Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







25 de jul. de 2010

O Teimoso

Aprenderá desde criança, com o pai, que nunca deveria retroceder. Seu pai, Armínio, um religioso, truculento, por vezes usava mais a emoção que a razão, e tentava passar os ensinamentos àquela criança inocente. Até mesmo na escolha do nome do filho, Armínio não retrocedera, havia uma lista de nomes a escolher: Braga, Doriz, Prudêncio, Varney, Brunetti, Lenício. Escolheu Prudêncio, mesmo com a recusa da mãe, Rosália.


Os ensinamentos, como já dito, vinham desde menino. Outro dia, chegou da escola com um material escolar que não era dele, fato que revoltou a mãe: “- Prudêncio, amanhã, quando você chegar à escola, devolva o material que você pegou”. O pai, que insistia em interferir na educação então falava: “- Não, filho, você não vai devolver nada, não retroceda, não peça desculpas...”


Coisas simples da vida, como dar licença para outra pessoa passar, não fazia parte de Prudêncio  e  muito menos de sua educação. Uma vez, foram a um parque, desses urbanos que ficam no meio das cidades. Na pista de Cooper, quase bateu de frente com um maratonista, mas não se desviou do caminho, pensou: “- daqui eu não saio”.


Cresceu. Teve sempre uma boa educação escolar. Estudou em escola de ponta., mas era costume, por exemplo, sumi coisas de dentro de casa. Uma vez, a mãe colocou o troco de uma certa compra em cima da televisão, cerca de R$ 52,00, sumiu. A mãe perguntou: “- Prudêncio, você pegou o dinheiro que estava aqui?” O que ele responde de pronto: “- não, mãe”.


Formou-se. Conseguiu o primeiro emprego. Subiu de cargo, chegou a supervisor. Nesta posição, tinha a fama de teimoso. Mesmo que estivesse tomando a decisão errada, não voltava atrás. Batia o pé e ia em frente. Até então, suas decisões de líder trouxera, mesmo que amparado pela sorte, benefícios para empresa. Chegou à chefia . E continuou tomando suas decisões, sempre desamparada da razão. Até que um dia deu um grande prejuízo à organização e foi dispensado. Outra vez pensou: "- fiz o que achava que era certo e não volto atrás, não volto."


Desempregado, resolveu então dar outro rumo à sua vida. Decidiu partir para a política, mas antes resolveu pedir um conselho ao pai acerca do ramo escolhido: “- Vá em frente, filho. Você tem um futuro brilhante, mas lembre-se de nunca retroceder, meu teimosinho”. Candidatou-se e na base da truculência, da demagogia e da hipocrisia conseguiu o posto de deputado.


Foi então que lhe faltou, mais uma vez, a ética. Resolveu, para o bem de si, se envolver nas maracutaias, nos conchavos, nos conlulios, nas jogatinas mais baixas só para angariar preciosos dividendos. Conseguiu muito dinheiro até o dia em que estourou a operação “Pega ladrão”. Os vídeos mostravam-no desviando dinheiro público, colocando maços dentro da meia e das cuecas. Ao se questionado, pela imprensa, sobre as acusações que pesavam sobre ele, Prudêncio então respondeu magistralmente: “- Peguei sim, coloquei dinheiro dentro das minhas vestimentas porque não uso malas ou bolsas”.

A teimosia do pai fez do filho um biltre, gatuno, pandilha...um infame.

22 de jul. de 2010

As Mortas não traem, amore...

Tenho assistido e lido, ultimamente, muito Nelson Rodrigues. Esse escritor, que trata como ninguém da natureza, da alma, do interior do ser humano, tem-me incutido algumas coisas na cabeça. Não que eu esteja alienado, não é isso: é que o requinte da leitura deixa-me com a percepção das coisas mais aguçada. Aquilo que gira em torno da traição e da cumplicidade separada por uma linha tênue inconsútil.


Falando em traição, creio que nos tempos contemporâneos o exímio escritor teria muitas, mais muitas crônicas a escrever. É que, com advento do celular (os torpedos), o percentual de infidelidade - por parte das mulheres - aumentou drasticamente, segundo reportagem da “Super-Interessante”. E - para amplificar a perfídia - inauguraram-se vários outros canais de comunicação, a citar: e-mail, icq, msn, orkut, facebook. Seria isso um deleite para o já falecido escritor.


Isso não quer dizer que todas as mulheres traem, nem todas, realmente. Para o autor de várias obras, há um rol das que não cometem tal pecado. Dessa forma não adianta hipocrisia.



Diante de tudo isso, pergunto-me: até onde vai o respeito entre o homem e a mulher, de forma que tudo que se escreva a ela, mesmo com toda consideração que se tem, não possa parecer uma cantada barata, ainda mais pela internet, por exemplo? Creio que as palavras para respostas estão na própria pergunta: na consideração e no respeito.



A internet deixa a gente mais solto, menos tímido, mais à vontade, por assim dizer. Foi nesse ímpeto que cometi o erro de chamar uma colega de “amore”. Reprimido de imediato e assustado com o posicionamente dela, logo fiquei sabendo que o namorado (que por sinal é muito amigo meu) não iria gostar de tal comportamento de minha parte. Mas...só um pouco: não existe mais consideração e respeito? Bagunçou geral?


Pois bem! Sempre tratei as amigas (dizem que os homens não as têm) de forma carinhosa e com certas palavras que, até então, não via problema algum em desferi-lhes: amore, gatona, gatinha, paixão...todas palavras que geralmente uso no lugar do nome delas, mas sem nenhuma malícia, puro carinho, consideração, respeito e etc. Do mesmo jeito que trato os meus amigos de “brother”, “camarada”, “irmão”.


Teimoso que sou, pura característica do signo que me ostenta, continuo achando não ser malicioso chamar as amigas, só elas, pelos substantivos citados. Fui reprimido. Aprendi, mas lembrei na hora das palavras de meu câmara da Nelson Rodrigues: "as mortas não traem". Que Deus o tenha! (risos)

14 de jul. de 2010

O meu time já é Hexa!

Por ironia do destino, minha mãe achou de me homenagear com graça de FLA vio. Não que ela seja rubro-negra, ela não é, e nem meu grandioso pai: este não torce para time algum; aquela é Corinthiana.


O fato é que sou indiscutivelmente Flamenguista. De coração, torço com mais afinco até mesmo do que para a Seleção Brasileira, que, nos últimos tempos, não tem sido uma “seleção” em si. Digo isso porque na exegese da palavra, seleção significa, entre outras coisas, “escolha fundamentada”. Creio não ter havido fundamentação alguma para Josué, Felipe Melo, Kleverson, Doni, entre outros, terem ido à Copa do Mundo. Vou mais além: em outros tempos, alguns poucos titulares da seleção de hoje seriam reservas e os reservas nem iriam a tal competição.


Comparo, então, os nomes desta seleção com alguns da de 82, por exemplo: Toninho Cerezo, Leandro, Júnior, Falcão, Sócrates, Zico, Roberto Dinamite, para citar os mais famosos. A comparação é feita pelo simples fato de as duas terem perdido a Copa, com o diferencial de que a de 82 levou a fama de ter sido a melhor seleção de todos os tempos, apesar de ter perdido.


Zico, aliás, depois de Pelé, é sem sombra de dúvidas o melhor jogador que já apareceu no Brasil. Ele não é apenas ídolo do Flamengo, é do Brasil. Há quem fale que o Romário é melhor, pelo fato de ter ganhado um título mundial. Fosse assim, medir o talento e a representatividade de um jogador por título de Copa do Mundo conquistado, então deveríamos chegar à conclusão de que o Viola foi melhor que todos os jogadores citados acima...o que é um tanto descabido. Garanto-vos, vós leitores, que nem Romário e nem viola foram melhores que Zico, tanto dentro quanto fora do campo. Sendo assim, concluo que o azar é da Copa Mundo. Se o Zico não foi campeão mundial pela seleção, azar é do torneio.

O certo é que meu time é Hexa-Campeão . Apesar de todos os não-flamenguistas de plantão não aceitarem, não adianta, sou hexa-campeão. A grandiosidade de nosso clube está até mesmo nas derrotas: nessas horas, o Flamengo é mais visado que a Seleção canarinho. Dessa forma, podem chorar, espernear-se, somos hexa. Daí não vejo tanta necessidade assim de a Seleção Brasileira ganhar outro título mundial.


Acima de tudo, meu orgulho é ser rubro-negro, independentemente de a imagem do clube está sendo alvo de chacotas devido aos escândalos recentes. Sobretudo, o clube e o manto sagrado estão acima de qualquer jogador, de qualquer um. O Flamengo é respeitado não somente no Brasil, mas no mundo inteiro. Aqui é uma nação e não é o comportamento de um ou dois jogadores que irá arruinar décadas de tradição. O meu time é time de tradição, de raça, de amor: é time de paixão.

1 de jul. de 2010

E no Metrô da Ceilândia...(Mais um causo).

Não que eu tenha raiva do metrô, afinal de contas, uso esse meio de transporte todos os dias. Ele me é muito útil, tira-me dos congestionamentos contínuos que toma conta da cidade. O que me inclina a escrever este texto são os modos das pessoas que o frenquentam, aliás, os maus-modos.



Peguei o metrô ontem exatamente às 19h45, pontual como o metrô em Londres, estação 102, sentido Ceilândia. Tive a sorte de sentar-me em uma cadeira logo na estação Feira. Relaxei, estava exausto, a inércia dentro do veículo cansa-nos, ainda mais depois um longo dia de trabalho. Percebi que havia um rapaz sentado no chão, não naquele local onde todos sentam, mas no corredor mesmo. Chegando na próxima estação (Guará), a senhorita que estava ao meu lado levantou-se e de prontidão o rapaz que estava no chão levantou-se e sentou-se ao meu lado. Até aí nada mau.

Dentre vários problemas do metrô, vou tentar citar alguns, eles são infinitos: falta de cortesia e cavalheirismo, falta de cidadania (há quem ainda hoje finja estar dormindo para não ceder um lugar reservado a quem o pertence de direito, mas também há aqueles são verdadeiros caras-de-pau mesmo); há os que debatem assuntos em voz altíssima, ainda mais aqueles que geram animosidades, debates acalorados acerca da política local, por exemplo; há os que, para se sentar, parecem cavalos; e há os que fazem guerra de som de celular dentro do metrô. É disso que falarei.

O rapaz que se sentou ao meu lado resolveu, então, tirar o fone do ouvido e colocar a música que estava tocando em celular para que todos ouvissem. Era um reggae típico do Maranhão - auto, muito alto, estridente soando em meu ouvido. Olhei para o rapaz para ver se ele se tocava, mas nada adiantou. E o reggae tocando...alto, muito alto, estridente. Com a voz em meio tom, falei: “caramba, puta que pariu, eita poxa!”. Ele olhou pra mim e... som alto, muito alto, estridente. Isso sem falar que exalava do nariz dele um cheiro desagradável de etílico, ao passo que eu não tinha condições nem de olhar para o rapaz. Eu reclamando em voz baixa, as pessoas balançando a cabeça, uma verdadeira agonia depois de um dia cansativo. Diante da recusa em desligar o som ou de colocar o fonte de ouvido, levantei-me em sinal de protesto. O rapaz me olhou constrangido e desligou o trambolho. Pensei: “deu certo, não sou obrigado”.

Pois bem! Foi o rapaz desligar o celular dele que uma moça ligou o dela. Eu e todos olhamos para a senhorita. Dessa vez não era um Reggae Maranhão, a garota gostava mesmo era de Djavú: “quero você, te possuir, quero você todinha pra mim...o que pensa que eu sou...”. Devo informa-vos, leitores de meu querido blog, que não gosto de Djavú. Sei parte da letra porque essa música parece uma praga, ao passo que se internaliza por si só. Além do mais, criei uma certa antipatia com o próprio nome do grupo: é que até onde eu sei, oxítonas terminadas em “u” não são acentuadas”. “Pau que nasce torto, nunca se indireita”. E mais: é que a cidadã que estava escutando a tal banda de forró deve gostar muito de “Pitú” (risos).

Dei uma crise de risos e, quando percebi, havia um monte de gente dando gargalhadas da situação, mas – mesmo assim – a jovem não se “tocava”. Como nada está tão ruim que não possa piorar, o rapaz, que já havia desligado o celular dele, resolveu religá-lo (não bastasse um, agora são dois). Virou, assim, uma guerra de som de celular dentro do metrô: de um lado, Reggae Maranhão; do outro, Djavú. A crise de risos piorou, não passava. Pessoas reclamando, outras balançando a cabeça negativamente, outras gesticulando e... o som alto, muito alto, estridente...aguniante, ouviam-se aqueles barulhos de teclados, típicos das duas músicas. Enfim, chegamos à estação terminal Ceilândia, e um leve sentimento de que essas coisas só acontecem no metrô que vai pra lá.

Não sei o que faz os cidadãos acharem que sou obrigado a escutar a música que eles estão ouvindo. Não que eu tenha algo contra o Reggae do Maranhão ou contra a banda Djavú, afinal de contas eu os detesto mesmo. Mas mesmo que gostasse, ainda assim, eu não era obrigado a escutar tais músicas, ao passo que isso se torna uma afronta a todos que estão dentro do transporte. Sem preconceitos: nasci, cresci e moro na Ceilândia, adoro-a. São apenas algumas pessoas que moram lá que não se utilizam dos bons modos e da educação.

Em pensar que uma das promessas de campanha de Joaquim Roriz é ampliar o metrô para Águas Lindas, dá até arrepios. O que será que vamos escutar?
Nada está tão ruim que não possa piorar...

Flávio Rossi

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Ceilândia, DF, Brazil
Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire