Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







10 de dez. de 2009

Sobre a corrupção e a colonização.

Não me surpreende mais os escândalos políticos que insistem em aparecer todos os anos. Propinas, operações com nomes gregos, maracutaias, valeriodutos, mensalão, mensalinhos...Tudo isso não mais me surpreende. Já fico em alerta. Coração acostumado, na verdade, fico matutando de onde herdamos esse malefício. Para o mais novo escândalo - que envolve os três poderes, aliás – tenho uma explicação plausível. A explicação aqui tem fundamento na antropologia.


Nossa sociedade foi criada pelos mais “sérios” cidadãos portugueses: putas, prostitutas, ladrões, bandidos, charlatões, corruptos. Todos condenados, vinham pra cá para cumprir pena imposta pela coroa lusitana. Se pegarmos a definição para a palavra “político”, a impressão que dá , nessas horas, é que ela significa “putas, prostituas, ladrões, bandidos, charlatões, corruptos”. Mas explicação para o fato que está ocorrendo aqui, em Brasília, não vem daí.

No começo, quando fomos descobertos pelos portugueses* (ver nota no rodapé), o Brasil servia apenas para mandar para a Europa a riqueza aqui encontrada. Nosso país era como uma prostituta, cujo, de perna aberta, dava o próprio bem, com um único diferencial: não era cobrado nada pelo favor. Alguns políticos de hoje acham que a relação de clientelismo existente entre o Brasil e Portugal ainda existe. Importaram, então, a figura e, em vez de benesses entre países, benesses entre pessoas.

O grande problema é que, ao ser eleito, o cara acha que é a sociedade que o serve, em vez de ele servir a sociedade, como no caso de Portugal em relação ao Brasil. E é daí que o mandatário começa a misturar as coisas e a achar que público e privado são idênticos. O dinheiro público, então, em vez de servir a sociedade, serve aos ideais próprios e vai parar nas meias, nas malas e as desculpas são a mais esfarrapadas possíveis. Há até aqueles que, sobre a proteção da imagem puritana protestante, abençoe o dinheiro fruto da propina sem nem mesmo se dar conta da reza proferida: “Pai, eu quero te agradecer por estarmos aqui. Sabemos que nós somos falhos, somos imperfeitos, mas é o teu sangue que nos purifica de todo bem. Pai, nós somos gratos pela vida do Durval, que tem sido um instrumento de benção para nossas vidas, para essa cidade, que o senhor contemple a questão do seu coração”. Bom seria se o sangue do Pai dele o purificasse de todo o mal.

Discordo do Presidente da República, que ontem, dia 9/12/2009, dia de combate à Corrupção, disse que os corruptos têm cara de bonzinhos. Sei em quem eu voto e “as aparências não me enganam não”. Arruda (que muito me lembra o Gargamel, personagem mal que perseguia os Smurphies), Brunelli, Eurides Brito, Leonardo Prudêncio nunca me enganaram.

A minha consciência é da que eu não os coloquei lá. Se a nostalgia de os ter como representante da minha cidade corrói-me, sobrevive em mim o contentamento de nunca ter votado neles. Aliás, até agora, os candidatos em quem votei estão passando ilesos de escândalos. E não fazem mais que a obrigação deles.




*Mentira histórica por dois motivos: primeiro porque aqui já haviam os índios ; segundo, porque os Espanhóis teriam passado pelas Américas antes dos Portugueses. Há ainda um terceiro fator: há uma corrente da história que diz que os chineses já teriam descoberto as Américas bem antes dos portugueses e dos espanhóis.

Flávio Rossi

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Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire