Caros leitores,
estamos à beira do julgamento do chamado “mensalão do PT” e o que me vem à
mente é se o crime organizado de fato se organizou. Sei que a informação ficou
meio dicotômica, mas o que acontece é que sempre ouvi falar de especialistas
que “no dia em que o crime se organizar, aí sim este país estaria perdido”. Em
outras palavras, o que estava ruim poderia piorar.
Essa teoria de que o
crime não era organizado nunca ficou muito claro para mim, porque sempre o vi
agindo organizadamente, desde as facções criminosas montadas nas favelas até as
montadas no Congresso Nacional. Vou-me ater naquelas montadas para surrupiar os
cofres públicos, as do Congresso. Provo que sempre foram muito bem
organizadas.
A
palavra “mensalão” foi inaugurada, teve sua gênese no Governo Lula, mas esse
crime é mais antigo do que imaginamos. Quem introduziu esta prática foi o Sr.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Para que houvesse o direito à reeleição, o
facínora organizou o pagamento de propina para que deputados e senadores
votassem a favor da emenda que o favorecia. Deu tudo certo, foi reeleito.
Não foi investigado porque seu grande amigo Geraldo Brindeiro, então
Procurador-Geral da República, não oferecia denúncia contra ninguém. Mais
tarde, esse mesmo Procurador logrou o apelido de “Engavetador-Geral”.
Depois
teve um outro mensalão, agora em Minas Gerais (em 1998). O mensalão de Minas,
que envolvia o Senador Eduardo Azeredo (um dos fundadores do PSDB) e o nada
conhecido Marcos Valério, consistia em organizar um esquema para financiamento
irregular da campanha de reeleição de Azeredo, então governador de Minas
Gerais. Em 2005, já no Governo Lula, aconteceu o mensalão como
conhecemos, que consistia em comprar votos de deputados e senadores para que
propostas do governo fossem aprovadas. Quem organizava todo o esquema era
Marcos Valério (nada conhecido) e José Dirceu – ex chefe da Casa Civil – e
amigo, braço direito, de Lula.
O
mais nefasto de todos os mensalões aconteceu aqui no DF, em 2009, sob o Governo
de José Roberto Arruda e envolveu praticamente todos os três poderes e o
Ministério Público. O mensalão do DEM consistia em burlar licitações para pagar
deputados a fim de que projetos do então governador fossem aprovados. Era
dinheiro público para todos os lados, a propina era geral. Procuradores,
empresários, deputados e deputadas todos ganharam menos a sociedade. E o mais
contemporâneo é caso Cachoeira, que tinha como aliado o ex Senador Demóstenes,
e exerce sua influência no Estado de Goiás, DF e Tocantins, tudo
organizadamente.
Se
todos esses casos - pretéritos e presente - não são exemplos de crime
organizado, o que será então? À beira de sediar a copa do mundo e os jogos
olímpicos, com dinheiro público jorrando para todos os lados, numa
desorganização absoluta e à mercê de verdadeiros larápios, não há outro
pensamento senão aquele que diz que "as coisas nunca estão tão ruins que não
possam piorar”. Se achas que está ruim, caro leitor, espere e verá: pior ainda
pode ficar. Ainda bem que eles não descobriram que o problema é celular.