O papo ficou mais interessante, quando eu a perguntei como estava indo namoro dela. A resposta, intrigante, foi a seguinte: “está indo bem, mas tenho medo por causa das diferenças entre nossas religiões. Por exemplo, se um dia a gente ter filhos, como será a criação deles?”.
Não vejo problemas em ficar, namorar, casar-me com uma pessoa que tenha um tipo de crença diferente do meu. Muito pelo contrário, na utopia que tenho, devido minha formação, acho até melhor.
Fui casado durante 10 anos da minha vida. Minha ‘ex-posa’ é católica apostólica romana. Eu nasci e cresci dentro da filosofia budista. Tivemos uma filha cuja égide são as duas religiões. Sem brigas, nem discursão. Não há embaraços, creio que assim, quando ela tiver mais discernimento para escolher o que é melhor, ela assim faça. Como pai, acredito que devo dar um norte, ensiná-la o que é certo e o que é errado, afim de que no futuro bem próximo ela seja uma pessoa de valor para a sociedade, independente da religião profetizada por ela. Isso é uma escolha pessoal.
Nós não somos iguais, as culturas são diferentes e é justamente isso que devemos aprender a respeitar. É muito fácil eu ter respeito pelo meus pares, aqueles os quais me identifico melhor, que freqüentam os mesmos lugares que eu, que praticam as minhas mesmas atividades, que estão no meu mesmo ciclo de amizade, social, religioso, político. Respeitar essas pessoas é muito fácil. O grande desafio está em respeitar os diferentes, as diferenças e desfazermos de preconceitos.
Não ter preconceitos é ouvir as palavras sagradas de uma outra religião, respeitando-as, internalizando-as e aproveitando-as da melhor maneira possível para o seu bem estar. E mesmo que você não as internalize ou as aproveite, que as respeite acima de tudo, porque temos de respeitar o diferente e aquelas palavras são sagradas para alguém. Compaixão.
Não ter preconceitos é “fazer o bem sem olhar a quem”. Independente da crença, da cor, do sexo ou da opção sexual. Benevolência.
Não ter preconceitos é agir com prudência, afim de que não escutemos mais coisas do tipo: “macumba é má porque já começa com ma”. Pura ausência de conhecimento de causa daquele que nunca leu sobre a referida religião e que toma como verdade o que se escutou de outrem. Como uma “Maria vai com as outras”sai espalhando para todos o que acha que é a verdade do universo. Sensatez.
Não por acaso, temos ou tivemos várias guerras em nome de “Deus”, segundo aqueles a fazem. Não por acaso há embates religiosos entre ramificações de uma mesma crença.
Antes falar, aprendamos escutar. Guerras e embates religiosos não teriam acontecidos se fôssemos mais tolerantes. Escutar mais, falar menos. No entanto, sei que a coisa não é tão simples assim.
"Por fim", existem três tipos de verdade: a minha, a sua e a verdade verdadeira. Tenhamos nossas crenças e nossas diferenças, mas não sejamos indiferentes com o nosso próximo, isso evita hostilidades.
"Por fim", existem três tipos de verdade: a minha, a sua e a verdade verdadeira. Tenhamos nossas crenças e nossas diferenças, mas não sejamos indiferentes com o nosso próximo, isso evita hostilidades.