Caros amigos, ultimamente, temos vistos vários vídeos nas redes sociais de linchamentos. Não saberia informar exatamente se essas barbáries realmente aumentaram nos dias atuais ou se os indivíduos passaram a filmar mais as cenas, devido à democratização da tecnologia: hoje, grande parte da população possui um celular com recursos que dão acesso desde a filmagem e até a postagem na internet. Contudo, o que de fato assusta é o apoio, via rede social, a esses tipos de crime.
Se por um lado a democratização da tecnologia serviu para encurtar fronteiras, ampliar horizontes e aguçar o aprendizado, por outro ela amplificou o embrutecimento da população e a descrença no poder público, devido- justamente - ao acesso à informação. A consequência disso é a volta à idade média da caça às bruxas.
Foucault escreveu uma obra que retrata muito bem a nossa sociedade: "Vigiar e Punir". Ela é o relato da evolução das penas, desde a lei de talião, até as prisões como as conhecemos. Logo no começo, o livro retrata como as pessoas eram punidas na antiga França, com uma cena em que um condenado teve as pernas e os braços amarrados a quatro cavalos que, chicoteados, faziam forças extremas em sentido contrários até que seus membros fossem amputados.
No Brasil, não tem sido diferente. Comumente, temos usado a lei de talião para saciar as nossas cede de vingança. E nesse sentido, vemos vídeos que vão do algemar o meliante pelo pescoço em um porte de luz - no meio da avenida - ao caso da dona de casa e mãe, Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, espancada até a morte, depois de ter sido confundida com uma suposta sequestradora de crianças, que as usavam para fazer ritual de magia negra. A suposta sequestradora tinha tido o seu retrato falado postado na rede social. O caso aconteceu em Guarujá, mesmo local em que um casal foi pego - mês passado - e teve o corpo todo pintado com tinta preta de spray, depois que foram acusados - pelos locais - de ter pichado uma pedra na praia daquele município.
Nos 3 casos relatados, as pessoas deveriam ser conduzidas à delegacia, para que houvesse o devido processo legal. Contudo, sem considerar quem estava certo ou errado, resolveu-se aplicar da Lei de Talião (olho por olho, dente por dente), o que nos leva a um retrocesso histórico e também ao mais alto grau de incivilidade já posta.
Espancar a pau e pedra, socos e pontapés não nos faz um país moderno no mesmo grau dos avanços tecnológicos. Pelo contrário, alerta-nos no sentido de que quem espanca tem acesso à tecnologia e, por consequência, à informação. E são justamente essas pessoas, com até um certo grau de estudo, que levanta o porrete e dá força à nossa gloriosa volta à Idade Média. Sejamos, então, todos bem-vindos ao mediavalismo. Na lei da selva, não sobrará pedra sobre pedra.
Espancar a pau e pedra, socos e pontapés não nos faz um país moderno no mesmo grau dos avanços tecnológicos. Pelo contrário, alerta-nos no sentido de que quem espanca tem acesso à tecnologia e, por consequência, à informação. E são justamente essas pessoas, com até um certo grau de estudo, que levanta o porrete e dá força à nossa gloriosa volta à Idade Média. Sejamos, então, todos bem-vindos ao mediavalismo. Na lei da selva, não sobrará pedra sobre pedra.