A evolução não dá saltos. Evoluímos
pouco a pouco, num compasso brando, mas essencial. A história da humanidade é
essa, continuamos a evoluir a cada dia. O que se espera dessa evolução é que
ela se oriente sempre no sentido de nos tornemos mais inteligíveis e que
possamos, com isso, compreender melhor os sentidos da vida. A vida, em
absoluto, é o bem mais precioso que temos. Ela deve está acima de tudo e ela
deve ser respeita acima de qualquer coisa.
Os esportes contemporâneos são a
evolução de jogos antigos baseados, principalmente, na morte do adversário. Os nossos antepassados deliravam nas arenas,
nos ringues e coliseus com lutadores empunhando espadas afiadas, correntes e
qualquer outro tipo de instrumento que servisse para matar ou mutilar o outro. Evoluímos
e, felizmente, não assistimos (ou pelo menos não éramos para assistir) a essas
barbáries. Acontece que o que se via dentro de quatro linhas entre jogadores ou
lutadores rivais, agora se vê fora delas. E os atores dessas cenas são,
justamente, aqueles que deveriam se autoproteger e, sobretudo, se
autorrespeitar.
Infelizmente, ainda somos
obrigados a ver, ler ou ouvir notícias que, de tão grosseiras, chegam a dar
náuseas. E, aos mais sábios, fica sempre aquele pensamento de que, por algum momento,
não estamos no Século XXI. Pelo contrário, parece estarmos em plena idade média
e isso fica mais evidente quando o assunto é futebol. Por mais que se diga o
contrário, é fato que uma torcida que vai a um estádio, munida de artefatos
mortais, não está preocupada com o esporte, mas em fazer maldades. E são essas
maldades que somos obrigados a conviver rotineiramente.
Como já havia falado, a vida está
acima de qualquer coisa, ainda mais de um clube de futebol. O Corinthians, o
Flamengo, O Vasco, o Palmeiras, O Santos, Fluminense, São Paulo e qualquer
outro time grande não estão acima da vida de um ser humano. E a punição para
qualquer time, que financia torcida organizada, ainda mais aquelas sabidamente violentas,
deve ser a altura. Aqui, não se discute se o crime foi com intenção ou não de matar, isso fica a cargo das autoridades. Falo do esporte, do futebol.
Pela sua própria grandeza, o
Corinthians deveria se autorretirar do torneio, em um gesto de solidariedade para
a família do garoto boliviano. Isso demonstraria, também, que o clube está
preocupado com o ser humano e que não compartilha de certas práticas adotada
por sua torcida, práticas essas que vão do vandalismo ao assassinato. Em vez disso, está tentando - de todas as
maneiras - reverter a punição dada pela entidade que comanda o futebol Sul Americano,
argumentando que ela foi demasiadamente radical.
O que se sabe é que nada é mais
radical que a morte de um jovem dentro de um estádio de futebol. O que estamos
vivendo parece ser uma regressão, que anda a passos largos, ao contrário da
evolução. É a era da mais pura barbárie, no país do futebol e sede da próxima
Copa do Mundo.