Não sei se o leitor está sabendo da nova polêmica causada pelos jornalistas. Trata-se de um livro distribuído pelo MEC que considera a linguagem e suas adaptações fora da dita norma CULTA. Norma culta é aquela pregada, amparada pela gramática. CULTA não leva em consideração os regionalismos, os dialetos, as adaptações, as variações da língua. Culto não é o morador do interior do nordeste, o goiano e seu linguajar peculiar, aquele lá do interior de minas, o sertanejo, o caipira... CULTO é a elite.
O livro em questão é o “Por Uma Vida Melhor”. Para os autores do livro (frisa-se, TODOS PROFESSORES DA ÁREA DE PORTUGUÊS, ESPECIALISTAS EM LINGUÍSTICA, portanto preparados para o assunto), uma construção como “os cara saiu” não é errada. Isso porque a lingüística e o mote de seu estudo não consideram a linguagem certa ou errada, como estão apregoando alguns jornalistas - reverberado em efeito manada por mais um tanto de “sem conhecimento de causa”, inclusive alguns políticos (entre eles o Senador Cristovam Buarque) e a colunista do Correio Braziliense Maria Paula, aquela mesma do programa cômico Casseta e Planeta. Abre aspas: os jornalistas são uma categoria que acha que tudo sabe e que tudo entende. Crêem ser, na verdade, os deuses e semideuses da informação, mesmo que a informação que eles passem esteja errada e mesmo que eles não tenham lido nada sobre assunto. Fecha aspas.
O livro em questão é o “Por Uma Vida Melhor”. Para os autores do livro (frisa-se, TODOS PROFESSORES DA ÁREA DE PORTUGUÊS, ESPECIALISTAS EM LINGUÍSTICA, portanto preparados para o assunto), uma construção como “os cara saiu” não é errada. Isso porque a lingüística e o mote de seu estudo não consideram a linguagem certa ou errada, como estão apregoando alguns jornalistas - reverberado em efeito manada por mais um tanto de “sem conhecimento de causa”, inclusive alguns políticos (entre eles o Senador Cristovam Buarque) e a colunista do Correio Braziliense Maria Paula, aquela mesma do programa cômico Casseta e Planeta. Abre aspas: os jornalistas são uma categoria que acha que tudo sabe e que tudo entende. Crêem ser, na verdade, os deuses e semideuses da informação, mesmo que a informação que eles passem esteja errada e mesmo que eles não tenham lido nada sobre assunto. Fecha aspas.
Voltando! Não existe uma linguagem certa ou errada, existem adaptações da língua. O livro – como vêm publicando os deuses e semideuses da informação – não ensina o aluno e a população a falar errado. A obra diz que, quando se fala “os caras saiu”, a informação foi passada e entendida e que, apesar da falta de concordâncias, a construção não deve ser desconsiderada. Isso porque da informação subtende-se que “mais de uma pessoa saiu” e, naquele contexto, não se faz necessário falar “os caras saíram”. Isso é a mais pura verdade. O livro faz mais: diz que é a partir da construção dita “errada” que se deve ensinar a gramática. Deve-se, então, considerar a bagagem trazida do aluno. Será mesmo que algum jornalista desses já estudou sobre algo que fale em “considerar a bagagem trazida pelo aluno”? Creio que não.
É o erro do ignorante. E não há coisa mais chata que o ignorante que acha que está certo quando, na verdade, está errado. Na coluna do Correio Braziliense de hoje, 22/5/2001, Revista do Correio, a colunista Maria Paula em seu artigo intitulado “A educação sem noção” discorreu (sem maestria alguma, vale ressaltar) sobre assunto. Entre outros jargões daquele que escreve arrazoadamente e, geralmente, cai na vala comum, ou seja, não contribui em nada, falou das mudanças ocorridas em alta velocidade devido à internet. Mais tarde, relembrou um personagem cômico que ela entende muito bem, o Seu Craysson, que se expressava mal e tinha um estigma de "burro". Fechou o artigo e nada de somar algo: mais um grito de quem pega as informações no ar, opina sobre, mesmo sem entendê-la e a publica só porque tem acesso aos meios de comunicações e não porque a publicação trará alguma reflexão. Não custa nada ressaltar aqui que na 6ª linha do artigo escrito por ela, tem um trecho que diz “...facilitando o acesso a informação” (sic). “A educação sem noção mesmo é a falta da crase em “acesso à informação”. Percebam: é a defesa da gramática mesmo sem saber usá-la.
Defender a gramática a ferro e fogo, da forma como está sendo feito, é ignorar 95% da população. Isso porque a gramática não considera os regionalismos, os dialetos, as variações lingüísticas da maioria da população. Defender a gramática é excluir, é apartar, é separar, é desunir a maioria dos brasileiros, assim como é feito na distribuição de renda deste país. É ir mais longe: a forma mais significativo de se tutelar uma identidade é por meio da língua nacional. Ao dizer que fulano não sabe sua língua por conta de APENAS uma concordância, tira-se a identidade da pessoa. Deve-se ensinar a gramática sim a fim de que todos estejam preparadas para os percalços da vida, como um vestibular e um concurso público, contudo isso deve ser feito considerando, acolhendo o aluno e não impondo a ele que ele fala “errado”. Lembro que o maior Presidente que já esteve neste Planalto Central não falava o português “culto”. Muito pelo contrário, falava o português popular, que tanto incomodava a elite deste país.
Palavras de um professor de português.