Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







24 de set. de 2011

Aos 10.

Não. Não vou discutir aqui se o que houve foi bulling; se foi falta de atenção dos pais; se foi a sociedade quem, indiretamente, fez daquela criança mais um personagem de nossa tragédia social anunciada; se foi descaso da escola; se foi o capitalismo que, por interesses mediáticos, apresenta-nos os mais variados tipos de violência gratuita para que nós mesmos as consumamos, feito urubu na carniça. Não vou discutir se é o computador que nos afasta cada vez mais um dos outros. Não vou discutir isso. Para mim, foi algo para além da nossa compreensão; foi metafísico, mas também não entrarei nessa seara.

O fato é que aflição bateu no momento em que soube da idade do menino. E, ao saber a idade, comecei a pensar insistentemente no que levaria uma criança com esse tempo de vida, supostamente ingênua, a planejar tamanha crueldade contra alguém e, sobretudo, contra a si mesma. É estranho!

Pensando nisso, fiz força na minha memória para tentar recordar o que eu estava fazendo quando tinha 10 anos. Lembrei de vários fatos de minha infância e resolvi perguntar a amigos e colegas o que eles também faziam quando tinham essa idade. Não é mera coincidência: a todos que fiz a pergunta – o que você fazia quando tinha 10 anos? – as respostas foram praticamente as mesmas. É claro que para alguns os percalços próprios da vida os faziam desviar um pouco da rotina de outros, entretanto, no final das contas, tudo se resumia em brincar. Creio que aos 10 anos seja o auge do momento lúdico de um guri.

Fiz a pergunta a essas pessoas, umas se emocionaram ao recordar o passado, outras não se soltaram o bastante, mas mesmo assim responderam à indagação. Algumas, como disse, relembrou uma infância mais difícil, tendo algum tipo de labor próprio para adultos.

Camila lembrou-se de uma infância em que cuidava dos irmãos, mas também se divertia muito com brincadeiras típicas de meninos, adorava dançar. Beth também recordou-se de uma infância de labuta, mas com muita diversão. Brincava de casinha, com bonecas. Disse ser muito chorona quando era criança. Carol respondeu que também gostava de brincadeiras de meninos, que ficava sem camisa na rua e que “parecia um moleque”. Marília também brincava de casinha, de pique-pega. Não podia sair muito à rua, devido às ordens da mãe, que a controlava. Lídia jogava bola na rua, brincava de boneca, mas também praticava vários esportes, como natação e ginástica olímpica. Suzie falou que brincava de todos os tipos de “piques” existentes, mas também salve latinha, bate-enfinca, amarelinha, elástico, bandeirinha, acrescentou ainda que era muito boa no futsal. Sarinha falou que se divertia mais com os irmãos e com os primos, mas que gostava mesmo era de estudar. Roberto, desconfiado da pergunta, respondeu que as brincadeiras eram variadas: “eu brincava de bandeirinha, pique - esconde, bolinha de gude, polícia e ladrão, bete de pau, carrinho de rolamento, bandeirinha.” “Tempo bom”, disse ele. Paulinho jogava vídeo game, brincava de bola na rua, de todos os tipos de piques também, de bandeirinha. Clebin, teve uma infância de muitas brincadeiras: soltava pipa, brincava de bandeirinha, enfica, bolinha de gude, pique - esconde. A infância do Clebin é muito parecida com a minha.

Em comum, o fato de todos estudarem, de as brincadeiras serem fator preponderante para o condicionamento físico e, sobretudo, terem tido uma infância legal. Não por acaso alguns se emocionaram ao recordar o passado. Eram tempos sem muitas preocupações.


Creio que diante do fato acontecido devemos reabrir a discussão no sentido da necessidade do comércio de armas no Brasil. Comparo a tragédia acontecida com um garoto de 10 anos, numa escola em São Paulo, com o terrorismo acontecido também dentro de uma escola no Rio de Janeiro, em que 11 crianças acabaram mortas por um fundamentalista. Sim! São fatos diferentes, mas significativamente iguais, já que os dois crimes foram emblemáticos para a sociedade brasileira.

Não há razão para se manter um comércio de armas aqui ( a não ser pelos próprios interesses das indústrias bélicas que daqui retiram lucros exorbitantes). Somos um país pacífico e, apesar de vivermos uma guerra particular, não temos problemas com delimitação de fronteiras, não estamos em guerra com nenhuma outra nação e não somos também ameaçados em nossa soberania. Partindo desses pressupostos, para que mantemos aqui o livre comércio de armas? Para guerrear contra nós mesmos?

Sim! Para guerreamos contra nós mesmos e para que, aos 10 anos de idade, em vez de brincarmos com brinquedos e sermos felizes, passemos a brincar com armas, valendo-se do polícia e ladrão, só que à vera.

16 de set. de 2011

Deus é pai, não é padrasto...e outras potocas.

“Deus é pai, não é padrasto”. “Madrasta é tão má que já começa com ma ”. “Amanhã, é dia de branco.” Quem não consegue enxergar preconceito nesses dizeres populares, não precisa continuar lendo este texto, pois falarei justamente disso. Tentarei mostrar aqui como todos nós espalhamos intolerância sem nem mesmo perceber. Aliás, quem nunca falou um desses ditados citados que atire a primeira pedra. Sempre quis uma oportunidade para debater a história que vou contar aqui. Pretendo, assim, suscitar o debate a fim de que cheguemos a duas conclusões: a de que preconceitos devem ser cortrdos pela raiz e, também, que a escola é um dos canais para que isso aconteça.

Uma amiga postou esta história no seu facebook:

- Professora, você sabe qual a religião do bode?
- Não, disse a professora.
- Bodista.
- oh!
-E a do cão?
-Também não sei.
-Cãodoblé?
-oh!
-Tá bom, fessora, vou parar.Mas só mais uma: e a religião do gato?
-NÃO SEI!
-Gatólico. (Risos)

Primeiro, devo deixar claro que não estou aqui para defender nenhuma matriz religiosa, seja ela qual for.

Segundo, é fato histórico que religiões minoritárias vêm, continuadamente, sendo perseguidas e massacradas por religiões dominadoras. É histórico também que uma das formas de minimizar, rebaixar, suprimir essas religiões é tentar demonizá-las, mesmo que estas doutrinas sejam 5 mil anos mais velhas que as outras. O medo é uma forma de se conseguir adeptos. E não há figura que traga mais medo para humanidade que o demônio. Claro, Para aquelas religiões que acreditam que ele existe. Pois bem. Dito isso, passo para representatividade dos bichos citados pelo aluno.

Leitor, por um acaso, qual a imagem primeira que vem à sua cabeça quando você imagina como diabo, demônio, capeta devem ser? Será que é a imagem de um bicho com chifres tortos, com patas um tanto estranhas, rabo? Seria, por um acaso, um bode? Se tua resposta for sim, passe para outra pergunta. Se for não, pule para o penúltimo parágrafo.

Leitor, por um acaso, CÃO é um sinônimo também para diabo, demônio, capeta? Se sim, passe para outra pergunta. Se for não, pule para o penúltimo parágrafo, com exceção para as mulheres, que devem ler a próxima pergunta mesmo que a resposta seja negativa.

Leitora, esta pergunta é só para vocês, mulheres lindas, maravilhosas, geniais. Sem vocês, mulheres, nós, homens, não seríamos nada... Voltando! Leitora, que imagem vem à sua cabeça quando você se lembra de um gato? Deixa que eu respondo: a única certeza é a de que você não se lembra do demônio algum e muito menos do bichano que vocês criam em casa. Portanto, deixe seus pensamentos vis para outra hora e voltemos ao raciocínio.

Estranhou-me o paralelo traçado pelo aluno para fazer a associação entre certos bichos e as suas devidas religiões. Não creio que seja mera coincidência, não creio também que o próprio aluno tenha tirado isso da sua mente. Fico, então, com a premissa de que ele escutou isso de alguém e, involuntariamente, repassou dentro de sala de aula. E vai continuar transmitindo caso nada seja feito. Tanto é assim que as palavras Candomblé e Católico começam com as mesmas letras – CA, mas o animal cão ficou como representante da religião perseguida. Ao passo que gato, esse animal lindo...

Penso que é assim que começamos a semear certas intolerâncias. Sem perceber, saímos falando por aí que “Deus é pai e não padrasto”, ou que “madrasta é má porque já começa com má”ou que “amanhã é dia de branco”. No primeiro caso, a generalização é grosseira. É o mesmo que dizer que TODOS os padrastos do mundo são mal. No segundo caso, a idiotice é tamanha que chega a arrepiar. Explica-se o porquê de um parente por afinidade ser má por conta de apenas uma sílaba. “Amanhã é dia de branco” alimenta a idéia de que só um povo constrói esta nação, enquanto os outros povos não trabalham, curtem preguiça e, portanto, não passam de vagabundos.

Levantados todos esses problemas, o que devemos fazer para dar o fim em alguns mitos ruins que permeiam nossa cultura?

O mal deve ser cortado pela raiz e a escola deve ser o canal para cortar essas correntes, que, como praga, se espalham rapidamente, incutem-se na cabeça do povo e, logo, viram herança cultural, com força de verdade. A escola tem o dever ser o espaço para se discutir todos as crenças, ela deve respeitar todos os credos e passar ao aluno que todas as religiões têm o seu valor. Deve ensinar, ainda, que a cultura alheia é intangível, portanto, devemos respeitá-la. A escola deve assegurar a diversidade cultural no Brasil.

Mas não é só isso. Não é somente a escola que tem o dever de ensinar aos seus alunos o respeito ao próximo. Os pais são o espelho do filho. Um pai que respeita o próximo certamente terá um filho que o seguirá no mesmo pensamento. Ao passo que aquele que desrespeita também poderá ter um filho que desrespeite. Aos pais cabe também o dever de passar ao filho o respeito às variedades religiosas e culturais. São essas variedades que nos fazem diferentes e são justamente essas diferenças que devem ser toleradas.

7 de set. de 2011

Blogão do Flavin: A Herança Maldita.

Blogão do Flavin: A Herança Maldita.: Vez ou outra, pego-me pensando num passado bem remoto, quando os europeus ainda não haviam passado por estas terras. Em sonhos, viajo pela ...

Flávio Rossi

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Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire