A mais recente novela das 20h, que passa na verdade às 21h, vem causando uma certa “inquietação”. É que a protagonista da novela é negra, personagem Helena, interpretada por Taís Araújo. Além disso, ela vive um romance com o personagem Marcos, que é interpretado por José Mayer, pele clara, galã.
É de se causar estranheza mesmo, afinal de contas somos acostumados a ver e temos no nosso “inconsciente” negros no papel de escravos ou serviçais. E mais, neste nosso pais heterogêneo, onde os preconceitos são velados (esfumato), não é possível se construir famílias heterogêneas: brancos constituem família com brancos, negros constituem família com negros, tudo de acordo com a oportunidade e conveniência. Percebi isso dentro do metrô, meu transporte preferido. Como já tinha dito antes, sou muito dado às conversas alheias e, assim, acabei aguçando meus tímpanos quando algumas senhoritas falavam que o casal de pombinhos não combinava. O curioso é que, ao mesmo tempo, elas não davam explicação do porquê da falta de combinação: “ah, sei lá. Eles não combina (sic)!”.
Primeiro, esclareço que não é a primeira vez que negros são protagonista. Houve outras vezes, geralmente como escravos. Segundo, lembro que esse protagonismo não aconteceu na novela “Escrava Isaura”, baseada no na obra de mesmo nome, de Bernardo Guimarães. Isaura era educada, de caráter nobre, e, portanto, branca. Terceiro, vi na conversa das senhoritas uma brecha para tratar de outro assunto também importante e que sem sombra de dúvidas reflete na falta de protagonismo dos negros: a educação.
Começo com uma pergunta simples: quantas vezes você, leitor deste blog, tratou sua saúde com um médico negro? Dou minha resposta: não fui tratado por nenhum. Mas, se você, caro leitor, já conseguiu ser tratado por um médico negro, mesmo assim digo-te que a situação é preocupante. Certamente, umas três ou quatro ou cinco dezenas de médicos já tratou de sua saúde e apenas um era negro.
Vou engrossar o caldo: você já tratou da sua saúde bucal com algum dentista negro? Quantos generais, almirantes, brigadeiros, coronéis negros você, caro leitor, já viu dando alguma entrevista? Quantos negros há na Câmara dos Deputados e no Senado Federal? Quantos promotores de justiça negros você já viu? Você, caro leitor, conhece ou já viu algum juiz de direito negro? Bom! Eu já vi um juiz de direito negro, o nome dele é Joaquim Barbosa, Ministro do Supremo Tribunal Federal, máxima corte deste país. Ele é o primeiro ministro negro do STF e é um entre onze. Se Fossem entre 10 ministros, ele seria, estatisticamente, um por cento dos juízes daquela casa, mas lá são onze, o que diminui mais ainda a porcentagem. E o nosso pais é um “pais de todos”, e “o preconceito não existe”.
Você, caro leitor, já deve ter percebido que as perguntas que fiz lá em cima referem-se à maioria a profissões protagonistas, profissões de alto escalão e que para chegar lá, sem sombra de dúvida, faz-se necessária uma boa educação. O problema é que o ensino público não oferece uma base estudos necessária para se chegar no objetivo almejado e, assim, os sonhos vão sendo deixados de lado aos poucos. Ao perguntar a grande parte das crianças o que elas ‘querem ser quando crescer’, a resposta é, certamente, “médico”. O que acontece no lapso temporal entre a infância e o vestibular que impede a criança de concretizar seus sonhos? Justamente a falta de uma boa educação.
Dessa forma, digo que a boa educação tem de ser democratizada, ela tem de ampliar os seus tentáculos e englobar a outra parte da população e para isso tem de haver políticas públicas voltadas para inserção não só dos negros, mas da população de baixa renda nas universidades públicas. E qual é a política pública que viabiliza e minimiza uma parte do problema? As cotas.
É claro que sou a favor da inserção de todos de baixa renda no ensino superior, mas também tenho a plena consciência de que as cotas só para negros não interferem no processo da globalização do ensino, ao passo que o projeto pode futuramente ser melhorado sem que haja interrompimento. Sobretudo, falar que não existe uma separação entre negros e brancos no Brasil é retórica fraca de supostos intelectuais: certamente, não existe as raças brancas e negras, existe a raça humana, isso segundo a teoria acadêmica e segundo minhas convicções também. Mas, segundo a polícia, um negro e um branco é facilmente diferenciado.
Estou convicto de que o processo de cotas trará resultados a longo prazo. Quem sabe daqui a 10 anos eu possa me consultar com um médico negro ou ver o alto escalão da administração pública mais democratizado e mais heterogêneo. E, a partir desse processo de inserção, não nos fique reservado apenas os serviços domésticos. Quem sabe com isso não nos seja tão estranho um negro como protagonista de uma novela. Quem sabe eu possa, mesmo nos outdoors, ver fotos de famílias também heterogêneas: ao dar as mãos, um negro e um branco, a sobra deles reflete a mesma cor.
É de se causar estranheza mesmo, afinal de contas somos acostumados a ver e temos no nosso “inconsciente” negros no papel de escravos ou serviçais. E mais, neste nosso pais heterogêneo, onde os preconceitos são velados (esfumato), não é possível se construir famílias heterogêneas: brancos constituem família com brancos, negros constituem família com negros, tudo de acordo com a oportunidade e conveniência. Percebi isso dentro do metrô, meu transporte preferido. Como já tinha dito antes, sou muito dado às conversas alheias e, assim, acabei aguçando meus tímpanos quando algumas senhoritas falavam que o casal de pombinhos não combinava. O curioso é que, ao mesmo tempo, elas não davam explicação do porquê da falta de combinação: “ah, sei lá. Eles não combina (sic)!”.
Primeiro, esclareço que não é a primeira vez que negros são protagonista. Houve outras vezes, geralmente como escravos. Segundo, lembro que esse protagonismo não aconteceu na novela “Escrava Isaura”, baseada no na obra de mesmo nome, de Bernardo Guimarães. Isaura era educada, de caráter nobre, e, portanto, branca. Terceiro, vi na conversa das senhoritas uma brecha para tratar de outro assunto também importante e que sem sombra de dúvidas reflete na falta de protagonismo dos negros: a educação.
Começo com uma pergunta simples: quantas vezes você, leitor deste blog, tratou sua saúde com um médico negro? Dou minha resposta: não fui tratado por nenhum. Mas, se você, caro leitor, já conseguiu ser tratado por um médico negro, mesmo assim digo-te que a situação é preocupante. Certamente, umas três ou quatro ou cinco dezenas de médicos já tratou de sua saúde e apenas um era negro.
Vou engrossar o caldo: você já tratou da sua saúde bucal com algum dentista negro? Quantos generais, almirantes, brigadeiros, coronéis negros você, caro leitor, já viu dando alguma entrevista? Quantos negros há na Câmara dos Deputados e no Senado Federal? Quantos promotores de justiça negros você já viu? Você, caro leitor, conhece ou já viu algum juiz de direito negro? Bom! Eu já vi um juiz de direito negro, o nome dele é Joaquim Barbosa, Ministro do Supremo Tribunal Federal, máxima corte deste país. Ele é o primeiro ministro negro do STF e é um entre onze. Se Fossem entre 10 ministros, ele seria, estatisticamente, um por cento dos juízes daquela casa, mas lá são onze, o que diminui mais ainda a porcentagem. E o nosso pais é um “pais de todos”, e “o preconceito não existe”.
Você, caro leitor, já deve ter percebido que as perguntas que fiz lá em cima referem-se à maioria a profissões protagonistas, profissões de alto escalão e que para chegar lá, sem sombra de dúvida, faz-se necessária uma boa educação. O problema é que o ensino público não oferece uma base estudos necessária para se chegar no objetivo almejado e, assim, os sonhos vão sendo deixados de lado aos poucos. Ao perguntar a grande parte das crianças o que elas ‘querem ser quando crescer’, a resposta é, certamente, “médico”. O que acontece no lapso temporal entre a infância e o vestibular que impede a criança de concretizar seus sonhos? Justamente a falta de uma boa educação.
Dessa forma, digo que a boa educação tem de ser democratizada, ela tem de ampliar os seus tentáculos e englobar a outra parte da população e para isso tem de haver políticas públicas voltadas para inserção não só dos negros, mas da população de baixa renda nas universidades públicas. E qual é a política pública que viabiliza e minimiza uma parte do problema? As cotas.
É claro que sou a favor da inserção de todos de baixa renda no ensino superior, mas também tenho a plena consciência de que as cotas só para negros não interferem no processo da globalização do ensino, ao passo que o projeto pode futuramente ser melhorado sem que haja interrompimento. Sobretudo, falar que não existe uma separação entre negros e brancos no Brasil é retórica fraca de supostos intelectuais: certamente, não existe as raças brancas e negras, existe a raça humana, isso segundo a teoria acadêmica e segundo minhas convicções também. Mas, segundo a polícia, um negro e um branco é facilmente diferenciado.
Estou convicto de que o processo de cotas trará resultados a longo prazo. Quem sabe daqui a 10 anos eu possa me consultar com um médico negro ou ver o alto escalão da administração pública mais democratizado e mais heterogêneo. E, a partir desse processo de inserção, não nos fique reservado apenas os serviços domésticos. Quem sabe com isso não nos seja tão estranho um negro como protagonista de uma novela. Quem sabe eu possa, mesmo nos outdoors, ver fotos de famílias também heterogêneas: ao dar as mãos, um negro e um branco, a sobra deles reflete a mesma cor.