Sobre a Molecada da Vila...
No meu modo de ver, há três formas de se corromper o homem. Primeira, é via dinheiro; a segunda, via poder e a terceira é a junção do dinheiro e do poder. Mas, o que é me claro é o fato de que no Brasil só ter dinheiro não representa ter poder necessariamente. Ter poder é algo bem mais complexo, vem do sangue. Explico isso mais tarde.
Quer conhecer o homem? Simples, dê dinheiro a ele. A partir do momento em que a pessoa tem dinheiro, ela passa a humilhar. Não julgo em linhas gerais, mas 90% das pessoas são assim. Até mesmo o que eram pobres mudam suas atitudes quando estão mais avantajados: o oprimido vira opressor. Um caso desses foi-nos mostrado recentemente pela “molecada da vila”, o timo do Santos.
Com a palavra, o moleque goleiro do Santos: “Aí fera… O que eu gasto com o meu cachorro de ração é o teu salário por mês. Então não f…”. Bom seria, se todo jogador de futebol recebesse aula sobre a desigualdade social que reina aqui no Brasil. Já que eles não conseguem aprender com a própria vida (a maioria é de classe pobre), que os clubes então dessem aulas sobre o assunto. Dessa forma, o amante do esporte e a sociedade em si seriam poupados de tantas asneiras. Uma pergunta: quantas pessoas estão deixando de comer neste exato momento enquanto o vasilhame do cachorro do jogador está abarrotado de comida? Aqui, um exemplo claro de que basta dinheiro para o oprimido virar opressor.
Contudo, o que a molecada da vila não sabe ainda é que no fundo no fundo eles são pobres. Pobres de espírito, de compaixão e, sobretudo, pobres de poder. De espírito, porque em uma outra situação, os moleques da vila resolveram protagonizar uma das cenas de maior preconceito religioso dentro do esporte: em um lar, que professa o espiritismo, estavam várias crianças carentes esperando os seus “ídolos” (os moleques da vila) irem entregar os tão esperado presentes. Aconteceu que vários jogadores não quiseram descer do ônibus porque o lar era espírita. Preconceito religioso arraigado na pele de quem quase nunca pegou em um livro para ler. E o time é do “Santos”, sem compaixão.
Pobres de poder porque no Brasil não basta só ter dinheiro para ter poder, faz-se necessário ter isso na veia, de família. Não adianta o pobre ganhar na mega-sena, pois ele será rico de dinheiro e pobre na raiz, no próprio sangue. Com jogador de futebol é o mesmo dilema. Se jogador de futebol, rico, tivesse poder, o Bruno (ex-goleiro do Flamengo), não estaria na cadeia. Se assim fosse, o Adriano não teria saído correndo do Brasil para não parar no xilindró. Pobre é pobre, mesmo depois de rico. Estigma.
Aqui, no Brasil, não basta só ganhar dinheiro e ter fama. Não basta colocar um cordão de ouro no pescoço, andar com carros importados e com a mulherada. Isso tudo não representa poder, todavia somente ostentação. Os que têm poder aqui, já o possuem desde o nascedouro. Estigma.
Não tente humilhar, caro jogador. Você é tão pobre, mas tão pobre, que a única coisa que você tem é dinheiro - como já dizia Madre Tereza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário