Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







30 de ago. de 2010

A Paixão...

Às vezes me pego pensando em alguém e questiono a mim mesmo, no silêncio da minha alma, se estou apaixonado. Depois de muita reflexão, questiono também o que vem a ser a paixão. É sublime? É uma doença? É algo um pouco abaixo do amor? É uma cegueira branca, como escrevera o saudoso José Saramago? É tudo isso.



Bom! Muita gente irá questionar o fato de eu falar sobre tal assunto. Certamente essas pessoas não me acharão a mais adequada para tratar dele; falarão, por exemplo, que não tenho sentimentos, que meu coração é de pedra, que não consigo gostar de ninguém. Porém, mesmo assim, na minha teimosia que carrego, tentarei descrever, pois, como quase todo homem, já fui apaixonado e, portanto, me sinto apto a falar do assunto, apesar de preferir a política.

O que sei é que ora a paixão é sentimento nobre, ora é uma doença mesmo, que cega, que tapa os ouvidos, que passa por cima da lucidez, que age pela emoção deixando a razão de lado. Percebem que falei mais da parte ruim da paixão do que da boa? Isso significa que ela pode não fazer muito bem ao ser humano (risos).


Aurélio Buarque, Pai dos inteligentes, descreve paixão como “sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade”. O problema é que, logo após essa definição, ele continua dizendo: “sobrepondo-se à lucidez e à razão”. Quem nunca passou por cima da própria lucidez por causa de loucuras da paixão? Eu já fiz. E faço, e farei quantas vezes for necessário para ter a outra pessoa, alvo de minha paixão, ao meu lado, mesmo agindo fora do meu estado normal. Ele, Aurélio, continua dando várias outras definições para o verbete em questão. Numa outra, ele diz que paixão também é “desgosto, mágoa e sofrimento”.


Paixão é paixão quando, na alegria, a pessoa pensa na outra 24h por dia; mas é mais paixão ainda quando no sofrimento ela pensa 48, 64h. Paixão é paixão quando o namoro termina, mas não conseguimos ver a(o) ex com outro(a), sentimos um forte ciúmes que nos cerca e nos definha, e corrói-nos por dentro de pouquinho em pouquinho, como ácido nos tecidos, internalizado martelando a cabeça sem trégua e o ego cai ferido- como um combatente em final de batalha. Paixão é paixão quando acordamos pensando em alguém e dormimos pensando no mesmo alguém e aí percebemos que passamos o tempo todo pensando na mesma pessoa, que nos tira a concentração, que nos entope de alegria, mas também nos afoga na tristeza, na magoa e na melancolia.

A paixão faz você escrever cartas (isso já não existe mais, então substituirei), faz você mandar torpedos enlouquecedores para o celular, depoimentos no orkut com músicas do Djavan, tipo “o que há dentro do meu coração, eu tenho guardado pra te dar”. É escrever alguns poemas só pra tocar o coração. Paixão é fazer serenata, é chamar aquele carro de som super-brega e soltar foguetes. É mandar flores ao outro. Mas Paixão é fazer suicidar-se, porque o outro já não é ele mesmo e dois é só uma carne, num entrelace, emaranhado de sentimentos.


Paixão é o que eu sinto por ti. E o que sentem por você. É o que, por exemplo, meu amigo Dudu sente pela amiga Cintia. Casar-se-ão num futuro breve, "numa noite de luar ou na manhã de um domingo à beira-mar, na igreja e no papel, vestido branco com bouquet e lua de mel", terão sua casa, terão seus filhos, formarão uma bela família. E eu, mero expectador, terei a honra de ser o padrinho e entrar também para família.



Paixão é alegria, é sofrimento. Paixão não é amor, não é sexo, é paixão. Paixão é o que importa, paixão é o que interessa. Apaixone-se, mas se tua paixão não é correspondida, tente substituí-la pela amizade. Se der certo, parabéns! Para mim isso não basta, não me contento com tão pouco. Contento-me com todo o seu céu...

Um comentário:

Eduardo disse...

O interessante neste texto (Paixão), além da homenagem a minha pessoa e à da Cíntia, é que, no que diz respeito ao tema do texto, podemos afirmar categoricamente o seguinte: "Só sei que nada sei". Paixão é uma "faca de dois gumes". Uma pessoa apaixonada não tem a exata noção de seus limites, não imagina que um coração apaixonado é capaz de transformar o ser-humano detentor do mesmo numa outra pessoa: Seja mais experiente com desilusões amorosas e, assim, mais "veaco" não cometendo erros futuros; seja menos humano e mais irracional, construindo, com isso, um verdadeiro "coração de pedra" capaz de levar uma pessoa às mais terríveis aberrações e insanidades, incluvise atentando contra a própria vida. O texto foi muito oportuno, uma vez que trata de um assunto tão penumbre e complexo, e tenho certeza que servirá de exemplo a muitas pessoas que se encontram nesse tipo de situação, para as devidas reflexões e decisões da melhor forma de superar algum tipo de adversidade.

Agradeço, ao meu nobre amigo Flávio, primeiramente pela amizade; por conseguinte, pela homenagem; e, por último, pela excelente dissertação sobre esse dispendioso tema.

Sem mais,

Eduardo Fagner
AMIGO E COMPADRE

Flávio Rossi

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Ceilândia, DF, Brazil
Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire