros os casos de corrupção dentro do judiciário. Dentre um dos mais conhecidos, só para recordar, o Ministro do STJ vendia sentenças e levantava preciosos dividendos com isso. Diante do infortúnio, o então Ministro teve como pena o instituto da aposentadoria. Ou seja, ganhava trabalhando, continua ganhando só que em casa, na rede, à brisa, pés para cima. Vá o trabalhador corromper-se para ver o resultado. Garanto-vos que é cadeia, xadrez.



Voltando. Acho grave o que o Gilmar Mendes falou no julgamento de hoje, dia 27/10/2010, o qual defendia um político pobro, ético, ficha limpa, chamado Jader Barbalho: “numa democracia constitucional, o povo não é soberano”. Num passado bem recente, em que se achava também que o povo não era soberano, aconteceu o que se conhece como a queda da bastilha, a Revolução Francesa.



Olhem! Tenhamos cuidado com a autoridade que diz e repete que o povo não é soberano. Se ele falasse que os representantes do povo, a Câmara Federal e o Senado, não são soberanos, até dá para engolir. Mas o povo, o povo não é soberano não, é soberaníssimo. Tanto é que basta uma revolta popular, caso se queira, para modificarmos toda legislação vigente e para, na base do chute e pontapé, colocarmo-no para fora do poder, instituído pelo povo.



Considero paradoxal quem, para invocar que uma LEI POPULAR não tem valor, se utilize de exemplos pouco aplicáveis aqui, como no caso do nazismo, e ao mesmo tempo se fundamente, corriqueiramente, do próprio direito Alemão. É um tanto contraditório. Moralidade e probidade administrativa não foram palavras professadas por ele em nenhum momento, até porque ele mesmo não parecer ser investido de tais virtudes. Fiquemos de olho no Ministro que se acha acima de quem ele deve obediência e lealdade.

18 de out. de 2010

O Trambique do Século!

Quem assistiu aos Eddie Murphy, sabe que ele fez filmes inesquecíveis, tanto na década de 80 quanto na de 90. Posso até citar alguns aqui: Um Príncipe em Nova York, O Rapto do Menino Dourado, Um Tira da Pesada. Acontece que um colega me indicou um outro filme muito interessante dele, de 1992, que não fez tanto sucesso por aqui, mas que considerei um dos melhores: Um Distinto Cavalheiro.


Nesse filme, Eddie faz o papel de um verdadeiro pilantra, trambiqueiro. O personagem dele chama-se Thomas Jefferson Jonhson. Metido em rolos pequenos, um dia Thomas descobre que um distinto senador daquela sociedade, a Americana, do mesmo nome dele morre. É então que o Thomas, o pilantra é claro, vê a possibilidade de entrar no lugar do então falecido senador. Sabendo da possibilidade de controlar a dinheirama pública, Thomas Jefferson solta então as seguintes palavras, que para mim são emblemáticas: “Esse é o trambique do Século!”.


Vamos refletir: o cara está falando que é trambique do século ser político nos EUA. Ora! Dizem que por lá a democracia é bem mais evoluída, que o nível de corrupção é baixo e que o espírito público dos políticos de lá são bem mais avançados do que os daqui. Lá não se costuma, por exemplo, confundir o público com o privado. Mas ele falou e disse que aquilo era “o trambique do século”. Emblemático.


Se lá é o trambique do século, o que dizer daqui? Uma revista* levantou os números de quanto ganha um Deputado Federal, vou reproduzi-los aqui, aí vocês, caros leitores, tirem sua conclusão se ser político por aqui não é o “trambique do MILÊNIO”. Vamos aos números, mas não se assustem. Eles recebem:

1- Uma tal de verba de gabinete no valor de R$ 60.000,00. Serve para pagar material de escritório e contratar 25 assessores. São tantos assessores que nem o Michael Jackson teve tantos na vida toda.

2- Verba Indenizatória no valor de R$ 15.000,00. Serve para pagar aluguel (eles já recebem por isso), hotel, motel, restaurante, consultoria. Sendo que a consultoria é tudo aquilo que eles decidem chamar de “consultoria”.

3- Salários no valor de R$ 16.512,09. E ainda tem, além do décimo terceiro, o décimo quarto e o décimo quinto que é pra dar aquele gás no fim do ano. Ah! Eles ganham mais que o Presidente da Republica. São ou não importantérrimos?

4- Auxílio Moradia no valor de R$ 3.000,00. Como eu já havia dito, eles já recebem por isso, mas não custa nada dobrar a parada. E os apartamentos funcionais... Esses deixem pra lá.

5- Cota postal e telefônica no valor R$ 4.000,00. Porque toda empresa manda muitas cartas e utiliza muito o telefone, ainda mais na compra de votos.

6- Uma cota para assinaturas e impressões no valor de R$ 1.000,00. Haja livro e jornal para o deputado ler. Se é que ele sabe mesmo, não é?

7- Um valor de R$ 9.000,00. Serve para viagens, para visitar a base e manter o cabresto. Vale lembrar que as viagens não precisam ser justificadas.

8- E mais R$ 8.000,00 para saúde. O deputado e a família dele pode pedir reembolso ILIMITADO com gastos com saúde e com dentista. Está explicado o porquê a coisa mais rara de se ver é o enterro de um político.

Eles ganham só isso mesmo. Agora acalmem-se por que estou fazendo o somatório geral de quanto eles ganham no final das contas por mês. Vamos lá, vamos lá, vamos lá, Flavin...Opa! Exatamente R$ 166.512,09. É isso: Cento e sessenta e dois mil, quinhentos e doze reais e nove centavos.

A pergunta que não quer calar: Por que é o TRAMBIQUE DO MILÊNIO, FLAVIN? Porque o cara não precisa estudar, não precisa ser ficha limpa, não precisa saber Direito Constitucional e muito menos administrativo. Ética e moral foram matérias que passaram longe deles.


Vou contar meu causo só para finalizar:

Para eu ser um servidor público baixo escalão, “oreia” seca, tive de me formar. Depois, estudei um ano e meio, média de 10h diárias. Passei. Para assumir o cargo, tive de fazer vários exames para saber se eu estava bem: coração, rins, coluna, fígado. Depois fui ao cartório tirar várias certidões criminais, civis. Fui à Justiça Federal tirar uma certidão criminal federal. Ou seja, para eu ser orea, tive primeiro de estar em condições físicas, depois tive de provar para Deus e o mundo que eu era “Ficha limpa”. E há várias outras categorias que além disso, passa por um curso de formação para assumir o cargo. E no fim, ganhamos igualzinho a um oreia.

Se lá nos EUA o trambique é do século, então cheguei à conclusão de que por aqui o "Trambique é mesmo do Milênio".


*Revista Super Interessante. Edição Agosto/2010.

30 de set. de 2010

As crenças e suas diferenças.

O papo ficou mais interessante, quando eu a perguntei como estava indo namoro dela. A resposta, intrigante, foi a seguinte: “está indo bem, mas tenho medo por causa das diferenças entre nossas religiões. Por exemplo, se um dia a gente ter filhos, como será a criação deles?”.


Não vejo problemas em ficar, namorar, casar-me com uma pessoa que tenha um tipo de crença diferente do meu. Muito pelo contrário, na utopia que tenho, devido minha formação, acho até melhor.


Fui casado durante 10 anos da minha vida. Minha ‘ex-posa’ é católica apostólica romana. Eu nasci e cresci dentro da filosofia budista. Tivemos uma filha cuja égide são as duas religiões. Sem brigas, nem discursão. Não há embaraços, creio que assim, quando ela tiver mais discernimento para escolher o que é melhor, ela assim faça. Como pai, acredito que devo dar um norte, ensiná-la o que é certo e o que é errado, afim de que no futuro bem próximo ela seja uma pessoa de valor para a sociedade, independente da religião profetizada por ela. Isso é uma escolha pessoal.

Nós não somos iguais, as culturas são diferentes e é justamente isso que devemos aprender a respeitar. É muito fácil eu ter respeito pelo meus pares, aqueles os quais me identifico melhor, que freqüentam os mesmos lugares que eu, que praticam as minhas mesmas atividades, que estão no meu mesmo ciclo de amizade, social, religioso, político. Respeitar essas pessoas é muito fácil. O grande desafio está em respeitar os diferentes, as diferenças e desfazermos de preconceitos.

Não ter preconceitos é ouvir as palavras sagradas de uma outra religião, respeitando-as, internalizando-as e aproveitando-as da melhor maneira possível para o seu bem estar. E mesmo que você não as internalize ou as aproveite, que as respeite acima de tudo, porque temos de respeitar o diferente e aquelas palavras são sagradas para alguém. Compaixão.

Não ter preconceitos é “fazer o bem sem olhar a quem”. Independente da crença, da cor, do sexo ou da opção sexual. Benevolência.


Não ter preconceitos é agir com prudência, afim de que não escutemos mais coisas do tipo: “macumba é má porque já começa com ma”. Pura ausência de conhecimento de causa daquele que nunca leu sobre a referida religião e que toma como verdade o que se escutou de outrem. Como uma “Maria vai com as outras”sai espalhando para todos o que acha que é a verdade do universo. Sensatez.

Não por acaso, temos ou tivemos várias guerras em nome de “Deus”, segundo aqueles a fazem. Não por acaso há embates religiosos entre ramificações de uma mesma crença.

Antes falar, aprendamos  escutar. Guerras e embates religiosos não teriam acontecidos se fôssemos mais tolerantes. Escutar mais, falar menos. No entanto, sei que a coisa não é tão simples assim.


"Por fim",  existem três tipos de verdade: a minha, a sua e a verdade verdadeira. Tenhamos nossas crenças e nossas diferenças, mas não sejamos indiferentes com o nosso próximo, isso evita hostilidades.

27 de set. de 2010

Aqui Jaz uma esperança!

Outro dia, li um artigo do Professor, escritor, jornalista, filósofo Rubem Alves. Sagaz em suas analisas acerca da política brasileira, ele tinha escrito que já não tinha esperança com os políticos. Achei até um exagero à época, mas hoje, depois do que assisti na semana passada, afirmo-vos: perdi as esperanças com os políticos. E tudo isso com a devida ajuda do Judiciário.


É que ainda tinha esperança de que -se os políticos não se consertassem por si mesmos - então, por meio da força do judiciário, eles seriam consertados. Entrou em cena uma lei pra consertá-los, lei essa assinada por mais de 2 milhões de cidadãos brasileiros. A tal lei, nomeada lei da Ficha Limpa, lei do povo, no meu modo de ver as coisas e também no modo de vários cidadãos, não deveria nem mesmo ser objeto de questionamento dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, maior corte do País. Não deveria, mas foi.


Na verdade - indo à outro vertente da questão - se a maioria dos cidadãos tivesse um mínimo de consciência política nem se cogitaria um candidato a governador, comprovadamente surrupiador do dinheiro público, se eleger. Não precisaria de lei alguma, o povo na sua consciência não daria nenhum voto a ele. Esse é o ápice da consciência moral política que um povo deve ter. Roubou? Fora, pelo resto da vida política, sem ser necessária lei alguma.


Mas infelizmente não é assim. Alguns até tem essas consciência política, mas a maioria não. A grande maioria pensa em si mesma, objetivando conquistas próprias em desfavor do coletivo. E são essas que abrem a boca e diz: “ele rouba, mas pelo menos nos dá um lote”. Nivelação totalmente por baixo, ao passo que se admite que o candidato desvie o dinheiro público. Olha, quando a pessoa fala “pelo menos”, pra mim o assunto é encerrado, ela não é digna de ouvir nenhuma palavra a mais minha. (risos). Observem! o ex-candidato ao GDF não negou em nenhum momento o seu envolvimento com o desvio de R$ 2,5 milhões de reais. É mesmo um DESAVERGONHADO. A que ponto chegamos?


Voltando. Cinco Ministros do STF voltaram a favor dos políticos corruptos. Isso, a gente não está falando de políticos que trabalham e prol do povo, estamos tratando com verdadeiros bandidos, desses que gostam de roubar valores acima dos milhões, que formam verdadeiras quadrilhas, que corrompem e são corrompidos. São esses que os cinco ministros protegeram. São esses que os cinco ministros (Toffoli, Celso de Mello, Marco Aurélio, Cezar Peluzo e Gilmar Mendes) prestam assistência jurídica. Aliás, Gilmar Mendes (os mais lúcidos conhecem a história desse canalha) e o Presidente da Casa, Cezar Pelluzo, queriam derrubar a lei. Sustentaram, defenderam com unhas e dentes que a lei era Inconstitucional. Sabe o que isso iria significar? A lei não iria valer nem pra esta e nem pra eleição alguma. Cogitaram fazer isso com uma lei advinda do povo. A pergunta que não quer calar: será que esses ministros contratariam corruptos para cuidar da contabilidade, do caixa,  da empresa deles?


Aliás, o povo - na concepção desses dois excelentíssimos Ministros - não deve ser levado em consideração nos julgamentos. O clamor do povo, lembrado por Aires Brito e Joaquim Barbosa, deve ser mantido fora das paredes daquele tribunal, segundo Gilmar Mendes. Como se o STF estivesse acima de toda uma nação. Afirmo: Nem o STF e nem mesmo a Constituição está acima do povo. Um povo vive sem constituição, ao passo que a constituição não possui efeito algum se não houver o povo para ela reger. Mas, mesmo assim, os protetores desses surrupadores desconsideram a vontade do povo, a qual eles deveriam proteger acima de qualquer interesse privado, ainda mais de imorais.


É por isso que digo aqui que a minha esperança nos políticos e no judiciário deste pais morreu. Não vejo luz no fim do túnel, não vejo solução, salvação. Estamos perdidos e não temos a quem recorrer. O que nos parece é que o certo é roubar, confundir o público com o privado. Só assim a pessoa tem total proteção. O errado é o certo e o certo nem existe.

20 de set. de 2010

Ressaca Moral

Hoje, segunda-feira, como todas as outras, parei para pensar um pouco sobre o estado de coisas que paira em mim. A angústia me bate e é sempre nesse dia, religiosamente. Fico pensando no que eu deveria ter feito na semana passada e o que não fiz. Por vezes, penso também no que fiz em excesso no fim de semana.



É que na segunda-feira bate uma certa solidão, mesmo quando se está rodeado de pessoas. Estranho, mas acontece: solidão em meio a vários amigos. É geralmente nesse dia que pensamos no que vamos fazer dali pra frente. Programo-me, juro para mim mesmo que vou voltar a estudar em alto nível, como antes, que vou ler mais, que vou fazer mais por todos ao meu redor, sobretudo, à minha família, que vou levar as coisas mais a sério, que vou despendiar menos dinheiro em besteiras passageiras.


Mas ao mesmo tempo, penso que a vida tem de ser vivida a cada segundo, sem questionar-me tanto no que é certo ou no que é errado. Ao pensar assim, lembro-me dos amigos, dos que estão vivos e dos que se foram. É ao pensar nos que se foram, de forma banal às vezes, que bate até um certo alívio na minha mente e o EGO parece se deitar em paz e aí me deixa em paz também. Quando lembro deles, vejo que a vida tem de ser realmente vivida, em toda sua extensão, da melhor maneira possível, de forma exarcebada e em toda sua plenitude.


É na segunda que me bate a tal ‘ressaca moral’ e fica martelando na minha cabeça. É na segunda que procuro escutar o que eu realmente gosto, Radiohead, Legião, para desinfetar-me das porcarias que entraram nos meus tímpanos na sexta, no sábado e no domingo. O livro abandonado, leitura densa, 100 anos de solidão, Gabriel Garcia Marques, volta às minhas mãos nesse dia e caio no universo do fantástico, que é emblemático desse autor.

Penso que a segunda nem poderia existir. Entretanto, ao pensar assim, levo-me ao raciocínio de que se não existisse segundas-feiras o dia da ressaca moral seria as terças. Não me dói as cobranças dos outros, elas me servem para me dar um norte do que está acontecendo, mas não as levo a sério ao ponto de me martirizar, afinal de contas a noção do que é certo e errado eu a tenho.


Espero que chegue logo o próximo fim de semana, para eu me deleitar novamente nas porcarias mundanas corriqueiras.

13 de set. de 2010

I had a dream...

Sempre me recordo de quando estava numa roda, trocando aquela boa conversa com os amigos, e aí acabava o assunto. Sem assunto, já era de praxe alguém falar o seguinte: “rapaz, ontem eu tive um ‘cabuloso’, sonhei que...”

Quando alguém falava de sonhos cabulosos que teve, bastava um começar para que todos trocassem a mesma experiência. E aí assunto não acabava nunca mais. E era cada tipo de sonho inimaginável: “sonhei com uma nave espacial”, “sonhei que um avião caia lá na 8”, “sonhei com uma abelha gigante voando atrás de mim”...(risos).

Já que acabou o assunto e eu já não escrevo há um bom tempo no meu blog, vou compartilhar com vocês, senhores leitores, um sonho que tive ontem. Algo interessante, talvez vocês já conheçam a história.

I had a dream que, num momento de até uma certa paz no mundo, já que os conflitos entre ocidente e oriente são cada vez mais cotidianos, estava tudo nos conformes. A grande potência daquela época, os EUA, tinha retirada a sua tropa do Iraque – país invadido e saqueado injustamente. No sonho, sonhei que o então presidente americano planejava construir uma mesquita ao lado do monumento em homenagem aos ataques do dia 11 de setembro. O intuito do presidente era tentar,de alguma forma, unir-se ao mundo islâmico, evitando assim guerras, ataques terroristas. Foi então que na certa paz do mundo apareceu um pastor, que aqui nomearei de Pastor Doido.

O Pastor Doido, sem ter o que fazer, resolveu cutucar onça com vara curta. O pior que conseguiu. Sabe qual o problema do Pastor doido, caro leitor? É que ele acha que o povo islâmico é pacífico igual ao povo brasileiro, por exemplo. Por aqui, há quem chute imagens de Santos, ao vivo, na TV e nada acontece. Com o povo islâmico é diferente: povo combativo, eles não têm medo da morte. Partem logo para a guerra, seja com quem for, inclusive com a própria unipotência.

O sonho continou e o intuito do Pastor doido era tacar fogo no livro sagrado dos islâmicos: O Corão. Dizendo o Pastor doido que essa era uma forma de protestar contra a idéia de Obama – Presidente dos EUA – de construir a tal mesquita. Bastou o pastor ameaçar a prosseguir com a idéia maluca que o mundo virou um rebuliço. Percebendo a desordem, o Presidente se viu obrigado a interferir. Ligou para o Pastor doido e disse:

Obama: My son is crazy?
Tradução: meu fi é doido?

Pastor Doido: No.
Tradução: Não! (aqui ele mentiu...é doido)

Obama: So do not screw it up, please!
Tradução: então não estrague tudo, por favor!

Foi então, diante da gravidade do assunto e vendo a merda que iria cometer, que o Pastor doido resolveu, para o bem de todos e para felicidade geral da nação, não dar proceguimento aos planos de queimar livros sagrados por aí. Mesmo assim, tirando minhas conclusões do sonho, cheguei ao seguinte resultado: era só uma igreja pobre, no interior dos Estados Unidos, querendo angariar fiéis. Dessa forma, o Pastor doido conseguiu o que ele queria de verdade, conseguiu, além dos 15 minutos de fama, arrebanhar mais um cadin de pessoas...e dinheiro, é claro!

Espero ter sido apenas um sonho mesmo...

30 de ago. de 2010

A Paixão...

Às vezes me pego pensando em alguém e questiono a mim mesmo, no silêncio da minha alma, se estou apaixonado. Depois de muita reflexão, questiono também o que vem a ser a paixão. É sublime? É uma doença? É algo um pouco abaixo do amor? É uma cegueira branca, como escrevera o saudoso José Saramago? É tudo isso.



Bom! Muita gente irá questionar o fato de eu falar sobre tal assunto. Certamente essas pessoas não me acharão a mais adequada para tratar dele; falarão, por exemplo, que não tenho sentimentos, que meu coração é de pedra, que não consigo gostar de ninguém. Porém, mesmo assim, na minha teimosia que carrego, tentarei descrever, pois, como quase todo homem, já fui apaixonado e, portanto, me sinto apto a falar do assunto, apesar de preferir a política.

O que sei é que ora a paixão é sentimento nobre, ora é uma doença mesmo, que cega, que tapa os ouvidos, que passa por cima da lucidez, que age pela emoção deixando a razão de lado. Percebem que falei mais da parte ruim da paixão do que da boa? Isso significa que ela pode não fazer muito bem ao ser humano (risos).


Aurélio Buarque, Pai dos inteligentes, descreve paixão como “sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade”. O problema é que, logo após essa definição, ele continua dizendo: “sobrepondo-se à lucidez e à razão”. Quem nunca passou por cima da própria lucidez por causa de loucuras da paixão? Eu já fiz. E faço, e farei quantas vezes for necessário para ter a outra pessoa, alvo de minha paixão, ao meu lado, mesmo agindo fora do meu estado normal. Ele, Aurélio, continua dando várias outras definições para o verbete em questão. Numa outra, ele diz que paixão também é “desgosto, mágoa e sofrimento”.


Paixão é paixão quando, na alegria, a pessoa pensa na outra 24h por dia; mas é mais paixão ainda quando no sofrimento ela pensa 48, 64h. Paixão é paixão quando o namoro termina, mas não conseguimos ver a(o) ex com outro(a), sentimos um forte ciúmes que nos cerca e nos definha, e corrói-nos por dentro de pouquinho em pouquinho, como ácido nos tecidos, internalizado martelando a cabeça sem trégua e o ego cai ferido- como um combatente em final de batalha. Paixão é paixão quando acordamos pensando em alguém e dormimos pensando no mesmo alguém e aí percebemos que passamos o tempo todo pensando na mesma pessoa, que nos tira a concentração, que nos entope de alegria, mas também nos afoga na tristeza, na magoa e na melancolia.

A paixão faz você escrever cartas (isso já não existe mais, então substituirei), faz você mandar torpedos enlouquecedores para o celular, depoimentos no orkut com músicas do Djavan, tipo “o que há dentro do meu coração, eu tenho guardado pra te dar”. É escrever alguns poemas só pra tocar o coração. Paixão é fazer serenata, é chamar aquele carro de som super-brega e soltar foguetes. É mandar flores ao outro. Mas Paixão é fazer suicidar-se, porque o outro já não é ele mesmo e dois é só uma carne, num entrelace, emaranhado de sentimentos.


Paixão é o que eu sinto por ti. E o que sentem por você. É o que, por exemplo, meu amigo Dudu sente pela amiga Cintia. Casar-se-ão num futuro breve, "numa noite de luar ou na manhã de um domingo à beira-mar, na igreja e no papel, vestido branco com bouquet e lua de mel", terão sua casa, terão seus filhos, formarão uma bela família. E eu, mero expectador, terei a honra de ser o padrinho e entrar também para família.



Paixão é alegria, é sofrimento. Paixão não é amor, não é sexo, é paixão. Paixão é o que importa, paixão é o que interessa. Apaixone-se, mas se tua paixão não é correspondida, tente substituí-la pela amizade. Se der certo, parabéns! Para mim isso não basta, não me contento com tão pouco. Contento-me com todo o seu céu...

9 de ago. de 2010

O pagode e a ascensão social.

Caros leitores, não sei como os shows pelo Brasil a fora são organizados. Aqui, em Brasília, separam-se as pessoas por grades. Há aqui as grades para a classe alta, média e baixa. É um verdade apartheid musical e social também. De acordo com a classe, o preço do ingresso muda. Digo mais: uma coisa que sei é que aqui, na Capital, os ingressos são tão caros que cobra-se – em um show de pagode ou forró - um valor maior que qualquer show do Djavan, Chico Buarque, Marisa Monte, por exemplos, cobram no Rio ou em São Paulo.


Não que eu queira comparar os tipos de música, realmente não há comparações. Qualidades diferentes, prefiro os que citei a qualquer show de pagode. Mas fui e sempre vou a shows de algumas bandas de samba não pelo de fato de eu gostar, eu realmente não gosto, vou pelas pessoas, para conhecer gente, para fazer amizades.


Dividiram o valor das entradas em três tipos: classe A, valor R$ 80,00; classe B, valor R$ 60,00 e classe C, valor R$ 30,00. Fui na classe B, porque segundo pesquisa do DIEESE, sou classe média. É claro que a pesquisa é equivocada, só cabe a mim aqui questionar como foi feita a tal pesquisa.


Pois bem. Em uma outra pesquisa, sobre o governo Lula, saiu um dado relevante em que houve uma acentuada ascensão social. Acredito: isso é evidente quando reparamos as políticas externas, a geração de emprego, o nível educacional e os shows de pagode em Brasília. O quê? Isso, há algum tempo, as áreas que mais ficavam cheias nos shows eram as área mais baratas, as de ingresso mais barato. Mudou. Muita gente migrou da C para a B. Tinha tanta gente na classe B que a bagunça estava formada.


Pancadaria, porrada, latinhas voando, segurança baixando os socos e pontapés, gás de pimenta. Esses foram os resultados do show do Exaltasamba na última sexta-feira, dia 6/8/2010, aqui em Brasília. Aí me ficou evidente um outro resultado da área social: se houve mesmo a tal ascensão na área econômica, ela não veio acompanhada de uma ascensão educacional.


O comportamento, os bons modos parecem não fazer parte dos novos playboys,e das novas patricinhas que aqui residem. Vão aos shows pra fazer baderna, causar confusões, tumultos. Open bar com jeito de quem estava naquela África em que conhecemos pela televisão, com pessoas famintas, voando sobre os balcões como hienas prestes a devorar a presa.


Em pensar que o pagode e o samba sempre foram tratados como música de favela, de pobres e pretos, e hoje é freqüentado pelos playboys e pelas patricinhas que hoje mostram suas maneiras jogando latinhas para o alto só para machucar os outros, pergunto-me se não podemos melhorar a educação no país. Mas que seja uma educação não só global, mas, sobretudo, que venha dotada de qualidade.



4 de ago. de 2010

Quer conhecer o homem? Dê poder a ele...ou dinheiro!

Sobre a Molecada da Vila...


No meu modo de ver, há três formas de se corromper o homem. Primeira, é via dinheiro; a segunda, via poder e a terceira é a junção do dinheiro e do poder. Mas, o que é me claro é o fato de que no Brasil só ter dinheiro não representa ter poder necessariamente. Ter poder é algo bem mais complexo, vem do sangue. Explico isso mais tarde.



Quer conhecer o homem? Simples, dê dinheiro a ele. A partir do momento em que a pessoa tem dinheiro, ela passa a humilhar. Não julgo em linhas gerais, mas 90% das pessoas são assim. Até mesmo o que eram pobres mudam suas atitudes quando estão mais avantajados: o oprimido vira opressor. Um caso desses foi-nos mostrado recentemente pela “molecada da vila”, o timo do Santos.


Com a palavra, o moleque goleiro do Santos: “Aí fera… O que eu gasto com o meu cachorro de ração é o teu salário por mês. Então não f…”. Bom seria, se todo jogador de futebol recebesse aula sobre a desigualdade social que reina aqui no Brasil. Já que eles não conseguem aprender com a própria vida (a maioria é de classe pobre), que os clubes então dessem aulas sobre o assunto. Dessa forma, o amante do esporte e a sociedade em si seriam poupados de tantas asneiras. Uma pergunta: quantas pessoas estão deixando de comer neste exato momento enquanto o vasilhame do cachorro do jogador está abarrotado de comida? Aqui, um exemplo claro de que basta dinheiro para o oprimido virar opressor.


Contudo, o que a molecada da vila não sabe ainda é que no fundo no fundo eles são pobres. Pobres de espírito, de compaixão e, sobretudo, pobres de poder. De espírito, porque em uma outra situação, os moleques da vila resolveram protagonizar uma das cenas de maior preconceito religioso dentro do esporte: em um lar, que professa o espiritismo, estavam várias crianças carentes esperando os seus “ídolos” (os moleques da vila) irem entregar os tão esperado presentes. Aconteceu que vários jogadores não quiseram descer do ônibus porque o lar era espírita. Preconceito religioso arraigado na pele de quem quase nunca pegou em um livro para ler. E o time é do “Santos”, sem compaixão.



Pobres de poder porque no Brasil não basta só ter dinheiro para ter poder, faz-se necessário ter isso na veia, de família. Não adianta o pobre ganhar na mega-sena, pois ele será rico de dinheiro e pobre na raiz, no próprio sangue. Com jogador de futebol é o mesmo dilema. Se jogador de futebol, rico, tivesse poder, o Bruno (ex-goleiro do Flamengo), não estaria na cadeia. Se assim fosse, o Adriano não teria saído correndo do Brasil para não parar no xilindró. Pobre é pobre, mesmo depois de rico. Estigma.


Aqui, no Brasil, não basta só ganhar dinheiro e ter fama. Não basta colocar um cordão de ouro no pescoço, andar com carros importados e com a mulherada. Isso tudo não representa poder, todavia somente ostentação. Os que têm poder aqui, já o possuem desde o nascedouro. Estigma.

Não tente humilhar, caro jogador. Você é tão pobre, mas tão pobre, que a única coisa que você tem é dinheiro - como já dizia Madre Tereza.

2 de ago. de 2010

O triste fim do rock brasileiro

Caro leitor, escrevo esse texto para aqui decretar, com tristeza, o FIM DO ROCK BRASILEIRO. Não é exagero meu, é que não consigo enxergar uma luz no fim do túnel. O rock por aqui morreu, acabou, chegou ao fim.


Digo isso porque outro dia eu estava assistindo ao canal Multishow quando passou uma propaganda falando do prêmio que a emissora vai dar para várias categorias. Dentre algumas delas, está a de melhor banda. Concorrem os seguintes grupos musicais: Fresno, NX Zero, Restart, Hori, Strike, Jota Quest, Skank e Titãs. Uma verdadeira merda. Tanto que me peguei torcendo para as três últimas citadas.


Fresno, NX Zero, Restar, Hori, Strike e mais algumas que citarei aqui como Cine, Hevo 88, Detonautas todas essas bandas representam a mesma coisa. A música é a mesma, todas de péssima qualidade. A impressão que passa essas bandas é que o visual, as roupas, o cabelo estão em primeiro plano:  um corte de cabelo que foi inaugurado por Chitãozinho e Xororó há muito tempo não é pra mim novidade alguma.

O Rock brasileiro que fica em minha mente é algo bem mais interessante, com músicas inteligentes, capaz de despertar no ouvinte reflexões sobre o mundo. É aqui que entram Os Mutantes, IRA, Legião Urbana, Chico Science e Nação Zumbi (um maracatu misturado com guitarra), Paralamas, Plebe Rude, Titãs, Capital Inicial (muito antigamente), Planet Hemp, Raimundos (Hard Core tocando nas rádios, algo inimaginável).


E não venham com a desculpa de que o cenário, o contexto atual é outro: sei que é sim, mas as mazelas sócias perduram hoje assim como esteve presente nos anos 60, 70, 80 e 90. Se a falta de liberdade de expressão e o contexto político fizeram com que Renato Russo e CIA escrevessem várias músicas maravilhosas, do mesmo jeito a miséria, a corrupção, a bandidagem deveriam inspirar as bandas contemporâneas. Assim o faz somente “O Rappa”.


Escrever sobre a paixão impossível que se tinha no ensino médio, bem juvenil assim, não é fazer Rock. Creio que o jogo dessas bandas é em outra área e não na música. O negócio é na área da moda. Se consideramos assim, aí o Rock Brasileiro está lindo.



Acredito que a música tem de ter uma finalidade que pra mim se encerra na transmissão de alguma mensagem que sirva para reflexão em si mesma. Se as bandas de hoje não fazem mais música que presta, então declaro aqui o fim do cenário Rock N Roll Brasileiro.

É Derradeiro!

25 de jul. de 2010

O Teimoso

Aprenderá desde criança, com o pai, que nunca deveria retroceder. Seu pai, Armínio, um religioso, truculento, por vezes usava mais a emoção que a razão, e tentava passar os ensinamentos àquela criança inocente. Até mesmo na escolha do nome do filho, Armínio não retrocedera, havia uma lista de nomes a escolher: Braga, Doriz, Prudêncio, Varney, Brunetti, Lenício. Escolheu Prudêncio, mesmo com a recusa da mãe, Rosália.


Os ensinamentos, como já dito, vinham desde menino. Outro dia, chegou da escola com um material escolar que não era dele, fato que revoltou a mãe: “- Prudêncio, amanhã, quando você chegar à escola, devolva o material que você pegou”. O pai, que insistia em interferir na educação então falava: “- Não, filho, você não vai devolver nada, não retroceda, não peça desculpas...”


Coisas simples da vida, como dar licença para outra pessoa passar, não fazia parte de Prudêncio  e  muito menos de sua educação. Uma vez, foram a um parque, desses urbanos que ficam no meio das cidades. Na pista de Cooper, quase bateu de frente com um maratonista, mas não se desviou do caminho, pensou: “- daqui eu não saio”.


Cresceu. Teve sempre uma boa educação escolar. Estudou em escola de ponta., mas era costume, por exemplo, sumi coisas de dentro de casa. Uma vez, a mãe colocou o troco de uma certa compra em cima da televisão, cerca de R$ 52,00, sumiu. A mãe perguntou: “- Prudêncio, você pegou o dinheiro que estava aqui?” O que ele responde de pronto: “- não, mãe”.


Formou-se. Conseguiu o primeiro emprego. Subiu de cargo, chegou a supervisor. Nesta posição, tinha a fama de teimoso. Mesmo que estivesse tomando a decisão errada, não voltava atrás. Batia o pé e ia em frente. Até então, suas decisões de líder trouxera, mesmo que amparado pela sorte, benefícios para empresa. Chegou à chefia . E continuou tomando suas decisões, sempre desamparada da razão. Até que um dia deu um grande prejuízo à organização e foi dispensado. Outra vez pensou: "- fiz o que achava que era certo e não volto atrás, não volto."


Desempregado, resolveu então dar outro rumo à sua vida. Decidiu partir para a política, mas antes resolveu pedir um conselho ao pai acerca do ramo escolhido: “- Vá em frente, filho. Você tem um futuro brilhante, mas lembre-se de nunca retroceder, meu teimosinho”. Candidatou-se e na base da truculência, da demagogia e da hipocrisia conseguiu o posto de deputado.


Foi então que lhe faltou, mais uma vez, a ética. Resolveu, para o bem de si, se envolver nas maracutaias, nos conchavos, nos conlulios, nas jogatinas mais baixas só para angariar preciosos dividendos. Conseguiu muito dinheiro até o dia em que estourou a operação “Pega ladrão”. Os vídeos mostravam-no desviando dinheiro público, colocando maços dentro da meia e das cuecas. Ao se questionado, pela imprensa, sobre as acusações que pesavam sobre ele, Prudêncio então respondeu magistralmente: “- Peguei sim, coloquei dinheiro dentro das minhas vestimentas porque não uso malas ou bolsas”.

A teimosia do pai fez do filho um biltre, gatuno, pandilha...um infame.

22 de jul. de 2010

As Mortas não traem, amore...

Tenho assistido e lido, ultimamente, muito Nelson Rodrigues. Esse escritor, que trata como ninguém da natureza, da alma, do interior do ser humano, tem-me incutido algumas coisas na cabeça. Não que eu esteja alienado, não é isso: é que o requinte da leitura deixa-me com a percepção das coisas mais aguçada. Aquilo que gira em torno da traição e da cumplicidade separada por uma linha tênue inconsútil.


Falando em traição, creio que nos tempos contemporâneos o exímio escritor teria muitas, mais muitas crônicas a escrever. É que, com advento do celular (os torpedos), o percentual de infidelidade - por parte das mulheres - aumentou drasticamente, segundo reportagem da “Super-Interessante”. E - para amplificar a perfídia - inauguraram-se vários outros canais de comunicação, a citar: e-mail, icq, msn, orkut, facebook. Seria isso um deleite para o já falecido escritor.


Isso não quer dizer que todas as mulheres traem, nem todas, realmente. Para o autor de várias obras, há um rol das que não cometem tal pecado. Dessa forma não adianta hipocrisia.



Diante de tudo isso, pergunto-me: até onde vai o respeito entre o homem e a mulher, de forma que tudo que se escreva a ela, mesmo com toda consideração que se tem, não possa parecer uma cantada barata, ainda mais pela internet, por exemplo? Creio que as palavras para respostas estão na própria pergunta: na consideração e no respeito.



A internet deixa a gente mais solto, menos tímido, mais à vontade, por assim dizer. Foi nesse ímpeto que cometi o erro de chamar uma colega de “amore”. Reprimido de imediato e assustado com o posicionamente dela, logo fiquei sabendo que o namorado (que por sinal é muito amigo meu) não iria gostar de tal comportamento de minha parte. Mas...só um pouco: não existe mais consideração e respeito? Bagunçou geral?


Pois bem! Sempre tratei as amigas (dizem que os homens não as têm) de forma carinhosa e com certas palavras que, até então, não via problema algum em desferi-lhes: amore, gatona, gatinha, paixão...todas palavras que geralmente uso no lugar do nome delas, mas sem nenhuma malícia, puro carinho, consideração, respeito e etc. Do mesmo jeito que trato os meus amigos de “brother”, “camarada”, “irmão”.


Teimoso que sou, pura característica do signo que me ostenta, continuo achando não ser malicioso chamar as amigas, só elas, pelos substantivos citados. Fui reprimido. Aprendi, mas lembrei na hora das palavras de meu câmara da Nelson Rodrigues: "as mortas não traem". Que Deus o tenha! (risos)

14 de jul. de 2010

O meu time já é Hexa!

Por ironia do destino, minha mãe achou de me homenagear com graça de FLA vio. Não que ela seja rubro-negra, ela não é, e nem meu grandioso pai: este não torce para time algum; aquela é Corinthiana.


O fato é que sou indiscutivelmente Flamenguista. De coração, torço com mais afinco até mesmo do que para a Seleção Brasileira, que, nos últimos tempos, não tem sido uma “seleção” em si. Digo isso porque na exegese da palavra, seleção significa, entre outras coisas, “escolha fundamentada”. Creio não ter havido fundamentação alguma para Josué, Felipe Melo, Kleverson, Doni, entre outros, terem ido à Copa do Mundo. Vou mais além: em outros tempos, alguns poucos titulares da seleção de hoje seriam reservas e os reservas nem iriam a tal competição.


Comparo, então, os nomes desta seleção com alguns da de 82, por exemplo: Toninho Cerezo, Leandro, Júnior, Falcão, Sócrates, Zico, Roberto Dinamite, para citar os mais famosos. A comparação é feita pelo simples fato de as duas terem perdido a Copa, com o diferencial de que a de 82 levou a fama de ter sido a melhor seleção de todos os tempos, apesar de ter perdido.


Zico, aliás, depois de Pelé, é sem sombra de dúvidas o melhor jogador que já apareceu no Brasil. Ele não é apenas ídolo do Flamengo, é do Brasil. Há quem fale que o Romário é melhor, pelo fato de ter ganhado um título mundial. Fosse assim, medir o talento e a representatividade de um jogador por título de Copa do Mundo conquistado, então deveríamos chegar à conclusão de que o Viola foi melhor que todos os jogadores citados acima...o que é um tanto descabido. Garanto-vos, vós leitores, que nem Romário e nem viola foram melhores que Zico, tanto dentro quanto fora do campo. Sendo assim, concluo que o azar é da Copa Mundo. Se o Zico não foi campeão mundial pela seleção, azar é do torneio.

O certo é que meu time é Hexa-Campeão . Apesar de todos os não-flamenguistas de plantão não aceitarem, não adianta, sou hexa-campeão. A grandiosidade de nosso clube está até mesmo nas derrotas: nessas horas, o Flamengo é mais visado que a Seleção canarinho. Dessa forma, podem chorar, espernear-se, somos hexa. Daí não vejo tanta necessidade assim de a Seleção Brasileira ganhar outro título mundial.


Acima de tudo, meu orgulho é ser rubro-negro, independentemente de a imagem do clube está sendo alvo de chacotas devido aos escândalos recentes. Sobretudo, o clube e o manto sagrado estão acima de qualquer jogador, de qualquer um. O Flamengo é respeitado não somente no Brasil, mas no mundo inteiro. Aqui é uma nação e não é o comportamento de um ou dois jogadores que irá arruinar décadas de tradição. O meu time é time de tradição, de raça, de amor: é time de paixão.

1 de jul. de 2010

E no Metrô da Ceilândia...(Mais um causo).

Não que eu tenha raiva do metrô, afinal de contas, uso esse meio de transporte todos os dias. Ele me é muito útil, tira-me dos congestionamentos contínuos que toma conta da cidade. O que me inclina a escrever este texto são os modos das pessoas que o frenquentam, aliás, os maus-modos.



Peguei o metrô ontem exatamente às 19h45, pontual como o metrô em Londres, estação 102, sentido Ceilândia. Tive a sorte de sentar-me em uma cadeira logo na estação Feira. Relaxei, estava exausto, a inércia dentro do veículo cansa-nos, ainda mais depois um longo dia de trabalho. Percebi que havia um rapaz sentado no chão, não naquele local onde todos sentam, mas no corredor mesmo. Chegando na próxima estação (Guará), a senhorita que estava ao meu lado levantou-se e de prontidão o rapaz que estava no chão levantou-se e sentou-se ao meu lado. Até aí nada mau.

Dentre vários problemas do metrô, vou tentar citar alguns, eles são infinitos: falta de cortesia e cavalheirismo, falta de cidadania (há quem ainda hoje finja estar dormindo para não ceder um lugar reservado a quem o pertence de direito, mas também há aqueles são verdadeiros caras-de-pau mesmo); há os que debatem assuntos em voz altíssima, ainda mais aqueles que geram animosidades, debates acalorados acerca da política local, por exemplo; há os que, para se sentar, parecem cavalos; e há os que fazem guerra de som de celular dentro do metrô. É disso que falarei.

O rapaz que se sentou ao meu lado resolveu, então, tirar o fone do ouvido e colocar a música que estava tocando em celular para que todos ouvissem. Era um reggae típico do Maranhão - auto, muito alto, estridente soando em meu ouvido. Olhei para o rapaz para ver se ele se tocava, mas nada adiantou. E o reggae tocando...alto, muito alto, estridente. Com a voz em meio tom, falei: “caramba, puta que pariu, eita poxa!”. Ele olhou pra mim e... som alto, muito alto, estridente. Isso sem falar que exalava do nariz dele um cheiro desagradável de etílico, ao passo que eu não tinha condições nem de olhar para o rapaz. Eu reclamando em voz baixa, as pessoas balançando a cabeça, uma verdadeira agonia depois de um dia cansativo. Diante da recusa em desligar o som ou de colocar o fonte de ouvido, levantei-me em sinal de protesto. O rapaz me olhou constrangido e desligou o trambolho. Pensei: “deu certo, não sou obrigado”.

Pois bem! Foi o rapaz desligar o celular dele que uma moça ligou o dela. Eu e todos olhamos para a senhorita. Dessa vez não era um Reggae Maranhão, a garota gostava mesmo era de Djavú: “quero você, te possuir, quero você todinha pra mim...o que pensa que eu sou...”. Devo informa-vos, leitores de meu querido blog, que não gosto de Djavú. Sei parte da letra porque essa música parece uma praga, ao passo que se internaliza por si só. Além do mais, criei uma certa antipatia com o próprio nome do grupo: é que até onde eu sei, oxítonas terminadas em “u” não são acentuadas”. “Pau que nasce torto, nunca se indireita”. E mais: é que a cidadã que estava escutando a tal banda de forró deve gostar muito de “Pitú” (risos).

Dei uma crise de risos e, quando percebi, havia um monte de gente dando gargalhadas da situação, mas – mesmo assim – a jovem não se “tocava”. Como nada está tão ruim que não possa piorar, o rapaz, que já havia desligado o celular dele, resolveu religá-lo (não bastasse um, agora são dois). Virou, assim, uma guerra de som de celular dentro do metrô: de um lado, Reggae Maranhão; do outro, Djavú. A crise de risos piorou, não passava. Pessoas reclamando, outras balançando a cabeça negativamente, outras gesticulando e... o som alto, muito alto, estridente...aguniante, ouviam-se aqueles barulhos de teclados, típicos das duas músicas. Enfim, chegamos à estação terminal Ceilândia, e um leve sentimento de que essas coisas só acontecem no metrô que vai pra lá.

Não sei o que faz os cidadãos acharem que sou obrigado a escutar a música que eles estão ouvindo. Não que eu tenha algo contra o Reggae do Maranhão ou contra a banda Djavú, afinal de contas eu os detesto mesmo. Mas mesmo que gostasse, ainda assim, eu não era obrigado a escutar tais músicas, ao passo que isso se torna uma afronta a todos que estão dentro do transporte. Sem preconceitos: nasci, cresci e moro na Ceilândia, adoro-a. São apenas algumas pessoas que moram lá que não se utilizam dos bons modos e da educação.

Em pensar que uma das promessas de campanha de Joaquim Roriz é ampliar o metrô para Águas Lindas, dá até arrepios. O que será que vamos escutar?
Nada está tão ruim que não possa piorar...

5 de mar. de 2010

Roriz, o pai de todos

Bom! Sem muita inspiração para escrever, diante dos absurdos politicos que vem acontecendo aqui na Capital, resolvi postar, então, um artigo publicado pelo colunista de a "Carta Capital", Leandro Fortes. Considero-o hoje um dos jornalistas com maior conhecimento de causa para falar dos fatos ocorridos aqui e no Brasil.

Roriz, o pai de todos

04/03/2010 20:22:48 Leandro Fortes

Graças a Joaquim Roriz, candidato ao governo do Distrito Federal pelo PSC, à rotina de escândalos políticos de Brasília, simbolizada pela prisão do governador José Roberto Arruda (ex-DEM), agregou-se o deboche. Desde o dia 23 de fevereiro, Roriz aparece em rápidas inserções do programa eleitoral do PSC, do qual é presidente de honra, para se demonstrar uma inusitada indignação com o esquema de corrupção montado por Arruda e aliados no DF. As falas, visivelmente editadas, tentam compensar a incapacidade de articulação narrativa de Roriz, mas o elemento ofensivo do discurso não está na forma, mas no conteúdo. Roriz, pai de todos os escândalos do DF, nos últimos 20 anos, se diz indignado com o que vê. E não se trata de uma piada.

“É tão vergonhoso, é tão escandaloso e eu fico numa indignação, eu fico numa vergonha meu Deus do céu, como pode chegar nisso aí?”, pergunta Roriz, aos céus. “Mas, por outro lado, eu vejo firmeza na Justiça. A Justiça vai punir, a Justiça vai fazer como ela está fazendo. Então eu fico, por um lado eu fico com profunda decepção, e, por outro, cheio de esperança que a Justiça cumpra seu dever”, ensina o probo ex-senador do PMDB que, ocasionalmente, renunciou para não ser cassado por corrupção

Joaquim Roriz, goiano de Luziânia, governou o Distrito Federal por quatro vezes, a partir de 1988, indicado bionicamente pelo então presidente José Sarney. Desde então, dedicou-se à construção física de currais eleitorais em forma de imensos e miseráveis assentamentos em torno da capital federal, aos quais se vinculou por meio de distribuição de lotes e por um discurso político populista e messiânico, deliberadamente repleto de erros de português e de citações religiosas. Ocorre que, em nome de Deus, Roriz já fez o diabo.


Contra o ex-governador há o registro de seis notícias crimes e cinco inquéritos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Trata-se de um rol que inclui desde racismo (chamou um eleitor de “crioulo petista, durante um comício) a improbidade administrativa, falsidade ideológica e crimes contra a fé pública. Mas, enquanto permaneceu no mundinho quadrado do Distrito Federal, Roriz sempre conseguiu se safar, de um jeito ou de outro, ora debruçado sobre genuflexórios das igrejas locais, ora derramado em lágrimas entre cabos eleitorais mantidos nas monumentais favelas que ajudou a criar em torno de Brasília.


Em 2006, Joaquim Roriz, então no PMDB, decidiu se candidatar ao Senado Federal. Embora tivesse uma vice candidata a sua sucessão, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), a quem já chamou de “vadia” em um comício, em 1994, Roriz apoiou o candidato do PFL, hoje DEM, José Roberto Arruda. Foi dessa simbiose, iniciada anos antes, quando Arruda foi secretário de Obras de Roriz, que nasceu o escândalo apelidado de “mensalão do DEM”. Qualquer outra tese sobre o tema é escapista. Não há nada de rigorosamente novo no escândalo de corrupção do DF que não tenha se originado das práticas e das gentes dos governos Roriz. Escândalo que o ex-governador acompanhou de longe, quieto, porque, ao botar o nariz para fora da política local, ele só conseguiu ficar cinco meses no Senado, do qual se afastou, em julho de 2007.


As circunstâncias políticas da renúncia de Roriz são emblemáticas, sobretudo quando se ouve, hoje, o ex-governador botar tanta fé e esperança na força da Justiça. Em 2006, Roriz foi flagrado em escutas telefônicas da Polícia Civil do DF quando negociava a partilha de um cheque de 2,2 milhões de reais com o então presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), Tarcísio Franklin de Moura. A justificativa de Roriz para o flagrante adiantava o clima de deboche que viria. Segundo o ex-governador, o dinheiro era para pagar a compra de uma bezerra premiada do empresário Nenê Constantino, dono de uma empresa de transporte urbano do DF e da Gol Linhas Aéreas.


Depois da renúncia, a Polícia Civil do DF passou a trabalhar com a possibilidade de o dinheiro de Roriz ter sido oriundo de uma propina milionária por conta da mudança de destinação de um terreno que pertencia a um aliado, comprado por uma das empresas de Constantino. O suplente de Roriz e seu sucessor no Senado, Gim Argello (PTB), é apontado como intermediador do negócio.


A nova ofensiva política de Joaquim Roriz, baseada numa peça de marketing que afronta à inteligência do eleitor do DF, é uma aposta decisiva numa amnésia ainda a ser combinada, não se sabe a que preço, com a mídia local. Isso porque basta passar os olhos pelos nomes citados na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, para perceber, de imediato, a ligação visceral entre as estrelas dos vídeos de corrupção explícita que derrubaram Arruda e os governos comandados por Joaquim Roriz.

A deputada Eurides Brito (PMDB), flagrada enquanto enchia uma bolsa de couro com maços de notas de cem reais, foi secretária de Educação e, depois, líder do governo Roriz. Cargo, aliás, que viria a desempenhar, também, no governo Arruda. Em texto escrito em um blog pessoal, na semana passada, ela acusou o ex-governador de ter ordenado a ela botar a mão na dinheirama. Seria, segunda a deputada, para garantir apoio a José Roberto Arruda, nas eleições de 2006. “Foi um dinheiro que o Roriz mandou eu receber”, afirma Eurides.

O deputado Júnior Brunelli, do PSC, era o parlamentar que organizava o apoio a Roriz entre as lideranças evangélicas do DF. Entre 2005 e 2006, foi presidente da Comissão de Constituição de Justiça da Câmara Legislativa, cargo-chave para as operações de Roriz no governo, sobretudo no que diz respeito a pareceres para liberação de créditos suplementares para empresas, segundo a Operação Caixa de Pandora, vinculadas ao esquema de corrupção do DEM. Brunelli, que renunciou ao mandato para não ser cassado, ficou famoso por comandar a famosa “oração da propina”, proferida em honra ao corruptor Durval Barbosa.

O deputado Leonardo Prudente (ex-DEM), ex-presidente da Câmara Legislativa, mais conhecido pela alcunha de “deputado da meia”, também presidiu a Comissão de Economia, Orçamento e Finanças da Casa, durante o governo Roriz. Também graças a ele, os créditos suplementares da Codeplan eram resolvidos em menos de 72 horas. Prudente também renunciou para não ser cassado.

Welligton Moraes, dito jornalista, coordenava o milionário setor de publicidade de Joaquim Roriz, mesma função que passou a ocupar no governo Arruda, cedido a título de gentileza de um aliado para outro Por ora, Moraes está no presídio da Papuda, em Brasília, acusado de coordenar uma ação para subornar uma das testemunhas do esquema de corrupção do DF.


A simples perspectiva de que Joaquim Roriz possa ser eleito, novamente, governador do Distrito federal, deve ser encarada como sintoma de uma grave doença de caráter do eleitor do DF. Um fenômeno a ser discutido como questão prioritária de educação e de formação cultural, essa sim, a ser cuidadosamente pensada como intervenção federal. A posição de Roriz nas pesquisas revela, até aqui, uma inclinação corrupta dos eleitores do DF, inclusive da abastada classe média de Brasília (que nada tem a ver com a dura realidade das cidades-satélites).


Um pêndulo que oscila entre a ignorância e a má fé, sustentado por uma sinistra certeza de que, por aqui, ladrão não é quem rouba, mas só quem é pego roubando.

22 de jan. de 2010

O Meu Consolo

Ontem, dia 22/1/2010, alguns estudantes jogaram esterco na entrada da Câmara Legislativa do DF. Manifestação com poucas pessoas, entretanto permeada de significação: sujeira para um lugar imundo.

Posso apostar que 99% dos que protestavam e que protestam não votaram no atual governador, que foi eleito em primeiro turno. Quem deveria estar lá, exigindo ética, lealdade e cumprimento da lei é justamente aqueles que o elegeu. Quem votou no Arruda - tenho certeza - votou também no Prudêncio, no Brunelli, na Eurides Brito, no Pedro do... no Roney Nemer, no Benedito. A população do Distrito Federal hoje está em cerca de 2 milhões de pessoas. A pergunta que não quer calar: cadê as mais de um milhão de pessoas que votou na cambada acima e que não cumpre com o papel de cidadão?

Já sei! Os poucos que apareceram fizeram justamente o papel contrário, apoiaram o governador. Tudo isso para garantir a si mesmo (assim como fazem os seus representes) alguma vantagem pessoal. No caso daqueles desavergonhados, que foram apoiar os corruptos, era uma questão de “emprego”. Apoiar quem coloca dinheiro nas meias, nas cuecas, nas malas é subverter o papel da democracia, que submete “coletividade”. Olha-se para o próprio umbigo, todos, eleitores e representantes, num jogo sujo arraigado de esterco, fétido, imundo.

A coisa é grave, o Governo Federal já deveria ter feito uma intervenção aqui, no DF. Sim, intervenção sim, porque, além dos três poderes estarem conchavados, o braço da corrupção alcançou o Ministério Público. São raros os casos em que representantes do MP estejam metidos em jogatinas. Creio que “nunca na história desse país” um Procurador-Geral de Justiça estivesse em situação tão suspeita. Fico imaginando: de que forma é o encontro em que um Governador, deputados, juízes e um Procurador-Geral de Justiça combinam o desvio de verbas, o percentual a ser recebido. Quem, em sã consciência, tem a coragem de corromper um procurador – servidor com uma parcela altíssima de poder. O pior: todos os que cometem o crime de colarinho branco não são presos e muito menos devolvem o dinheiro ao erário. Para estes, a única pena é ser algemado e ter a sua imagem maculada perante os cidadãos, mas um Ministro do STJ “sugeriu” que a Polícia Federal fosse aos gabinetes de terno e que não algemasse ninguém. O jogo é sujo.

Consolo-me, na atual situação, não ter votado em nenhum dos corruptos citados, isso me alivia e, de alguma forma, tira o peso da culpa de cima de minhas costas. Alivio-me, e agora sei que estava certo, em ter votado no Senador certo (eleito e contínuo no mandato), nos presidenciáveis certos (não eleita, mas certa), na candidata ao governo do DF certa (não eleita), nos deputados federais e distritais certos. Teria remorso, vergonha, nojo se tivesse votado no “Pedro do Ovo”.

Para este ano, ano de política, tem mais. Vem aí, um homem do povo, que surgiu da gente, que se mistura com a gente, que representa a maioria da população: o mega-empresário Paulo Octávio. Votem nele de novo.

Flávio Rossi

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Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire