Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







19 de jun. de 2013

MANIFESTAR-SE PARA QUÊ?

Tenho escutado várias tipos  de desculpas de muitos para não se mobilizarem. Pessoas com pouca consciência política se misturam com cidadãos mais esclarecidos, porém menos engajados, e estes dois grupos (unidos) se utilizam dos mesmos argumentos para não lutarem. Em muitas das conversas e debates que tive com esses cidadãos, a retórica utilizada por eles partiam de duas perguntas centrais: “para que protestar” e “por que não fizeram esta manifestação antes de construírem os estádios”.  


Para a primeira pergunta há várias respostas. Argumentar que “o protesto não vai dar em nada” é por demais pessimista. Protestar para mudar justamente o estado de coisas que há tempos está implantado neste país. Não se pode querer uma sociedade melhor sem em ir à luta. Para que tenhamos saúde, educação e segurança no “Padrão FIFA”, faz-se necessário ir às ruas, levantar a bandeira: nada vem de graça. Somos uma democracia hoje, com liberdade de impressa, de expressão, liberdade de se reunir, graças a uns jovens – que num passado bem recente - se sacrificaram em prol de uma causa, mesmo à custa do próprio sangue, da própria vida. Esta história todos nós já conhecemos.


Protestar para exigir que não se aumente os vinte centavos na passagem. Isso mesmo! Talvez vinte centavos não façam falta a você, caro leitor, mas para o trabalhador, que ganha um mísero salário mínimo, faz muita diferença, no final do mês. Além do mais, multiplique vinte centavos por dois (ida e volta) e depois multiplique por milhões de usuários dos ônibus. Agora, tente perceber que os milhões arrecadados com o famigerado aumento não vai se transformar em benefício algum para o usuário. Entende a indignação? Protestar contra corruptos que sugam, surrupiam e desviam o dinheiro do estado. “Mas esta mudança tem de vir nas urnas!” Claro que sim, meu caro leitor, mas como bem disse o grande amigo e mestre Marcos Pacco, “nas urnas o que manda é poder econômico”.


“Por que não fizeram estes protestos antes dos estádios serem construídos?” O fato de o Brasil ter sido escolhido como Sede da Copa do Mundo de 2014 foi comemorado quase que por todos os brasileiros. Junto com os estádios de primeiro mundo viriam também a infraestrutura de um país de primeiro mundo. A promessa de melhores serviços públicos, de melhores estradas, de transporte público de qualidade, de hospitais condizentes com a carga tributária que pagamos, assim como um sistema educacional que abarcasse não só todos os brasileiros, mas que viesse arraigado também de qualidade, foi posto no nosso imaginário. Ratificamos o evento. Talvez esta fosse a única chance de vermos um país melhor, mais justo, mais solidário, mais sério. Todos nós sabíamos que a Copa não sairia barata aos nossos bolsos, sabíamos que os estádios iriam custar caro, mas tínhamos - mesmo assim - a esperança de um país melhor. Vieram os estádios, alguns passaram a custar o dobro do que foi falado pelos nossos administradores. Um caso bem emblemático é o estádio aqui de Brasília, que inicialmente custaria 700 milhões e terminou na cifra do 1,5 bilhão.


A indignação só veio agora porque - com toda dinheirama derramada no estádio - não vieram as obras de infraestrutura, obras que iriam favorecer a todos. Só agora se pôde perceber que, mais uma vez, fomos enganados. Não creio que haja tempo certo para se manifestar, creio que haja motivos. O estopim foi o aumento da passagem de ônibus, mas os motivos, como já explicado, são vários, que vieram se acumulando ao longo do tempo e que só agora explodiu de vez. Foi a “gota d’água” para mostrarmos ao mundo que não somos apenas o país do futebol, samba e carnaval.



Sempre acreditei que algo teria de mudar. Sempre acreditei que esta hora ia chegar, fosse por meio de revolução civil, fosse por meio de outra ditadura militar. Ainda bem que está vindo por meio da sociedade civil, não só por estudantes, mas por todos. O gigante acordou. Faça a sua parte, então.  Manifeste-se, pois a causa também é tua. A luta é nossa! 

Flávio Rossi

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Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire