Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







20 de ago. de 2009

Os Imortais das Academias de Letras

Outro dia, peguei-me imaginando caso fosse verídica esta estória de que escritor da ABL é imortal. E acabei pensando também alguns descabidos: já pensaram se um dia Deus, num desvario, desse realmente esse dom àqueles “mortais”? Lágrimas nos olhos.

Não que alguns escritores que estão lá não mereçam: Alfredo Bosi, grande estudioso da literatura brasileira; Carlos Heitor Cony, jornalista de primeira categoria; Ana Maria Machado, uma das mais importantes expoente da literatura infanto-juvenil; Ariano Suassuna, defensor ferrenho da cultura brasileira; João Ubaldo, autor de “A Casa dos Budas Ditosos”, e até mesmo os que já estiveram. Imaginem poder assistir a uma palestra em que estivessem reunidos Machado de Assis, Álvares de Azevedo, Aurélio Buarque de Holanda e... José Sarney? Isso! José Sarney, esse imortal da literatura brasileira, dos livros desconhecidos que não é lido por ninguém. Imaginem-no para posteridade como escritor e também como político? Senador para sempre, até a eternidade. Foi por isso que me peguei com as lágrimas nos olhos. Mas não só por ele: é que Fernando Collor, outro exímio escritor, fará parte da cadeiras dos “imortais”, e isso torna a situação insustentável. Nem Deus nem o Diabo fariam isso com o povo brasileiro. Tenho certeza.

Falo de Collor mais uma vez porque ele é candidato único a uma cadeira na Academia Alagoana de Letras (AAL). Essa candidatura una foi intermediada por um escritor daquela academia e ex-promotor de justiça daquela terra e conta com a adesão de todos os 40 imortais daquela casa. Como inaugurador das coisas impossíveis, o ex-presidente será chancelado “imortal” para AAL sem nenhuma obra publicada. Collor, o imortal, segundo informações, pretende lançar, futuramente, dois livros: um com os discursos dele na tribuna, que deve incluir, por exemplo, o “ingula-as e digira-as como quiser” ou “eu tenho aquilo roxo” (discurso no Ceará, em 1991), e outro livro falando de um suposto golpe que ele levou quando ainda era Presidente desta República.

Mas, então, por qual motivo o ex-promotor de justiça defende tanto uma cadeira para Collor mesmo sem o senador ter escrito nenhuma obra? É que, conforme justificativa do próprio promotor, Collor é dono de uma empresa de comunicação muito poderosa naquele estado: o jornal “Gazeta de Alagoas”. Percebe-se, então, que os critérios para uma cadeira nas academias de letras são outros.

Não acho ruim que transformem as Academias de Letras em APL’s – Academias Políticas, Marco Marciel também é um “imortal”. Essas academias deveriam aproveitar o oportunidade, já que os nossos políticos acadêmicos estão tomando de conta também daquela casa, e oferecer até mesmo um curso de formação para ser político, afinal de contas para quase todos os cargos públicos há uma “academia”, uma escola. Há a escola para ser magistrado, há a escola para ser promotor, há escola para ser diplomata, há escola para ser delegado, policial, há escola para ser professor, médico, professor, contador. Só não há escola para ser político, por quê?

Nada melhor que uma escola de formação de políticos. Lá eles aprenderiam lições relacionadas à ética, à constituição, ao direito administrativo. Passariam a saber que todo ato administrativo é publico, portanto deve ser publicado; entenderiam que o princípio da publicidade é constitucional, assim como a moralidade e a legalidade. Aprenderiam que não se mistura coisa pública com coisa privada.

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Flávio Rossi

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Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire