Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







8 de dez. de 2011

Só no Brasil mesmo!

Temos uma cultura peculiar. Esquecemos facilmente de acontecimentos que não deveriam ser esquecidos nunca e, consequência disso, por vezes inimigo vira herói. Considero vilão todo aquele que de alguma forma fez mal a esta sociedade.

Crimes de traição deveriam ser severamente penalizados. Não consigo conceber um político desviando verba e, depois de alguns anos de afastamento, sendo eleito novamente justamente por meio de votos dos próprios prejudicados. É nesse sentido e também baseado em outros casos que sustento que o inimigo virou herói. Sim, eu não entregaria às mãos de Joaquim Roriz, do Arruda, da Jaqueline Roriz, do Benício (“se amarra” em um turismo sexual no norte do país), do Brunelli (à base da reza, abençoa dinheiro de propina), do Prudente (tem o costume de esconder dinheiro na meia) o meu futuro. Mas há quem o entregue: votar em que já te roubou é ratificar as más condutas do larápio. Não costumo transfigurar o ladrão no herói, exceto no caso do “Hobin Hood”. É batata, eles voltarão!

Ao meu ver, desvio de dinheiro público (roubo, no popular) precisa ser tratado igual a um CRIME DOLOSO CONTRA VIDA. Nesse caso, seria um delito que iria parar no Tribunal do Júri, para a própria população condenar ou não. Pense bem: o “cidadão” desvia o dinheiro que deveria ir para saúde, para os hospitais e constrói uma ponte. O paciente chega à emergência e não consegue medicamento e muito menos atendimento. Morre. O que houve aí foi um crime doloso contra vida. O governante teve a intenção ou assumiu o risco de matar, quando desviou dinheiro destinado à saúde. Aqui, citei o caso de apenas uma pessoa. Todos os dias morrem aos montes. A emergência do Hospital de Base lembra o “umbral”. O cheiro é de sangue.

Um outro caso que deveria ser considerado no mínimo uma traição foi o que a Rede Globo de Televisão fez em 1989: manipulou o debate entre o Lula e Collor. A perfídia serviu para eleger o agora Senador para Presidente da República. Mais tarde, já Presidente, Collor confiscou o dinheiro de todas poupanças, o que acabou causando vários suicídios daqueles que tinham guardado o seus recursos no banco. Imagine que você tivesse vendido sua casa, o único bem que tinha, e tivesse deixado o dinheiro no banco à procura de outra. Daí, por meio de uma medida presidencial, ele some. O que você faria? A traição aqui não foi do Collor, ele foi apenas um governante paspalhão, a traição que digo foi da TV e de uma pessoa chamada José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – o Boni – chefão da TV Globo à época. Collor se elegeu por causa dele, pois Lula estava bem nas pesquisas.

O caso relatado acima era considerado até o mês passado uma teoria da conspiração, mas o Boni nos fez o favor de declarar, em um programa da “Globo News”, detalhes da manipulação. Essa pessoa - que mudou a história do Brasil, que burlou a Democracia, que atrasou em pelo menos 20 anos a eleição de Lula - é o herói do momento. O que ele e a Rede Globo fizeram é no mínimo caso de polícia: na Venezuela, um fato parecido, também de traição, acabou por encerrar a concessão pública de uma rede de TV daquele país. Só no Brasil homens vis, reles e ordinários são vangloriados por políticos, artistas, empresário e celebridades. Só no Brasil, Canalhas distribuem autógrafos na sua autobiografia para uma fila imensa de leitores, como se heróis fossem.

21 de nov. de 2011

Às avessas

“No planeta bizarro, as paredes são portas”. Eram com essas palavras que um narrador (onisciente) descrevia o mundo de um dos inimigos do Super-homem: o Bizarro. Às vezes, sinto-me às avessas, em pleno mundo bizarro.

A música mudou, os modos mudaram, as relações enfraqueceram. Brigas no trânsito acabam em pancadaria generalizada; uma pisada no pé na balada termina em tiroteio; elogio é chamar a mulher de “cachorra”.

Somado ao apelo sexual, programas humorísticos se utilizam da fraqueza, da deficiência física e/ou psicológica de outrem para fazer piada sem graça, porém de fácil aceitação: colocar um viciado em drogas em rede nacional gerou um bom lucro a um desses programas, contudo não houve uma contrapartida quando o mesmo viciado foi preso por portar entorpecente: Será que a emissora está ajudando no tratamento do vício do rapaz? É quase certeza que não. Parece ser bom rir de um gay tolo e paspalhão ou de um negro caricatural. Vamos abrir aspas aqui: não por acaso o negro é representado assim na Televisão brasileira, basta lembrar-se do Grande Otelo e do Mussum. Quem os conheceu afirma que eles tinham recursos técnicos que iam além do "revirar de lábios"  (no caso aqui "beiços") de Otelo ou da hebriedade de Mussum, contudo mais vale para esta sociedade "sem preconceitos" negros caricaturais, banguelos, etílicos e preguiçosos. Fecha aspas. Dentro desta cultura imbecil, há quem passe o domingo dando gargalhadas, assistindo a essas besteiras.

No planeta bizarro, a violência é gratuita. E é nesse sentido que alguns programas trocam salada por "presunto" - como no caso do quadro encabeçado por Ana Maria Braga, na Globo.

No planeta bizarro, mais vale o trabalho da pessoa que ela em si mesma. Lembra-se muito o que se faz profissionalmente e se esquece as qualidades que esta traz fora de sua atividade remuneratória: “Você conhece o fulano? Sim, conheço, aquele que é servidor do órgão tal. Sim, é ele”. Um conto chamado “O espelho” de Machado de Assis explica melhor o assunto.

No planeta bizarro, ser cordial, gentil e educado virou sinal de idiotice e de tolice, quando não de ingenuidade. Em dias atuais, abrir a porta do carro a alguém, puxar a cadeira para que alguém se sente é um ato ridículo de pura insignificância. Convidar para ir ao cinema, então, nem se fala.

No planeta bizarro, mais terá aceitação quem tiver um bom carro e estiver usando roupas de grife: por conta das prestações altíssimas, não é raro a pessoa ter um excelente automóvel, todavia ter de vender o almoço para jantar. Ostenta-se e vive-se de aparência.

Sim! Certeza! Vivo num mundo bizarro, em um mundo às avessas!

9 de nov. de 2011

Filhos da Revolução

Entendo o papel dos estudantes na aquisição de alguns direitos adquiridos por esta sociedade. Compreendo que foi fundamental para a instalação de um estado livre a luta que os estudantes proclamaram contra a ditadura instalada nesta nação. Ditadura esta que durou 20 anos, que cerceou e fez várias vítimas, que desapareceu com outras.

Àqueles que leram e sabem um pouco da história, fica claro que a única saída para nos livrarmos da tirania imposta era a luta armada. E foi nesse sentido que surgiram líderes, hoje esquecidos pelos próprios estudantes, como Carlos Marighela e Carlos Lamarca: os dois mortos pelos militares. E é por causa da luta armada também que vários familiares, ainda hoje, tentam encontrar os corpos de seus entes queridos, ocultados pela opressão.

Foi estudante naquela época a atual Presidenta (isso mesmo, com “a” no final). E ela também foi vítima da ditadura. Mentiu ao ser torturada, mentiu para assegurar a vida dos seus companheiros (estudantes), mentiu para passar a ser, hoje, a figura mais importante desta nação. Foi estudante também , o ex-presidente FHC, porém aqui a história é mais oculta, mais sínica, não vale lembrar: história de traição vista só em filmes conspiratórios. Veio do meio dos estudantes alguns pensadores contemporâneos e ainda vivos, como Frei Beto, autor de várias obras que ratificam o que já escrevi nesse texto. Foi de um Campus da UnB que surgiram bandas como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Todas com suas músicas de protesto, algumas até hoje tão atuais: “na favela, no senado, sujeira para todo lado”. Vê-se que a classe estudantil já produziu várias figuras emblemáticas.

O grande problema é que - passado os tempos áureos – eles não têm (ou não assumem) mais o papel de protagonista para nossa sociedade. Não se vê mais algo significativo vindo dos diretórios acadêmicos. Pelo contrário, vários desses diretórios foram cooptados por partidos políticos com idéias que vão de encontro com os ideais acadêmicos. As UNE’s da vida só servem mesmo, nos dias atuais, como porta para quem quer angariar algum cargo político qualquer. E nada mais. Não raramente, vê-se  responsável de diretório acadêmico levantar bandeira para candidatos de reputação duvidosa, como no caso de um rapaz chamado Marcos Mourão, aqui de Brasília. É no mínimo antagônico.

Além de não serem mais exemplares, impingiu-se à figura do estudante a imagem do playboy fumador de maconha. Imagem apregoada por um filme que fez bastante sucesso por aqui (Tropa de Elite) e que tem, entre outras cenas que o público tanto adora, o Capitão Nascimento dando vários tapas na cara de um estudante viciado em drogas. A coisa está ruim.

Ora! A partir do momento em que a sociedade incorpora uma imagem negativa de alguém ou de uma classe, nesse caso os estudantes, não há como ela mesma apoiar alguns atos praticados por esta categoria. É nesse sentido que não é raro se ouvir alguém chamando estudante de “vagabundo”.

Não creio que estudante seja vagabundo, creio que falta empenho deles para mudar a sua própria imagem. Atos que nos faz sentir orgulho têm sido coisa rara neste país. Os estudantes tiveram participação ativa nas Diretas Já! Depois vieram os caras pintadas, para retirar um presidente do poder. Num lapso temporal enorme, houve a invasão da reitoria da UnB, por causa de desvio de dinheiro público em que o próprio reitor estava envolvido; e, logo depois, o ato na Câmara Legislativo do DF, em que estudantes protestaram por causa da quadrilha que foi organizada por aqui pelo então governador José Roberto Arruda. Exceção a esses quatro casos, não se fez mais nada.

Imagens de estudantes da USP desrespeitando uma Ordem Judicial são facilmente incorporadas, sobretudo, num tempo em que salta às vistas a idéia de que estamos regredindo em vários campos, especialmente no político. Impressionante mesmo é a música de Renato Russo ser tão atual, apesar de ter sido escrita nos idos dos anos 80: ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da Nação. Preferiria mesmo outra que diz que “somos os filhos da revolução”.

1 de nov. de 2011

Dinheiro e Futebol

Foi assistindo ao jogo do Flamengo, domingo passado, contra o Grêmio que percebi que aqui é realmente o país do futebol, além de ser o país do dinheiro, é claro. Não que eu seja contra o capital, também preciso dele para sobreviver, contudo à sua medida. Nem mais, nem menos. Nem avantajado, nem desprovido. Fico com o caminho do meio: nem oito, nem oitenta.


Não é querer me passar por um falso moralista, demagogo ou hipócrita, mas é que o povo brasileiro tem feito cada uma, que não é duas. E o que transparece é o fato de que avacalhar o Brasil tem sido, nos últimos tempos, o papel tanto do cidadão que vota, quanto do cidadão que é votado. O que vota faz parte do Brasil real; o votado, do Brasil oficial. Um com a camisa do time que ama o outro com terno, gravata e o “colarinho branco”. Um sacaneia de cá o outro desvia de lá. E assim, nessa toada, vamos indo, em buscar de ser um país do “futuro”.


Em um feriado passado, houve uma mobilização. Uma marcha contra corrupção. Aqui em Brasília, 20 mil pessoas se reuniram para protestar contra os fatos recorrentes. 20 mil é um bom número, mostra que estamos tomando consciência de nosso papel como cidadãos.


Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, cerca de 40 mil torcedores se reuniram para...se reuniram para protestar contra o jogador Ronaldinho Gaúcho, que não quis ir jogar no Grêmio por conta de uma proposta mais avantajada que ele recebeu do Flamengo. Bom! O que faz 20 mil pessoas se reunirem contra a corrupção e o dobro se reunir para protestar contra um jogador de futebol? Isso só mostra que somos um país do futebol. Uma ex-governadora desse mesmo estado, Yeda Crussius, foi indiciada por uma série de práticas Ilícitas envolvendo desvio de verba PÚBLICA. Não me lembro de ter visto 40 mil pessoas protestando pela cidade contra a roubalheira.


O ato só não foi mais vexatório, do ponto de vista moral, quando se comparado ao que aconteceu também lá no sul, em Curitiba, em que os torcedores, armados a pau e pedra, invadiram o campo e o quebrara todo, assim como a cidade.


Protestamos pelo nosso time de futebol e nada fazemos pela saúde pública, pela educação de qualidade, pelo fim da corrupção, pela segurança de todos. Falar em segurança, não faz muito tempo que uma juíza de direito foi morta por agentes público e com a munição comprada pelo próprio dinheiro público. E, agora, há um deputado estadual que está se exilando por conta da falta de segurança. Em vez disso, fabricamos dinheiro falso, com a foto de um jogador de futebol, gastamos dinheiro verdadeiro com essas picuinhas e nada fazemos pela desigualdade social. O Brasil real desmoralizando daqui, o Brasil oficial desviando de lá. E assim regredimos.

Uma hipótese: Imaginemos que você trabalha em uma empresa e que ela te paga R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês. Daí, surge um outro empreendimento e te oferece R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais pelo mesmo serviço. Por um acaso, leitor, você trocaria de empresas? Se você trocasse, leitor, não estaria sozinha nesta empreitada, estaria acompanhado de mais 40 mil pessoas.

24 de set. de 2011

Aos 10.

Não. Não vou discutir aqui se o que houve foi bulling; se foi falta de atenção dos pais; se foi a sociedade quem, indiretamente, fez daquela criança mais um personagem de nossa tragédia social anunciada; se foi descaso da escola; se foi o capitalismo que, por interesses mediáticos, apresenta-nos os mais variados tipos de violência gratuita para que nós mesmos as consumamos, feito urubu na carniça. Não vou discutir se é o computador que nos afasta cada vez mais um dos outros. Não vou discutir isso. Para mim, foi algo para além da nossa compreensão; foi metafísico, mas também não entrarei nessa seara.

O fato é que aflição bateu no momento em que soube da idade do menino. E, ao saber a idade, comecei a pensar insistentemente no que levaria uma criança com esse tempo de vida, supostamente ingênua, a planejar tamanha crueldade contra alguém e, sobretudo, contra a si mesma. É estranho!

Pensando nisso, fiz força na minha memória para tentar recordar o que eu estava fazendo quando tinha 10 anos. Lembrei de vários fatos de minha infância e resolvi perguntar a amigos e colegas o que eles também faziam quando tinham essa idade. Não é mera coincidência: a todos que fiz a pergunta – o que você fazia quando tinha 10 anos? – as respostas foram praticamente as mesmas. É claro que para alguns os percalços próprios da vida os faziam desviar um pouco da rotina de outros, entretanto, no final das contas, tudo se resumia em brincar. Creio que aos 10 anos seja o auge do momento lúdico de um guri.

Fiz a pergunta a essas pessoas, umas se emocionaram ao recordar o passado, outras não se soltaram o bastante, mas mesmo assim responderam à indagação. Algumas, como disse, relembrou uma infância mais difícil, tendo algum tipo de labor próprio para adultos.

Camila lembrou-se de uma infância em que cuidava dos irmãos, mas também se divertia muito com brincadeiras típicas de meninos, adorava dançar. Beth também recordou-se de uma infância de labuta, mas com muita diversão. Brincava de casinha, com bonecas. Disse ser muito chorona quando era criança. Carol respondeu que também gostava de brincadeiras de meninos, que ficava sem camisa na rua e que “parecia um moleque”. Marília também brincava de casinha, de pique-pega. Não podia sair muito à rua, devido às ordens da mãe, que a controlava. Lídia jogava bola na rua, brincava de boneca, mas também praticava vários esportes, como natação e ginástica olímpica. Suzie falou que brincava de todos os tipos de “piques” existentes, mas também salve latinha, bate-enfinca, amarelinha, elástico, bandeirinha, acrescentou ainda que era muito boa no futsal. Sarinha falou que se divertia mais com os irmãos e com os primos, mas que gostava mesmo era de estudar. Roberto, desconfiado da pergunta, respondeu que as brincadeiras eram variadas: “eu brincava de bandeirinha, pique - esconde, bolinha de gude, polícia e ladrão, bete de pau, carrinho de rolamento, bandeirinha.” “Tempo bom”, disse ele. Paulinho jogava vídeo game, brincava de bola na rua, de todos os tipos de piques também, de bandeirinha. Clebin, teve uma infância de muitas brincadeiras: soltava pipa, brincava de bandeirinha, enfica, bolinha de gude, pique - esconde. A infância do Clebin é muito parecida com a minha.

Em comum, o fato de todos estudarem, de as brincadeiras serem fator preponderante para o condicionamento físico e, sobretudo, terem tido uma infância legal. Não por acaso alguns se emocionaram ao recordar o passado. Eram tempos sem muitas preocupações.


Creio que diante do fato acontecido devemos reabrir a discussão no sentido da necessidade do comércio de armas no Brasil. Comparo a tragédia acontecida com um garoto de 10 anos, numa escola em São Paulo, com o terrorismo acontecido também dentro de uma escola no Rio de Janeiro, em que 11 crianças acabaram mortas por um fundamentalista. Sim! São fatos diferentes, mas significativamente iguais, já que os dois crimes foram emblemáticos para a sociedade brasileira.

Não há razão para se manter um comércio de armas aqui ( a não ser pelos próprios interesses das indústrias bélicas que daqui retiram lucros exorbitantes). Somos um país pacífico e, apesar de vivermos uma guerra particular, não temos problemas com delimitação de fronteiras, não estamos em guerra com nenhuma outra nação e não somos também ameaçados em nossa soberania. Partindo desses pressupostos, para que mantemos aqui o livre comércio de armas? Para guerrear contra nós mesmos?

Sim! Para guerreamos contra nós mesmos e para que, aos 10 anos de idade, em vez de brincarmos com brinquedos e sermos felizes, passemos a brincar com armas, valendo-se do polícia e ladrão, só que à vera.

16 de set. de 2011

Deus é pai, não é padrasto...e outras potocas.

“Deus é pai, não é padrasto”. “Madrasta é tão má que já começa com ma ”. “Amanhã, é dia de branco.” Quem não consegue enxergar preconceito nesses dizeres populares, não precisa continuar lendo este texto, pois falarei justamente disso. Tentarei mostrar aqui como todos nós espalhamos intolerância sem nem mesmo perceber. Aliás, quem nunca falou um desses ditados citados que atire a primeira pedra. Sempre quis uma oportunidade para debater a história que vou contar aqui. Pretendo, assim, suscitar o debate a fim de que cheguemos a duas conclusões: a de que preconceitos devem ser cortrdos pela raiz e, também, que a escola é um dos canais para que isso aconteça.

Uma amiga postou esta história no seu facebook:

- Professora, você sabe qual a religião do bode?
- Não, disse a professora.
- Bodista.
- oh!
-E a do cão?
-Também não sei.
-Cãodoblé?
-oh!
-Tá bom, fessora, vou parar.Mas só mais uma: e a religião do gato?
-NÃO SEI!
-Gatólico. (Risos)

Primeiro, devo deixar claro que não estou aqui para defender nenhuma matriz religiosa, seja ela qual for.

Segundo, é fato histórico que religiões minoritárias vêm, continuadamente, sendo perseguidas e massacradas por religiões dominadoras. É histórico também que uma das formas de minimizar, rebaixar, suprimir essas religiões é tentar demonizá-las, mesmo que estas doutrinas sejam 5 mil anos mais velhas que as outras. O medo é uma forma de se conseguir adeptos. E não há figura que traga mais medo para humanidade que o demônio. Claro, Para aquelas religiões que acreditam que ele existe. Pois bem. Dito isso, passo para representatividade dos bichos citados pelo aluno.

Leitor, por um acaso, qual a imagem primeira que vem à sua cabeça quando você imagina como diabo, demônio, capeta devem ser? Será que é a imagem de um bicho com chifres tortos, com patas um tanto estranhas, rabo? Seria, por um acaso, um bode? Se tua resposta for sim, passe para outra pergunta. Se for não, pule para o penúltimo parágrafo.

Leitor, por um acaso, CÃO é um sinônimo também para diabo, demônio, capeta? Se sim, passe para outra pergunta. Se for não, pule para o penúltimo parágrafo, com exceção para as mulheres, que devem ler a próxima pergunta mesmo que a resposta seja negativa.

Leitora, esta pergunta é só para vocês, mulheres lindas, maravilhosas, geniais. Sem vocês, mulheres, nós, homens, não seríamos nada... Voltando! Leitora, que imagem vem à sua cabeça quando você se lembra de um gato? Deixa que eu respondo: a única certeza é a de que você não se lembra do demônio algum e muito menos do bichano que vocês criam em casa. Portanto, deixe seus pensamentos vis para outra hora e voltemos ao raciocínio.

Estranhou-me o paralelo traçado pelo aluno para fazer a associação entre certos bichos e as suas devidas religiões. Não creio que seja mera coincidência, não creio também que o próprio aluno tenha tirado isso da sua mente. Fico, então, com a premissa de que ele escutou isso de alguém e, involuntariamente, repassou dentro de sala de aula. E vai continuar transmitindo caso nada seja feito. Tanto é assim que as palavras Candomblé e Católico começam com as mesmas letras – CA, mas o animal cão ficou como representante da religião perseguida. Ao passo que gato, esse animal lindo...

Penso que é assim que começamos a semear certas intolerâncias. Sem perceber, saímos falando por aí que “Deus é pai e não padrasto”, ou que “madrasta é má porque já começa com má”ou que “amanhã é dia de branco”. No primeiro caso, a generalização é grosseira. É o mesmo que dizer que TODOS os padrastos do mundo são mal. No segundo caso, a idiotice é tamanha que chega a arrepiar. Explica-se o porquê de um parente por afinidade ser má por conta de apenas uma sílaba. “Amanhã é dia de branco” alimenta a idéia de que só um povo constrói esta nação, enquanto os outros povos não trabalham, curtem preguiça e, portanto, não passam de vagabundos.

Levantados todos esses problemas, o que devemos fazer para dar o fim em alguns mitos ruins que permeiam nossa cultura?

O mal deve ser cortado pela raiz e a escola deve ser o canal para cortar essas correntes, que, como praga, se espalham rapidamente, incutem-se na cabeça do povo e, logo, viram herança cultural, com força de verdade. A escola tem o dever ser o espaço para se discutir todos as crenças, ela deve respeitar todos os credos e passar ao aluno que todas as religiões têm o seu valor. Deve ensinar, ainda, que a cultura alheia é intangível, portanto, devemos respeitá-la. A escola deve assegurar a diversidade cultural no Brasil.

Mas não é só isso. Não é somente a escola que tem o dever de ensinar aos seus alunos o respeito ao próximo. Os pais são o espelho do filho. Um pai que respeita o próximo certamente terá um filho que o seguirá no mesmo pensamento. Ao passo que aquele que desrespeita também poderá ter um filho que desrespeite. Aos pais cabe também o dever de passar ao filho o respeito às variedades religiosas e culturais. São essas variedades que nos fazem diferentes e são justamente essas diferenças que devem ser toleradas.

7 de set. de 2011

Blogão do Flavin: A Herança Maldita.

Blogão do Flavin: A Herança Maldita.: Vez ou outra, pego-me pensando num passado bem remoto, quando os europeus ainda não haviam passado por estas terras. Em sonhos, viajo pela ...

31 de ago. de 2011

A Herança Maldita.

Vez ou outra, pego-me pensando num passado bem remoto, quando os europeus ainda não haviam passado por estas terras. Em sonhos, viajo pela possibilidade de navegadores samurais terem passado por aqui antes mesmo dos portugueses. A quimera se prolonga e, em verdadeiros devaneios, penso numa sociedade brasileira erguida sobre o espírito e a honra de um guerreiro samurai. Viagem!


Acordo, abro os jornais, ligo a televisão e são sempre as mesmas caras, os mesmos rostos, os mesmos discursos, as mesmas falcatruas. Por um instante, sinto que sou um verdadeiro idiota nas mãos dos surripiadores feitores das leis desta nação. E o que mais me incomoda é o fato de que as mesmas caras, os mesmos rostos as mesmas palavras estejam em evidência ano a ano.


E aqui que me vem à cabeça a tal herança maldita, que ainda hoje está arraigada, trazida (e fincada) pelos homens “probos” que para esta terra vieram. Dos mais variados tipos, eram bandidos, prostitutas, assassinos, ladrões que culminaram em coronéis, concentradores de terras, muito bem distribuídas em capitanias e que até hoje em dia é hereditária. E são muitos desses coronéis, muito bem identificados pelo tradicional nome da família, que comandam as casas de leis deste país. São os mesmos gatunos de há 500 anos. São os mesmos larápios que há 500 anos faz do Brasil o curral de suas fazendas. São os mesmos, basta olhar os nomes e sobrenomes. Hoje eles usam terno e gravata...e o colarinho é branco. Uma herança maldita que herdamos.


Não faz muito tempo, li notícias sobre o Japão. Uma parte daquele país foi arruinada por um maremoto, seguido de um desastre nuclear. O país pediu ajuda internacional. Fez a contagem de quantas famílias precisariam de dinheiro, afim de que a ajuda humanitária repassasse os valores. Pois bem! Eis que o Governo japonês fez a contagem errada de modo que sobrou cerca de R$ 100.000.000,00 (Cem milhões de reais). Aquele governo, então, devolveu o montante que sobrou para a organização que o ajudou. A pergunta que não quer calar: Se fosse no Brasil, os políticos daqui devolveriam o montante?


Por vezes, deparamo-nos com noticias de suicídios de políticos japoneses que, de algum modo, prejudicaram seu povo. O suicídio tem suas raízes na honra que os samurais traziam consigo. Não quero aqui, de forma alguma, instigar o suicídio de outrem, isso é crime e quem o pratica estará sujeito ao tribunal do júri. Não é isso. Falo aqui de hombridade, de honra. O suicídio por lá é uma forma de recuperar a dignidade. Quem não se lembra da história dos Kamikazes? A herança japonesa é pautada na ética, na moral, na nobreza de caráter, na dignidade. Cultura hereditária totalmente paradoxal da nossa. É este antagonismo que inevitavelmente faz-me elaborar uma terceira indagação: se tivéssemos herdados uma herança samurai, teríamos políticos mais íntegros ou teríamos todos os anos uma hecatombe de corruptos? Caso acontecesse uma hecatombe, diria que "há males que vêm para o bem".

26 de jul. de 2011

Em Defesa de Uma Língua Nacional.

Muito se discutiu acerca de um livro, a ser distribuído pelo MEC, que tinha como conteúdo supostos erros de português. Já escrevi algo sobre o assunto neste blog, contudo volto ao tema para reforçar minha posição. E minha posição vai de encontro à posição dos gramáticos, puritanos, que defendem a Língua portuguesa e não a Língua Brasileira.


Então, é fato relevante lembrar aqui que nem mesmo entre eles próprios há concordância, pacificação, sobre várias matérias. Simples: peguem as gramáticas existentes hoje e pesquise o que cada uma deles fala sobre o que é uma oração, por exemplo. Posso garantir que não há duas gramáticas com definição semelhante.


Não é necessário fazer um curso de Licenciatura em língua portuguesa para se saber que, por vezes, escrever bem é escrever com clareza e não necessariamente certo. A língua verbal, a falada, sobretudo, também segue essa regra. “Respeitando-se regras básicas da gramática, a fim de evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis”. Celso Pedro Luft, citando um texto de Luís Fernando Veríssimo, chamado “O gigolô das palavras”, lembra-nos muito bem o fato.


Confundir o estudo da língua com estudo da gramática é um erro freqüente dos conservadores. Eles não consideram a língua como um meio de comunicação, que é atual, que é viva, que é eficiente. E, por isso mesmo, por não aceitar as modificações, as adaptações, as evoluções dela de acordo com o contexto de cada um, tratam seus falantes como deficientes da própria língua. Ao se defender uma gramática, que é cristalizada, que não acompanha o tempo, o lugar, o espaço; que não evolui, aleija-se seu falante e subjuga-o dentro de seu próprio estado nacional. É por aí que freqüentemente se veem e ouvem-se pessoas falar que “não gosta de português” ou que tem dificuldade em aprender “português”. Como uma pessoa não gosta da própria língua natural-nacional? Como uma pessoa que está falando a língua, se comunicando, não sabe ou tem dificuldade em aprender a própria língua? Percebe-se que entramos então num problema de conflito de identidade.


“Escrever bem é escrever claro, não necessariamente correto”. Falar bem é falar com clareza, não necessariamente correto, adiciono aqui minhas palavras em favor da tese de Luft. Ou alguém já ouviu algum professor de português, seja ele quem for, falar com seus alunos na segunda pessoa do plural: “Alunos, vós sois vencedores. Credes que passaram e assim sereis!”. A segunda pessoa do singular e do plural já não fazem parte de nossa língua há muito tempo. No lugar delas, entrou o “você”, que era um pronome de tratamento e não um pronome pessoal. E para a alegria geral da língua nacional, o tal do você (pronome de segunda pessoa) se apoderou de verbos da terceira pessoa. Vejam só: eu sou; tu és; você é; ele é. Pronome de tratamento conjulga verbo? O que fazem os defensores da gramática-lusitana-puritana aceitar essa evolução da língua que não os deixa aceitar outros tipos de adaptações? A clareza faz com que falemos vi ele e lhe vi no lugar o vi (ouvi); vi ela em vez de vi-a (via) Toda língua evolui, a gramática não, infelizmente. A gramática é parada no tempo, assim como a mesóclise.

Como meio de comunicação, a gramática tem de ser estudada como sendo parte da língua e não como sendo a língua em si. A língua abarca muito mais que a gramática, ela é o cerne da questão. E toda língua evolui, e toda evolução lingüística começa com “erros”.


Para finalizar¹, concluo que o título das gramáticas daqui deveriam trocar o nome. Creio que não falamos português e sim BRASILEIRO. Lingua portuguesa submete-nos a quem nos colonizou e a quem nunca fez nada pela educação deste país - hoje maior em todos os aspectos que o antigo colonizador. Portanto, aqui, deveria adotar-se a Gramática da Língua Brasileira e não a Gramática da Língua Portuguesa. A Portuguesa, deixe que Portugal discute-a e estude-a, ao seu padrão Eurocentrista. E nem vou entrar na questão se é mesmo Brasileiro ou Brasiliano, como sustentou Stefhen Kanitz. Isso é assunto para uma outra abordagem.



1 – Segundo o vernáculo lusitano-puritano-ordotoxo, eu não posso finalizar um texto dizendo que vou “finalizar”, muito menos concluír. Espiem! A mãe pergunta ao filho: “Fulano, você já terminou a tarefa?” Ao que o filho responde: “Estou quase, mas não posso falar”. (risos)

Referência: Língua e Liberdade – Celso Pedro Luft.

21 de jun. de 2011

Na cabeça Ativa

Gosto do metrô daqui, do DF. Não que o transporte seja excelente, não o é, mas me evita vários transtornos do dia-a-dia. Além do mais, ir e vir no metrô têm-me inclinado a escrever vários textos. O mais recente trata de um assunto em pauta: a liberação do consumo de algumas drogas consideradas ilícitas.



O assunto não era muito corriqueiro nas rodas de debates, até um Ex-Presidente de esta República ir a um programa de grande audiência e falar sobre o tema. Inclusive convocando a sociedade para debater de fronte o assunto e, sobretudo, admitindo ter pedido a guerra contras as drogas. De qualquer forma, o fato é que o povo também perdeu a timidez para questionar sobre a tese - ainda mais em locais públicos - nesse caso aqui o metrô.



Estava eu sentando, concentrado no meu jogo japonês de nome esquisito chamado sudoku, quando entrou um grupo de jovens discutindo sobre o tema, que estaria em pauta no STF naquele dia. O debate estava acalorado e logo me tirou atenção. Na espreita, fiquei ali tentando sorver alguma informação inteligível, mas também fazendo força para distinguir os lados do embate. Percebi que havia ali estudantes com opiniões mais inclinadas à liberalização e outros com posturas mais ortodoxas, todos com a cabeça ativa. Vale ponderar aqui que alguns estudantes admitiam que também para liberdade de expressão havia limites. Achei grave o pensamento por entender justamente o contrário: o dia em que houver limite para as pessoas se exprimirem, então voltamos aos tempos de chumbo da ditadura. Uma coisa é liberdade de expressão, outra é apologia às drogas. A linha é tênue.



Fora isso, andei prestando atenção no campo lexical dos que debatiam. Lá pelas tantas, “o trem pegando fogo”, um esbravejou: “tem de discriminar logo, não adianta proibir, rapaz!” O Outro retrucou: “não tem de discriminar nada. O uso de drogas é pura falta de vergonha e moral! Um terceiro gritou: “então que se proíba também o uso do álcool e do cigarro, que faz mais mal que a maconha!” Arregalei os olhos, os poucos pelos do meu braço se arrepiaram. A contenda continuou. Não ia acabar tão cedo.



No final das contas, o STF não julgou a liberalização do uso das drogas, mas, sim, o direito de expressão, de opinião e de reunião  muito bem amparados pela Constituição Federal de 1988, reclamados pelo movimento "marcha da maconha". E fez bem. Amparou-nos. Não faz muito tempo uma banda de rock, precursora da liberdade de expressão, foi dissolvida à base da pura força bruta, sobre a êgide de que fazia apologia ao consumo de drogas.

Com toda o assunto em voga, na verdade, a minha dúvida mesmo ficou por conta das palavras homófonas: o certo é discriminar ou descriminar? (risos)

9 de jun. de 2011

Dona dos meus olhos é você.

A paixão foi arrebatadora. E eu parecia ser um adolescente quando te conheci assim, com olhos abertos olhando pra mim. Não resisti ao teu olhar e de, imediato, a paixão virou amor.



E desde então não consegui te esquecer, não consigo me livrar de ti – mas também nem quero. E esta saudade que me sufoca e corrói a minha alma, feito ácido sulfúrico, sempre me bate quando passo mais de dois dias sem te ver. Porém, é essa saudade que me corrói, que também faz meu amor por ti aumentar cada vez mais e mais à sua medida.



E os meus olhos seguem o teu assim como o girassol segue o sol. E o meu sangue transfundiu no teu e já nem sei mais quem sou: “Se na bagunça do teu coração, meu sangue errou de veia e se perdeu...”


Dona dos meus olhos é você, a quem devo a minha vida, a minha alma, o meu amor.







Ingrid, minha querida e amada filha, eu te amo.

22 de mai. de 2011

Erro de Ignorantes

Não sei se o leitor está sabendo da nova polêmica causada pelos jornalistas. Trata-se de um livro distribuído pelo MEC que considera a linguagem e suas adaptações fora da dita norma CULTA. Norma culta é aquela pregada, amparada pela gramática. CULTA não leva em consideração os regionalismos, os dialetos, as adaptações, as variações da língua. Culto não é o morador do interior do nordeste, o goiano e seu linguajar peculiar, aquele lá do interior de minas, o sertanejo, o caipira... CULTO é a elite.


O livro em questão é o “Por Uma Vida Melhor”. Para os autores do livro (frisa-se, TODOS PROFESSORES DA ÁREA DE PORTUGUÊS, ESPECIALISTAS EM LINGUÍSTICA, portanto preparados para o assunto), uma construção como “os cara saiu” não é errada. Isso porque a lingüística e o mote de seu estudo não consideram a linguagem certa ou errada, como estão apregoando alguns jornalistas - reverberado em efeito manada por mais um tanto de “sem conhecimento de causa”, inclusive alguns políticos (entre eles o Senador Cristovam Buarque) e a colunista do Correio Braziliense Maria Paula, aquela mesma do programa cômico Casseta e Planeta. Abre aspas: os jornalistas são uma categoria que acha que tudo sabe e que tudo entende. Crêem ser, na verdade, os deuses e semideuses da informação, mesmo que a informação que eles passem esteja errada e mesmo que eles não tenham lido nada sobre assunto. Fecha aspas.


Voltando! Não existe uma linguagem certa ou errada, existem adaptações da língua. O livro – como vêm publicando os deuses e semideuses da informação – não ensina o aluno e a população a falar errado. A obra diz que, quando se fala “os caras saiu”, a informação foi passada e entendida e que, apesar da falta de concordâncias, a construção não deve ser desconsiderada. Isso porque da informação subtende-se que “mais de uma pessoa saiu” e, naquele contexto, não se faz necessário falar “os caras saíram”. Isso é a mais pura verdade. O livro faz mais: diz que é a partir da construção dita “errada” que se deve ensinar a gramática. Deve-se, então, considerar a bagagem trazida do aluno. Será mesmo que algum jornalista desses já estudou sobre algo que fale em “considerar a bagagem trazida pelo aluno”? Creio que não.



É o erro do ignorante. E não há coisa mais chata que o ignorante que acha que está certo quando, na verdade, está errado. Na coluna do Correio Braziliense de hoje, 22/5/2001, Revista do Correio, a colunista Maria Paula em seu artigo intitulado “A educação sem noção” discorreu (sem maestria alguma, vale ressaltar) sobre assunto. Entre outros jargões daquele que escreve arrazoadamente e, geralmente, cai na vala comum, ou seja, não contribui em nada, falou das mudanças ocorridas em alta velocidade devido à internet. Mais tarde, relembrou um personagem cômico que ela entende muito bem, o Seu Craysson, que se expressava mal e tinha um estigma de "burro". Fechou o artigo e nada de somar algo: mais um grito de quem pega as informações no ar, opina sobre, mesmo sem entendê-la e a publica só porque tem acesso aos meios de comunicações e não porque a publicação trará alguma reflexão. Não custa nada ressaltar aqui que na 6ª linha do artigo escrito por ela, tem um trecho que diz “...facilitando o acesso a informação” (sic). “A educação sem noção mesmo é a falta da crase em “acesso à informação”. Percebam: é a defesa da gramática mesmo sem saber usá-la.


Defender a gramática a ferro e fogo, da forma como está sendo feito, é ignorar 95% da população. Isso porque a gramática não considera os regionalismos, os dialetos, as variações lingüísticas da maioria da população. Defender a gramática é excluir, é apartar, é separar, é desunir a maioria dos brasileiros, assim como é feito na distribuição de renda deste país. É ir mais longe: a forma mais significativo de se tutelar uma identidade é por meio da língua nacional. Ao dizer que fulano não sabe sua língua por conta de APENAS uma concordância, tira-se a identidade da pessoa. Deve-se ensinar a gramática sim a fim de que todos estejam preparadas para os percalços da vida, como um vestibular e um concurso público, contudo isso deve ser feito considerando, acolhendo o aluno e não impondo a ele que ele fala “errado”. Lembro que o maior Presidente que já esteve neste Planalto Central não falava o português “culto”. Muito pelo contrário, falava o português popular, que tanto incomodava a elite deste país.


Palavras de um professor de português.

17 de mai. de 2011

Sobre Socos e Pontapés II

- Eu me lembro de estar dentro de uma boate e de ter ficado com uma garota. Saí de lá, já era tarde, umas 3 horas da madrugada. Comecei a caminhar em direção ao meu carro, que estava um pouco distante. Não me lembro muito bem. Ia na calçada, tinha um orelhão, fui no rumo dele. Um rapaz veio ao meu encontro e apontou o dedo para mim.


- Sim. Continue.


- Ele cerrou o pulso e começou a me agredir. Tentei me defender, porém chegaram mais três garotos, amigos dele. Deram-me socos e pontapés, eu tentei me defender. Mais socos e pontapés e eu tentando me defender, pois nada podia fazer contra 4 rapazes me batendo. Até que um deles sacou um canivete e o desferiu em mim. Caí. Transeuntes chegaram e apartaram. Os 4 garotos saíram correndo. Eu me levantei, caí ao chão novamente, estava sem forças. Um rapaz tentou me levantar. Levantei e caí novamente. Acordei e agora estou aqui. Onde estou?


- Calma, meu filho. O nome desta cidade aqui é o “Nosso lar”.


A estória adaptada acimai foi vista em rede nacional por quase todos os brasileiros. O assassinato do jovem em Santa Catarina casou comoção nacional, apesar de não ser mais novidade esse tipo de agressão em nossas “fatigadas retinas”(vale lembrar que os sulistas se acham os europeus no país emergente). Volto ao assunto publicado anteriormente, porque muita gente não compreendeu a mensagem que quis passar no texto anterior. Tentarei ser mais claro então.



Acredito que todos nós recebemos uma chance. E em que sentido falo isso? No sentido de que estamos no mundo para fazer uma passagem, mas não estamos a passeio. Recebemos a vida com o objetivo, com a finalidade de que tentemos melhorar – ou até mesmo pagar – alguma dívida de vidas passadas. Alinho-me com religiões, dessa forma, que acreditam na reencarnação, apesar de não professá-las.



No outro texto, falei que – apesar da evolução que tivemos – o que se presencia no momento é uma regressão acentuada. A tal evolução que houve fica por conta de não termos mais pessoas queimadas em fogueiras, não termos mais a escravidão como era há alguns tempos. A arena de gladiadores foi extinta, houve aqui uma adaptação para o que conhecemos hoje como esporte - apesar de acontecer digladiação vez ou outra, mesmo dentro de um contexto que contém regras a serem seguidas. É justamente nos gladiadores (contemporâneos) que fica a regressão: homens matando um outro a soco, pontapés e facada não é atitude de pessoas civilizadas e regidas por regras e direitos. Isso é coisa de gladiadores. É a lei de talião.



Em um livro que li, havia uma informação interessante que dizia que alguns nasciam com uma chance dada, mas que não aproveitavam a oportunidade para se redimir. É neste sentido que falo dos rapazes que espancaram o jovem até a morte. A impressão que dá é a de que, em vidas passadas, eles já faziam isso com outros, como gladiadores, e que não conseguiram se livrar do estigma. Ou seja, continuam, mesmo num mundo dotado de regras a serem seguidas, praticando delitos. E neste contexto, o livro continuava falando que daqui para frente as coisas tendem a piorar. Mais pessoas com intuito maligno virão, mas que pessoas do bem também aparecerão. Haverá assim dois pólos.



Ao olhar o contexto atual, não é muito difícil de perceber que estamos num mundo cada vez pior. Quem levantou uma espada ontem, hoje pode levantar uma faca. “Quem usava a chibata, agora pode usar até mesmo uma farda e engatilhar a macaca”. Resta aos de bem fazer o bem, sem olhar a quem.

13 de mai. de 2011

Sobre socos e pontapés.

Ao parar para pensar sobre a evolução do mundo e, sobretudo, das pessoas em si, indaguei-me sobre se está havendo ou se houve algum avanço de uns tempos para cá. Concluí que sim, que tivemos algum tipo de evolução, porém esta - principalmente a espiritual - ainda não é harmônica com se espera de pessoas conhecedora de si mesma.

Evoluímos. Basta pensar que não faz muito tempo, há 500 anos mais ou menos, pessoas eram queimadas em fogueiras porque emitiam opiniões certas. Mais próximo ainda, há cerca de 200 anos, negros eram escravizados, com ratificação papal vale lembrar, sobre a tutela de que não teríamos alma, portanto não éramos humanos. Evoluímos. Hoje não se fala mais em queimar pessoas vivas em fogueiras seja por qualquer tipo de crença defendida por ela e a escravidão – pelo menos nos moldes antigos – já não existe mais. Os tipos de servidão, subjugação, sujeição, servidão, cativeiro são outros. Não entrarei aqui no mérito da questão.



O que preocupa são os rumos que muitos têm tomado ultimamente. Quem já leu um pouco sobre qualquer tipo de religião sabe que o norte de todos que querem o bem é fazer o bem. É respeitar o próximo, é ter amor ao semelhante. O que nos inclina a praticar a maldade com a maior a facilidade enquanto que a bondade ficar em décimo plano? Juntam-se os amigos, adolescentes, vão para casas noturnas, bebem e, ao final, espancam e matam um rapaz também adolescente, na maior banalidade possível.



É como se estivéssemos regredindo. Habituamo-nos a assistir todos os dias a notícias de agressões praticadas por gangues. São jovens que atacam sem que haja qualquer tipo de provocação da outra parte. Chegam, com lâmpadas em mãos, e dão no rosto das pessoas, à mercê. O que pensar disso? O que pensar de um monte de torcedores levantando paus e pedras em um estádio, destruindo tudo e todos, e socos e pontapés, só porque o time deles foi rebaixado? Será que esses torcedores teriam a coragem de fazer uma simples manifestação contra o desvio de dinheiro público?



Vamos parar e pensar: quantos de nós já fizemos algum tipo de caridade? Por outro lado, quantos de nós já fomos a bares nos embriagar? Quantos de nós paramos e lemos 4 livros neste ano? E quantos de nós já nos prestamos a desordens? Parece que a inclinação para o mal é mais forte e mais fácil do que para o bem. Notaram?



O fato é que vai chegar a hora em que os do bem serão separados dos do mal. Sim! É esse o jogo, é o bem contra o mal. Em pólos diferentes, separados. E os do mal são os que se juntam para matar, para pregar preconceitos de qualquer espécie, para caluniar. Chegará a hora. Em que lado você está, o que quer para si?

11 de mai. de 2011

Sobre socos e pontapés.

Ao parar para pensar sobre a evolução do mundo e, sobretudo, das pessoas em si, indaguei-me sobre se está havendo ou se houve algum avanço de uns tempos para cá. Concluí que sim, que tivemos algum tipo de evolução, porém esta - principalmente a espiritual - ainda não é harmônica com se espera de pessoas conhecedora de si mesma.



Basta pensar que não faz muito tempo, há 500 anos mais ou menos, pessoas eram queimadas em fogueiras porque emitiam opiniões certas. Mais próximo ainda: negros eram escravizados, com ratificação papal vale lembrar, sobre a tutela de que não teríamos alma, portanto não éramos humanos. Evoluímos. Hoje não se fala mais em queimar pessoas vivas em fogueiras seja por qualquer tipo de crença defendida por ela e a escravidão – pelo menos nos moldes antigos – já não existe mais. Os tipos de servidão, subjugação, sujeição, servidão, cativeiro são outros. Não entrarei aqui no mérito da questão.



O que preocupa são os rumos que muitos têm tomado ultimamente. Quem já leu um pouco sobre qualquer tipo de religião sabe que o norte de todos que querem o bem é fazer o bem. É respeitar o próximo, é ter amor ao semelhante. O que nos inclina a praticar a maldade com a maior a facilidade enquanto que a bondade ficar em décimo plano? Juntam-se o amigo, adolescentes, vão para casas noturnas, bebem e, ao final, espancam e matam um rapaz também adolescente, na maior banalidade possível.



É como se estivéssemos regredindo. Habituamo-nos a assistir todos os dias a notícias de agressões praticadas por gangues. São jovens que atacam sem que haja qualquer tipo de provocação da outra parte. Chegam, com lâmpadas em mãos, e dão no rosto das pessoas, à mercê. O que pensar disso? O que pensar de um monte de torcedores levantando paus e pedras em um estádio, destruindo tudo e todos, e socos e pontapés, só porque o time deles foi rebaixado? Será que esses torcedores teriam a coragem de fazer uma simples manifestação contra o desvio de dinheiro público?



Vamos parar e pensar: quantos de nós já fizemos algum tipo de caridade? Por outro lado, quantos de nós já fomos a bares nos embriagar? Quantos de nós paramos e lemos 4 livros neste ano? E quantos de nós já nos prestamos a desordens? Parece que a inclinação para o mal é mais forte e mais fácil. Notaram?



O fato é que vai chegar a hora em que os do bem serão separados dos do mal. Sim! É esse o jogo, é o bem contra o mal. Em pólos diferentes, separados. E os do mal são os que se juntam para matar, para pregar preconceitos de qualquer espécie, para caluniar, para roubar, para qualquer tipo de infortúnio. Chegará a hora em que haverá a separação. Portanto, façam a sua escolha desde já. O que vocês querem para si?

27 de abr. de 2011

Chegou a hora de pagar a dívida.

Que empresário algum injeta gratuitamente a cifra de R$ 120.000.000,00 (leia-se cento e vinte milhões de reais) em uma campanha Presidencial só para ver o seu candidato preferido ali, no posto mais alto do país, ganhando R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por mês, todo mundo sabe no mundo, no planeta e nas galáxias que não é só por isso. Há interesses. E eles são a certeza de que os R$ 120 (e vários zeros) gerarão o triplo, o quádruplo dos preciosos dividendos aplicados nas eleições. E isso num curto espaço temporal.



É pensando dessa forma e analisando os noticiários que cheguei à conclusão de que a Sra. Dilma Roussef, Presidenta desta Nação, começou a pagar o que ela deve. O retorno do investimento “doados” por todo o tipo de consórcio, sobretudo os empreiteiros, faz-se urgente. A Copa está aí e ninguém fez nada ainda.




Falar em Copa, o risco de fiasco é iminente. E foi pensando no possível fiasco que a administração da atual presidente resolveu declarar emergenciais as obras em três aeroportos, inclusive o de Brasília.


Recordar é viver. A FIFA anunciou o Brasil como sede da Copa de 2014 em outubro de 2007, tempo suficiente para que todas as providências, ainda mais no que tange as burocracias da administração pública, fossem tomadas. Se houvesse aqui gestores competentes, todos os procedimentos licitatórios teriam sido executados, tudo isso de acordo com a lei que rege a licitação – Lei 8.666. A pergunta que não quer calar: Por que houve aí um atraso de quase 7 anos para se começar as obras nos aeroportos? A pergunta eu não posso respondê-la com exatidão, mas sendo um pouco conhecedor da ética da malandragem dos políticos daqui, posso até presumir. O faço então. A jogada que vou explicar aqui tem como pai, criador, fundador, inaugurador o ex-governador do DF, Joaquim Roriz.



Roriz, o pai dos pobres assim intitulado, se utilizava do mesmo tipo de artimanha, porém em uma área diferente, mais sensível: a saúde. O que se fazia: a compra de bens para administração pública tem de ser feita por licitação, contudo há casos em que ela pode ser dispensada. O caso aqui era deixar faltar remédios na rede pública, ainda mais os remédios de alto custo, para ser declarada uma compra emergencial e, assim, adquirir os produtos sem procedimento licitatório. Dessa forma, obtinham-se os remédios no valor absurdamente acima do que eles valiam. A sobra era embolsada para comprar, entre outras coisas, bezerras de ouro. Paizão!



No governo da Dilma, está acontecendo a mesma história, só que as cifras são maiores, bem maiores. Declara-se emergencial a situação dos aeroportos, dispensam-se as formalidades. Além do mais, nesta semana a Presidenta anunciou algo que eu não se imaginava do governo petista, pelo menos uns 10 anos atrás: não bastasse já declarar emergenciais as obras em três aeroportos, será realizada – depois da reforma dos estabelecimentos aeroviários – a concessão deles a empresas privadas interessadas. A tal concessão nada mais é que a famosa privatização do bem público. Gasta-se recursos públicos para depois entregar de “mão beijada” o bem a particulares. É chegada a hora de pagar a dívida.



A continuar assim, será melhor a Presidente trocar o nome dela para Dilma Henrique Cardoso.

26 de abr. de 2011

Ao Poeta Marcelo Camelo

Outro dia escrevi que o rock brasileiro jazia. E jaz mesmo. Capitaneado por bandas ditas emotivas, em que cada integrante só pensa em si e mais se preocupa com o visual que com as letras inteligentes, rock brasileiro agoniza. E é num mar de lama de pura falta de inteligência composicional que a música brasileira ressurge nas harmonias profundas de Marcelo Camelo.




Não bastasse o trabalho louvável junto com Amarante, Medina e Barba, no inesquecível Los Hermanos, Camelo (a cada trabalho) surpreende-nos com um toque de sutileza musical. Música que se traduz por si só em algo intangível, perene e, sobretudo, atemporal. E há quem grite aos quantos cantos que dali nasce o mais novo Chico Buarque, título não muito bem reconhecido pelo próprio compositor.



Com frases de efeito e letras por vezes que nos leva à procura de nós mesmos, em favor de nos escutarmos mais e nos mantermos mais centrados – sem esquecer que não somos uma ilha e que há alguém ao lado – Marcelo canta e nos encanta. Perspicaz, sagaz, suas músicas marcam sempre por uma melodia fácil, porém gostosa, que penetra aos ouvidos e grava-nos na mente com extrema facilidade. Foi assim no primeiro álbum solo intitulado SOU (NÓS) que, dentre outras canções, tem uma chamada COPACABANA, em que se revive a época das marchinhas nos carnavais. O cara faz quem nunca escutou marchinha passar a gostar delas.



Lançou uma coletânea ao vivo para emissora MTV em que faz readaptações de músicas já conhecidas do Los Hermanos e do primeiro álbum solo. O CD e o DVD ao vivo beiram o genial. Mais recentemente lançou o CD “Toque Dela” em que sempre faz experimentações que dão certo. Novamente surpreendeu com letras singelas, porém bem prazerosas, reflexivas e profundas que chegam a emocionar àqueles que as escutam e as compreendem.



Ao continuar nessa toada, tudo indica que será mesmo imortalizado. Ao se levar em consideração o tempo em que vivemos – musicalmente falando – não será muito difícil. És mesmo formidável.



Salve Marcelo Camelo!

7 de abr. de 2011

OS SENHORES DAS ARMAS TUPINIQUINS

59.109.265. Isso, cinquenta e nove milhões, cento e nove mil e duzentos e sessenta e cinco cidadãos brasileiros são os responsáveis diretos pela morte das 12 pessoas, na maioria crianças, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro. Talvez uma das quinta-feiras mais tristes da história desta nação, 7/4/2011.

Esse é o total de cidadão que, no referendo para proibição de venda de armas, realizado em 2005, votou em favor da comercialização, barrando assim o artigo 35 do estatuto do desarmamento.



São todos esses cidadãos que forneceram a arma ao Jovem assassino (que aqui não cito nem o nome ), para que ele cometesse de forma abrupta e absurda um crime bárbaro. Foram esses cidadãos, encabeçados pelo Coronel da PMDF, Sr. Fraga, lobista em favor das indústrias bélicas, Secretário no Governo Arruda (o Governo mais corrupto da história do Distrito Federal) que trouxeram a desgraça a várias famílias no dia de hoje. Foram esses cidadãos que - alicerçados por uma argumentação pífia e desprovida de sentido - gritavam aos quatros cantos do mundo que votar contra a comercialização de bélicos no Brasil seria retirar o direito de nós mesmos e, sobretudo, se amparavam na reles idéia de que os bandidos estão armados e os “homens de bem” não (como se homens de bem precisassem de armas). São esses cidadãos que deveriam amanhã mesmo se entregar à polícia e serem julgados por crime doloso. Serem submetidos ao Tribunal do Júri e condenados à pena máxima: 30 anos de cadeia.


Fora a tragédia ocorrida, triste é pensar que dentre os que foram a favor da comercialização livre das armas, estão alguns políticos, intelecutais e estudantes, inclusive os que faziam parte da minha turma e que se graduariam comigo. Olhem, leitores, que contraditório e emblemático: cidadãos que estudaram comigo na Faculdade de Letras, hoje professores, votaram a favor da comercialização das armas. De braços cruzados, eles mesmos assistem pela televisão a hecatombe no palco em que eles ocupam por profissão. E são esses intelecutais de meia-tigela, cuja massa encefálica constitui 1/3 de um caroço de azeitona, que vão lecionar para os seus filhos. São eles que educarão nossas crianças. O que se esperar do futuro?


6 anos mais tarde, vi que a guerra que comprei na faculdade e em vários debates acalorados, contra a venda de armas, valeu a pena. Mesmo que tenha sido diante de um fato trágico como o acontecido naquela escola, notei que minha inteireza anda nos eixos. Percebi que não é de hoje que penso e que logo existo. Hoje, posso derramar meu fel contra esse tanto de imbecil que, nem pra si mesmo, exercita a destreza mental.

É hora de outro referendo, de novos debates acerca do assunto. Assim, quem sabe, os que votaram a favor das armas, da morte, dos assassinatos, dos assaltos, dos sequestros possam se redimir.

4 de abr. de 2011

Um país do futuro

Que tipo de país você gostaria de deixar como legado para os seus filhos, para os seus netos? Um país civilizado? Um país com preceitos democráticos bem arraigados? Um país com níveis educacionais e tecnológicos avançados ou um país em que as regras do jogo não são respeitadas? .


Infelizmente, o que sobra para os nossos descendentes é um país em que as regras do jogo não são respeitadas. Nem mesmo por aqueles que, por obrigação própria da função, deveriam respeitá-las, sobretudo porque se acredita que eles as conheçam.




Eu posso ter muito bem meus preconceitos, o que não posso é pensar que não serei punido pelo crime caso os externe: a regra do jogo diz que “devemos promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Quem dita a regra por aqui, no Brasil, é a Constituição Federal de 1988, nossa carta magna e lei maior.


Pelo visto o futuro ainda não chegou por aqui, como havia dito o Sr. Obama, ao visitar este país. O futuro ainda não chegou porque ainda vemos e ouvimos opiniões retrógradas, infundadas, lesivas, ultrapassadas por aqueles que deveriam prezar por elas: como construir um futuro digno, com direitos iguais a todos, se votamos em pessoas com os ideais de um líder nazista? Como construir essa sociedade que queremos se não punimos, na forma da lei, quem vai à televisão e proclama ofensas contra negros e gays? O que pensar de um Deputado, eleito por uma parcela da sociedade, que não teve um projeto aprovado na Câmara e que só tem destaque na mídia por conta dos crimes praticados por ele? Brasil, qual é a sua cara? A cara ainda é a da falta de uma identidade cristalizada.



O meu país é o país do momento. É o país que dá possibilidades iguais a todos, é o país que olha para si e tem vergonha de ser o último a abolir a escravidão e que labuta para ampliar os horizontes a todos, independente de raça, cor, credo, religião, opinião sexual. O meu país é heterogêneo de formação, é um país de quem trabalha e que respeita a todos. É um pais de pessoas sérias, como José Alencar, um posso de cultura, inteligência e informação. (Dizem que quando um velho morre, queima-se uma biblioteca). O meu país não é o mesmo do Deputado Bolsonaro. Vivemos em lados antagônicos e em momentos diferentes.



Uma pergunta ao Ilustríssimo deputado: caso uma filha do Presidente Norte-Americano, negra, quisesse namorar um dos filhos dele; se isso acontecesse, ele deixaria?

31 de mar. de 2011

E se ele não fosse um...

1ª Cena do ato: o famoso jogador de futebol Athirson, ex-Flamengo e Cruzeiro, joga agora no Brasiliense. Numa sexta-feira, à noite, resolve ir a uma balada. Aparece na A+.com, casa “Top” de Brasília. Blusa Verde, calça azul céu, tênis amarelo (bem arrumado por assim dizer). Ensaia uma conversa com uma garota, por sinal linda, e leva (sem maiores delongas) um toco daqueles. Pensei: “que massa! Nem toda mulher age por interesse”. Eis então que chega o assessor (ver significado da palavra lá em baixo) do atleta, com um copo na mão e fala: “Olha, aquele rapaz ali, que te mandou esse uísque, é o Athirson, jogador do Flamengo!”. Não tardou, ela entrou no Audi A3 dele e se foram. Paixão à primeira vista. Você acredita nessas coisas? Então, elas existem.


Quem nunca viu ou ouviu uma história dessas? Deixa que eu respondo: só quem não nasceu ainda. Já vi várias histórias no mínimo estranhas, mas não surpreendente. Até porque Machado de Assis, à sua época, já falava dessa relação promíscua entre os vários interesses da sociedade: Capitu foi uma personagem emblemática nesse processo. A coisa, então, como se vê, já sucede de outrora.


Pensemos juntos, então, porque o instinto é coletivo: Se o Belo, o cantor lindo, não fosse famoso, ele namoraria a Viviane Araújo? Se o Ronaldo (fenômeno) vendesse peixe na feira, ele namoraria Suzana Verner, Daniele Cicarelli, Milena...? O Amaral se casaria com aquela Japonesa linda? E o Thiaguin, cantor do Exaltasamba, se ele fosse vigilante, será que ele receberia várias calcinhas? Olha, sem querer ser topetudo, nenhum deles pegaria mais que eu caso não fossem famosos. É triste a realidade, mas é essa.



Hoje, 31/3/2011, às 13h07, abri uma página da internet. Com letras garrafais, lá estava a seguinte notícia: “DENTINHO ASSUME NAMORO COM MULHER SAMAMBAIA”. Olhem bem, analisem, interpretem. Elem quem assumiu, não foi ela. Ela, pelo que se percebe,  queria demais se promover, ele quem tava enrolando a senhorita. Idiota.

Para finalizar (sei muito bem que não se deve concluí um artigo dizendo que vai finalizar). E se o Dentinho fosse um cobrador de ônibus, sentado lá naquela cadeira, com um bigodon, sorriso maravilhoso, passando troco, o rosto queimado de tanto pegar sol. Será que ele namoraria a Mulher Samambaia? É uma incognita mas... 


O amor tem dessas coisas.

*Puxa saco, que anda ao lado de pessoas “famosas” só para consumir de graça e tentar angariar alguma baba restante daquilo que sobrar para ele.

29 de mar. de 2011

Uma Singela Homenagem

Tenho aversão a políticos,  alguns deles me dão náuseas.  Por certo tempo – mesmo que pouco – eles me fazem a desacreditar que exista a probidade, moralidade, ética no que tange o jogo político, no que se refere aos conchavos. Esses alguns, posso até citar nomes, faz-me sentir burro, imbecil, estúpido, ignorante. Faz-me sentir vergonha de vê-los sentado – por meio legal, por meio do voto – em um assento parlamentar. E enquanto eu escrevo esse texto, eles me vêm à cabeça, todos eles, e a vontade jogar o computador no chão me consome. Não o faço por saber que meu computador vale mais que a vida de todos eles: os Fernandos, os Roriz, os Arrudas, os Prudentes, os Benícios, os Sarneys, os Magalhães, os Barbalhos, os Malufs, os Brunelli, os Gilmar Mendes, As Eurides de Brito da vida. “A política tem sua ética e moral próprias”, dizia Maquiavel.

Por outro lado, há ainda (mesmo que poucos, mesmo que raro, mesmo em estado de extinção) políticos sérios. E do mesmo jeito, posso citar nomes aqui: Cristovão Buarque, Paulo Tadeu, Regufe, Pedro Simon, Paulo Paim, Marina Silva, Luis Inácio LULA da Silva, José  Alencar, só para citar alguns.

É de Alencar que vou tratar. Vê-lo responder a perguntas numa entrevista era certeza de que algum conhecimento iria se adquirir, principalmente no campo lexical. A eloqüência nas palavras, a educação, a gentilelza e, sobretudo, a simplicidade de um homem guerreiro e incansável cativava. E mesmo um homem assim tenha seus defeitos – como o de apoiar a ditadura militar -, suas virtudes, suas batalhas, sua conduta frente à administração pública superaram a malfadada besteira pretérita.

Oito anos passados como vice-presidente despercebidos, que pela sua humildade não queria tirar a estrela de quem ela era por direito, mas que se fez o maior vice-presidente desta nação, à sombra, é claro, do seu presidente e ESTADISTA, Luis Inácio.

Vou mais além: Um vice-presidente que mais fez do que, por exemplo, Fernando Henrique Cardozo. Um vice-presidente que mais fez do que José Sarney, Itamar Franco e Collor. Vejam só, um vice-presidente mais significativo do que vários presidentes.

Empresário, autodidata, político,  Alencar merece todas honrarias da nação a qual ele serviu, merece todas homenagens. Até porque quem nada fez tem seus nomes estampados em prédios públicos, em vias públicas. O filho do Antônio Carlos Magalhães nunca fez nada por Brasília, muito menos pelo seu estado origem, a Bahia, mas – mesmo assim – o prédio sede da ANATEL, no DF, recebe o seu nome.

Ao incansável guerreiro, minhas condolências.

Descanse em paz, Alencar! Amém.

Flávio Rossi

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Ceilândia, DF, Brazil
Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire