Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







31 de ago. de 2011

A Herança Maldita.

Vez ou outra, pego-me pensando num passado bem remoto, quando os europeus ainda não haviam passado por estas terras. Em sonhos, viajo pela possibilidade de navegadores samurais terem passado por aqui antes mesmo dos portugueses. A quimera se prolonga e, em verdadeiros devaneios, penso numa sociedade brasileira erguida sobre o espírito e a honra de um guerreiro samurai. Viagem!


Acordo, abro os jornais, ligo a televisão e são sempre as mesmas caras, os mesmos rostos, os mesmos discursos, as mesmas falcatruas. Por um instante, sinto que sou um verdadeiro idiota nas mãos dos surripiadores feitores das leis desta nação. E o que mais me incomoda é o fato de que as mesmas caras, os mesmos rostos as mesmas palavras estejam em evidência ano a ano.


E aqui que me vem à cabeça a tal herança maldita, que ainda hoje está arraigada, trazida (e fincada) pelos homens “probos” que para esta terra vieram. Dos mais variados tipos, eram bandidos, prostitutas, assassinos, ladrões que culminaram em coronéis, concentradores de terras, muito bem distribuídas em capitanias e que até hoje em dia é hereditária. E são muitos desses coronéis, muito bem identificados pelo tradicional nome da família, que comandam as casas de leis deste país. São os mesmos gatunos de há 500 anos. São os mesmos larápios que há 500 anos faz do Brasil o curral de suas fazendas. São os mesmos, basta olhar os nomes e sobrenomes. Hoje eles usam terno e gravata...e o colarinho é branco. Uma herança maldita que herdamos.


Não faz muito tempo, li notícias sobre o Japão. Uma parte daquele país foi arruinada por um maremoto, seguido de um desastre nuclear. O país pediu ajuda internacional. Fez a contagem de quantas famílias precisariam de dinheiro, afim de que a ajuda humanitária repassasse os valores. Pois bem! Eis que o Governo japonês fez a contagem errada de modo que sobrou cerca de R$ 100.000.000,00 (Cem milhões de reais). Aquele governo, então, devolveu o montante que sobrou para a organização que o ajudou. A pergunta que não quer calar: Se fosse no Brasil, os políticos daqui devolveriam o montante?


Por vezes, deparamo-nos com noticias de suicídios de políticos japoneses que, de algum modo, prejudicaram seu povo. O suicídio tem suas raízes na honra que os samurais traziam consigo. Não quero aqui, de forma alguma, instigar o suicídio de outrem, isso é crime e quem o pratica estará sujeito ao tribunal do júri. Não é isso. Falo aqui de hombridade, de honra. O suicídio por lá é uma forma de recuperar a dignidade. Quem não se lembra da história dos Kamikazes? A herança japonesa é pautada na ética, na moral, na nobreza de caráter, na dignidade. Cultura hereditária totalmente paradoxal da nossa. É este antagonismo que inevitavelmente faz-me elaborar uma terceira indagação: se tivéssemos herdados uma herança samurai, teríamos políticos mais íntegros ou teríamos todos os anos uma hecatombe de corruptos? Caso acontecesse uma hecatombe, diria que "há males que vêm para o bem".

Flávio Rossi

Minha foto
Ceilândia, DF, Brazil
Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire