Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







26 de out. de 2009

O impotente!

Quase sempre é ruim fazer as coisas com a cabeça “quente”. Nessas horas, para quem redige, a pessoa acaba escrevendo o que não deveria, e corre o risco de magoar muita gente ou de se fundar em opiniões impróprias. Por outro lado, escrever nesse estado faz com que a pessoa emita a sua opinião mais verdadeira sobre, por exemplo, o que acha do mundo, das pessoas, da hipocrisia.

Antes de acontecer qualquer mal com a gente, nunca esperamos mesmo que isso um dia acontecerá conosco. Assistimos aos noticiários e, dispersos, não damos nem atenção aos fatos. Corriqueiros que são, caímos no mundo da mesmice e dos conformados. É assim que atos violentos – assaltos, estupros, assassinatos – se tornam, de uma certa forma, normalidades: afinal de contas, “pimenta no olho do outro é refresco”. Mas um dia acontece e é aí que a vítima cai no mundo da realidade.

No dia, 23/10/2009, fui assaltado. Esse dia, creio, nunca esquecerei. Fui abordado por dois rapazes, que me renderam, levaram meu carro, carteira com vários documentos, celular. Mas, mesmo perdendo todos os bens, sinto-me privilegiado por não ter sido vítima de um seqüestro. Não me bateram - coisa normal -, apenas levaram meus bens. Por mais que tenha passado por este sufoco, ainda assim agradeço por não ter acontecido algo pior: “as coisas nunca estão tão ruins que não possam piorar”. Mas a sensação de impotência incomoda. No momento, é de se chegar a pensar “o que eu sou?” E a vítima acaba chegando à conclusão de que não é nada mesmo. Percebe-se que, mesmo desempenhado o papel de cidadão, pagando imposto e tributos à vontade, não há, não existe segurança alguma, entre outras coisas. A angústia toma conta de si e a sensação de vazio arruína.

E no outro dia, você acorda pensando estar sonhando: “não é possível que isso aconteceu comigo, sou mesmo um impotente!”. E as indagações, as perguntas, os esclarecimentos contínuos e insistentes fadigam.

Coisas simples da vida são obstadas: levantar, pegar seu carro e ir trabalhar; ou deixar seu carro no estacionamento e pegar o metrô, ir à academia, ligar para um companheiro, sair com amigos. Todas essas coisas, corriqueiras, e até simples na vida de qualquer um são tomadas de um valor inimaginável. Coisas simples, mas que só se percebe o quão é importante, quando a ordem é quebrada e alguém o impediu de fazer isso: a beira é mesmo da loucura.

E o que eu fiz de errado? Deixa que eu mesmo respondo: não fiz nada errado. É um direito meu parar em qualquer lugar, é um direito meu como cidadão. O que acontece é que a ordem das coisas se inverte nessa hora: o “vacilão” é o cidadão, é quem está assaltando fez apenas seu papel. Eu não posso imaginar que um direito meu possa ser cerceado e que, ainda assim, eu passe a ser o culpado da história. É esta sensação de medo que faz com que nos tranquemos em grades, condomínios - presos feito culpados. Essa sensação enjaula o cidadão de bem e deixa o marginal à deriva, com toda a liberdade do mundo. E o fato de não ter acontecido algo pior faz até levantarmos a mão para o céu e agradecer, como o se o pior ainda não tivesse acontecido. Os bandidos viram até anjo.

Não, não quero mais responder onde eu estava parado, com quem, em qual lugar. Posso parar e conversar em qualquer lugar, isso é um direito meu e de todos os cidadãos de bem, ao mesmo tempo que é dever do estado oferecer segurança e proteção. Não invertam a ordem das coisas: bandidos, marginais, ladrões, gaturnos são eles e não eu.

15 de out. de 2009

Pelo seu dia, Professor, Parabéns!

Lembro-me de quase todos os meus professores. Lembro-me da Professora Carmem, do Miguel, da Julmar, do Fernando, da Ângela, do Magela, do Léo, do Zé Maria, do Geraldo. Todos mestres nos meus ensinos fundamental e médio. Lembro-me de muitos professores, assim como me esqueci o nome de muitos. Mas o fato de eu ter esquecido o nome não significa que eles não foram importantes na minha vida, como dizem. Certamente, todos eles trouxeram algum tipo de contribuição, aprendizado que levo pelo resto da minha vida. Lembro também dos educadores do meu curso superior, a contribuição deles também foi fundamental: Grazy, Tamar, Adelaide, Upale, Djiby, Marcelo, Marcos . Concordo em dizer que os nomes citados são, geralmente, dos professores que foram mais exigentes, àquela época. Lembro-me do Mestre Marcos Pacco.


O fato é que demorei, mas aprendi a respeitar, mesmo que tardio, a todos eles – até porque me incluo no rol. Mas não só por isso: é que hoje tenho a plena consciência de que o professor/educador é o ser mais importante do mundo. Pena que a maioria da sociedade não consiga enxergar por esse lado.

Pelo clima de insegurança, pela violência, pela criminalidade, acabam incutindo na cabeça do povo que funções policiais, judiciais e de promotoria são as mais importantes no Brasil. O pior é que acabam sendo mesmo: afinal de contas, de imediato, tem de haver um policial e não um professor para colocar atrás das grades o marginal. E é justamente a marginalidade que tem sido fonte de destaque nas mídias brasileiras. Isso faz com que o delegado, o agente de polícia, o juiz, o promotor sejam os “protagonistas” da sociedade. Esquece-se, então, que - em vez de prender – é muito mais vantajoso educar para evitar que o jovem se marginalize e seja preso no futuro.

O Professor é o ser mais importante do mundo sim. Quantos professores passaram na vida de um delegado de polícia? Com certeza, vários. E quantos ensinaram o juiz de direito? E quantos lecionaram para o promotor de justiça? E quantos ensinaram um médico até o momento da formatura? Então por quê a profissão não é tão valorizada quanto as que citei? Não é valorizada porque não existe uma política pública de valorização profissional e – sobretudo – porque a educação não é prioridade da sociedade. Com isso, joga-se a responsabilidade e o futuro de um país nas mãos da polícia.

Não tenho nada contra a polícia e nem contra os poderes institucionais, são realmente profissões de risco e essenciais à democracia. Mas qual foi o país no mundo que conseguiu um bom desenvolvimento que não fosse por meio da educação? Por meio da educação, evitar-se-ia o banho de sangue que lava as cidades brasileiras num todo. Evitar-se-ia o rolo compressor que é a bandidagem, que varre os jovens, um por um, num jogo infindável. É com um bom investimento na base (por exemplo, a Coréia do Sul), nas séries iniciais, que se desenvolve o futuro cidadão, consciente de suas responsabilidades e que não se transviará por caminhos escusos e obscuros. Por trás de tudo isso, está a figura do professor, como um facilitador dos meios a serem percorridos.

Por tudo isso, falo que o professor é o ser mais importante do mundo: é por meio dele que os seres mais importantes se tornam mais importantes. Mesmo um torneiro mecânico, tornou-se torneiro mecânico por causa de um professor que o ensinou a profissão. Vez ou outra, torneiros mecânicos se tornam Presidentes da República.

Pelo seu dia, Professor, pela sua importância para o mundo, pelo que sou hoje graças a todos Vocês, Parabéns!

11 de out. de 2009

Perfeição

Meu mundo é repleto de desacertos:

Eu nunca estou completo,
Meus estudos nunca acabam,
Minhas angústias são perenes,
E elas não se comparam.

E os acertos são erros
E os erros são mais erros ainda
Eu não acerto o certo
E o erro suplica.

Mesmo eu não consigo entender
O fato de não compreender
Que os meus erros implicam acertos
E o fato dos acertos não serem perfeitos.

É que a perfeição
Assim como a paixão
Passa longe do meu ser
Assim como meu querer.

9 de out. de 2009

Entrecaminhos - à minha filha.

(uma homenagem à minha filha)

Abriu os olhos ao me perceber,
Olhou pra mim, no berço do leito,
Olhos cinzas,
No seio.


Ao lado, materna.
Retinas reluzentes,
Marinheira de primeira viagem.
Saudades!

E engatinhava - Modo diferente,
Acidentava
Chorava
Esperniava
Perguntava.

Cresceu,
Hoje é maior que a tia
A avó,
A prima.

Criança-adolescente:
perene

Adidas
All-star
Celular.

Nada a declarar, Ohana.

5 de out. de 2009

Uma reza.

Guarda teu nome,
Teutônico.
Otimista e afetuosa que és, enobreça teu círculo de amizades.
Conquiste o que quiseres,use teu charme.
Tua juventude e plenitude advêm de Tua descontração e humor.
Não as jogue fora, se for.
És plena.


Mas o teu amor de autodestrói.
Cega, embaça, embaraça
Atrapalha, corrói.

Cura-te do teu amor, portanto.
Cura-te dele.
Seja-te, no entanto.

Escreva, saia do mundo.
Esqueça-se.
Fotos, palavras, músicas...Imaginação.
Projete sua imagem.
Seja iluminada,
Para que não veja apenas o vão.

cura-te do teu amor, que te autodestrói,
e serás mais iluminada e leve.
Seja leve e serás mais feliz.
Seja feliz e serás mais você.

Guarda teu nome.
Seja otimista.
Seja plena.
Cura teu amor.

Amém!

2 de out. de 2009

Minhas besteiras

Hoje é sexta-feira, 2/10/09. Sem muita inspiração nas áreas de que gosto de falar, resolvi – então – me descontrair e escrever algo que eu já tinha uma certa curiosidade. Besteiras, mas vou tentar escrever sobre. É que há alguns nomes próprios os quais fazemos um certo esforço para falá-los. Há uns em que fazemos até uma certa careta, biquinhos. Outros faltam tirar a mandíbula do lugar, outros fazem com que a boca faça um movimento tipo para frente, para trás, para trás, para frente. Citarei alguns nomes e os respectivos movimentos. Não fiquem com ciúmes se por um acaso eu não citar o seu, mande-o via comentários que farei uma análise aprofundada do caso. Façam o teste, então. Vamos lá:

Rodrigo – biquinho pra frente, boca entreaberta pra trás, biquinho pra frente. É uma dança da boca.

Cleber – boca pra trás entreaberta, boca mais pra trás e mais aberta ainda. A pessoa fica com um jeito de babaca.

Luana – biquinho pra frente fechado, boca pra trás entreaberta, boca mais pra trás ainda e mais aberta ainda. A sensação aqui é de que a coisa começa de mansinho.

Hélio – boca pra trás bastante aberta, biquinho pra frente fechado. Na parte do “lio”, dá-se a impressão de que estamos num escorregador.

Léo – boca rumo à testa, boca rumo ao queixo. O movimento é brusco.

Ingrid – meio biquinho pra frente, meio biquinho de novo, meio biquinho outra vez. Uma coisa meio que afrancesada.

Maristela – boca bem aberta, boca meio fechada, boca um pouco mais fechada, boca morta. Perceberam? Na última sílaba, a boca já está morgada.

Flávio – boca aberta e a língua atrapalhando, biquinho rapidamente pra frente e pra trás. É uma música para os ouvidos.

Monique – biquinho pra frente, depois pra trás, depois pra frente. É uma valsa, daquelas que dançamos nos aniversários de quinze anos: entre ano, sai ano e a música é mesma.

Núbia – na primeira sílaba, o biquinho é extremamente pra frente, ao passo que a pessoa solta a boca e ela acaba terminando aberta e pra trás. A impressão que dá é a de que estamos num balanço.

Magela - pra pronunciar este nome tem de ter fôlego, a boca fica sempre aberta. Além do que lembra beringela.

Washington - é um abre e fecha danado, biquinho vai, biquinho vem. Se você inventar de falar esse nome com com a letra g - washinGUIton - é bem capaz de morrer sufocado com a própria saliva.

E pra Pra fechar:

Dorival – tudo normal até chegar na sílaba “val”. O movimento para as extremidades é tão brusco na última sílaba que a boca falta sair da cara. Cuidado ao fazer o teste, a mandíbula pode sair do lugar e isso dói. Com o nome Venceslau é a mesma coisa.

1 de out. de 2009

Formei-me, agora vou atrás de enricar!

A cada dia que passa, a responsabilidade social da educação superior se deterioriza. O negócio mesmo é consumir, vender, exportar, ganhar dinheiro mesmo que para isso a qualidade de vida do cidadão desça esgoto abaixo. Conscientizar jovens formandos e formados não tem sido mais o papel das muitas faculdades e universidades espalhadas Brasil a fora.

Outro dia, li um artigo do Professor-Senador Cristovam Buarque em que ele falava justamente do que uma amiga minha, recém-formada em nutrição, numa boa conversa em que tive com ela, dizia: “quero ganhar é dinheiro!” Não que eu seja contra o “ganhar dinheiro”, todos têm de encontrar um jeito de se manter financeiramente, ainda mais em um pais totalmente consumista. Entretanto, creio que o fito de uma educação superior não seja apenas angariar dividendos para si, os cursos superiores também têm de estar voltados para o bem comum, para o social. Cristovam, naquela oportunidade, levantou uma questão intrigante sobre o assunto, dizia ele: “Nutricionistas estão preocupados em emagrecer ricos, em vez de engordar os pobres!”.

O pior que é verdade. São raros os profissionais que voltam uma parcela do seu tempo para se dedicar a uma atividade com o fim de tentar diminuir a desigualdade social e todas as chagas que advém dela. Aqui, não se fala só de nutricionistas, os problemas brasileiros são muitos. A falta de moradia é outro exemplo. Mas, mesmo assim, formam-se arquitetos para que eles projetem mansões para poucos, no lugar de elaborar projetos para se construir casas populares para muitos. Apesar de a Constituição garantir um julgamento justo e uma ampla defesa, há Estados no Brasil que ainda não oferecem o serviço de Advocacia Pública. Enquanto isso, as cadeias superlotadas estão repletas de presos que se quer tiveram direito ao um devido processo legal. E cadê a responsabilidade social do curso de direito? Não há. O que se quer mesmo é formar belos advogados, voltados para causa dos abastardos, ou se formar para conseguir ser um juiz de direito, promotor, analista de algum órgão. A culpa é do caminho em que a educação está seguindo.

Ao que parece, o Estado, ajoelhado ao capitalismo e ao consumismo exarcebado e gratuito, esquece de vez aquela história do estado bem-estar-social: questões voltadas para o bem de todos – educação, saúde, segurança, lazer, aposentadoria – parecem não ser mais prioridades dos governos. E junto com o esquecimento do Estado, que deve se voltar aos seus cidadãos, está também o esquecimento de um dos trunfos da educação: conscientização.

Fora todos os esforços que estão sendo feito a fim de que haja um ensino universal, abrangente e de qualidade, faz-se necessário também uma reformulação nos princípios pedagógicos que regem a formação do profissional com curso superior. Assim, quem sabe no futuro, tenhamos mais pessoas preocupadas também com a sociedade num todo. Como conseqüência de pessoas mais conscientizadas, haverá também uma redução na desigualdade social, o que significa – sem sombra de dúvidas - mais inclusão e mais acesso aos bens básicos. Deixemos, então, mais a teoria e partamos para prática.

Flávio Rossi

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Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire