Não que eu tenha raiva do metrô, afinal de contas, uso esse meio de transporte todos os dias. Ele me é muito útil, tira-me dos congestionamentos contínuos que toma conta da cidade. O que me inclina a escrever este texto são os modos das pessoas que o frenquentam, aliás, os maus-modos.
Peguei o metrô ontem exatamente às 19h45, pontual como o metrô em Londres, estação 102, sentido Ceilândia. Tive a sorte de sentar-me em uma cadeira logo na estação Feira. Relaxei, estava exausto, a inércia dentro do veículo cansa-nos, ainda mais depois um longo dia de trabalho. Percebi que havia um rapaz sentado no chão, não naquele local onde todos sentam, mas no corredor mesmo. Chegando na próxima estação (Guará), a senhorita que estava ao meu lado levantou-se e de prontidão o rapaz que estava no chão levantou-se e sentou-se ao meu lado. Até aí nada mau.
Dentre vários problemas do metrô, vou tentar citar alguns, eles são infinitos: falta de cortesia e cavalheirismo, falta de cidadania (há quem ainda hoje finja estar dormindo para não ceder um lugar reservado a quem o pertence de direito, mas também há aqueles são verdadeiros caras-de-pau mesmo); há os que debatem assuntos em voz altíssima, ainda mais aqueles que geram animosidades, debates acalorados acerca da política local, por exemplo; há os que, para se sentar, parecem cavalos; e há os que fazem guerra de som de celular dentro do metrô. É disso que falarei.
O rapaz que se sentou ao meu lado resolveu, então, tirar o fone do ouvido e colocar a música que estava tocando em celular para que todos ouvissem. Era um reggae típico do Maranhão - auto, muito alto, estridente soando em meu ouvido. Olhei para o rapaz para ver se ele se tocava, mas nada adiantou. E o reggae tocando...alto, muito alto, estridente. Com a voz em meio tom, falei: “caramba, puta que pariu, eita poxa!”. Ele olhou pra mim e... som alto, muito alto, estridente. Isso sem falar que exalava do nariz dele um cheiro desagradável de etílico, ao passo que eu não tinha condições nem de olhar para o rapaz. Eu reclamando em voz baixa, as pessoas balançando a cabeça, uma verdadeira agonia depois de um dia cansativo. Diante da recusa em desligar o som ou de colocar o fonte de ouvido, levantei-me em sinal de protesto. O rapaz me olhou constrangido e desligou o trambolho. Pensei: “deu certo, não sou obrigado”.
Pois bem! Foi o rapaz desligar o celular dele que uma moça ligou o dela. Eu e todos olhamos para a senhorita. Dessa vez não era um Reggae Maranhão, a garota gostava mesmo era de Djavú: “quero você, te possuir, quero você todinha pra mim...o que pensa que eu sou...”. Devo informa-vos, leitores de meu querido blog, que não gosto de Djavú. Sei parte da letra porque essa música parece uma praga, ao passo que se internaliza por si só. Além do mais, criei uma certa antipatia com o próprio nome do grupo: é que até onde eu sei, oxítonas terminadas em “u” não são acentuadas”. “Pau que nasce torto, nunca se indireita”. E mais: é que a cidadã que estava escutando a tal banda de forró deve gostar muito de “Pitú” (risos).
Dei uma crise de risos e, quando percebi, havia um monte de gente dando gargalhadas da situação, mas – mesmo assim – a jovem não se “tocava”. Como nada está tão ruim que não possa piorar, o rapaz, que já havia desligado o celular dele, resolveu religá-lo (não bastasse um, agora são dois). Virou, assim, uma guerra de som de celular dentro do metrô: de um lado, Reggae Maranhão; do outro, Djavú. A crise de risos piorou, não passava. Pessoas reclamando, outras balançando a cabeça negativamente, outras gesticulando e... o som alto, muito alto, estridente...aguniante, ouviam-se aqueles barulhos de teclados, típicos das duas músicas. Enfim, chegamos à estação terminal Ceilândia, e um leve sentimento de que essas coisas só acontecem no metrô que vai pra lá.
Não sei o que faz os cidadãos acharem que sou obrigado a escutar a música que eles estão ouvindo. Não que eu tenha algo contra o Reggae do Maranhão ou contra a banda Djavú, afinal de contas eu os detesto mesmo. Mas mesmo que gostasse, ainda assim, eu não era obrigado a escutar tais músicas, ao passo que isso se torna uma afronta a todos que estão dentro do transporte. Sem preconceitos: nasci, cresci e moro na Ceilândia, adoro-a. São apenas algumas pessoas que moram lá que não se utilizam dos bons modos e da educação.
Em pensar que uma das promessas de campanha de Joaquim Roriz é ampliar o metrô para Águas Lindas, dá até arrepios. O que será que vamos escutar?
Nada está tão ruim que não possa piorar...
2 comentários:
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Levanta a mão quem nunca passou por essa situação!? Sinhora d'Abadiiiiiaaaaaa... Haja paciência! (o.O")
Não me agonio para pensar quais sejam os novos "hits", mesmo porque não conheço da tendência e evolução do brega. Nem Música eu curso na Univ. Eu tenho apenas conhecimentos superficiais sobre o estilo, então concluo, de duas uma: Ou nós somos inteligentes o bastante, isso devido a nossa bagagem cultural adquirida, e evitamos esse repertório "altamente pobre", ou nos tornamos mesquinhos ao ponto de não desfrutar desse sentimento mas puro e contagiante que existe, ou seja, a felicidade. Mesmo que seja a qualquer custo... Eu não ouso responder.
Abraço Flávio \o/
A falta de respeito com o próxima está reinando
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