Apesar de não
ser dia das mulheres, dedico este texto a elas. Dedico porque elas têm sido
exemplo de hombridade, de caráter, de dignidade, principalmente na seara
política.
Maquiavel nos ensinou
que “a política tem ética e moral próprias”. Quando ele escreveu esse
pensamento, penso que tinha em seu imaginário não a política em si, mas os
políticos...brasileiros, é claro! Ética é
conjunto de princípios que valem, que norteiam, que orientam a todos, ela está
arraigada na própria humanidade. Moral é a forma concreta, prática de como a
ética é vivida, ela é definida de acordo com cada cultura. A ética é para
todos; a moral é conforme cada cultura organiza sua vida. Exemplos disso são os
indígenas, japoneses, ciganos, beduínos.
“Os políticos
brasileiros não têm ética e nem moral!” há quem esbraveje isso aos quatros
cantos do mundo. Pura mentira! Eles as têm sim, só que elas são diferentes das
nossas, elas fogem ao nosso senso do que é certo e o que é errado. Só isso.
Ontem, vi uma
foto dos Senhores Fernando Haddad, Lula e Maluf juntos. Por várias vezes, ouvi
especialistas dizerem que Haddad foi um dos melhores ministros da educação da do
país. Se eu tinha alguma dúvida disso, não a tenho mais: educação e ignorância
não se misturam. Eu também já
ouvi dizer que Lula foi o maior Presidente da história do Brasil. Tenho lá
minhas dúvidas: em nome da governabilidade, já o vi abraçado com adversários
políticos históricos, alguns inescrupulosos: Sarney, Collor, Fernando Henrique
Cardoso. Eu só não o imaginava de mãos dadas com Maluf, que não é adversário político,
mas um inimigo.
Maluf, depois
de outro político já citado, é sem dúvida o representante mais asqueroso em
atividade. Sem caráter, facínora, caso ele coloque os pés fora do Brasil, é
preso de imediato. Procurado internacionalmente, tem ficha cadastral na
Interpol. Não é preso no Brasil por conta das benesses das leis daqui e das
próprias maracutaias que faz a fim de não ir parar no xilindró.
E onde entram
as mulheres nessa história? Luíza Erundina opôs-se a compor chapa como vice de
Haddad, ao constatar que Maluf seria parte da coligação. Recusou-se porque a
ética e a moral dela são diferentes das do gatuno. Negou-se porque a história
de vida dela se entrechoca com a do canalha: enquanto ela era uma militante das
Comunidades Eclesiais de Base – CEB’s, ele apoiava a ditadura. “Água e óleo não
se misturam” – disse ela.
Orgulhou-me a
atitude honrosa de Erundina. Não se rendeu ao jogo político, que – por vezes – se
mistura e estraçalha à própria história da pessoa. No jogo político, não vale
tudo e os fins não justificam os meios. Mas Erundina
não tem sido a única a tomar decisões firmes. Também nossa Presidenta tem agido
com vigor na condução de sua administração e, até agora, está nos representando
muito bem. Outra mulher de coragem é a Corregedora do CNJ, Ministra Eliana
Calmon. Outro dia teve a firmeza de declarar que “há bandidos escondidos atrás
da toga”. Foi execrada pelos seus pares, contudo não retrocedeu. Ao falar isso,
veio-me à cabeça um ministro do STF bastante conhecido. Mulher brasileira: firme,
vigorosa e corajosa.
Água e óleo
não se misturam. As nossas mulheres políticas parecem compreender melhor o que
é certo e o que é errado. Parecem ter uma noção mais aguçada do que seja a
ética e a moral dos brasileiros, ao passo que eles (os políticos) têm as suas
próprias. Como no caso de Lula, que – inebriado pelo poder – tem agido de forma
no mínimo estranha e feito todo tipo negociata para se manter nele. Creio que o
tratamento com drogas para curar o câncer tem-no deixado demente.