Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







6 de ago. de 2009

Jeitinho Brasileiro?


Semana passada fui ao cinema, fui levar minha filha para assistir a um desenho animado. Desses que procuram estrear justamente nas férias das crianças: isso as instiga.
O fato é que sempre antes da sessão iniciar, há aquele coquetel de lanche que temos de fazer. E o preferido da criançada em geral é o de uma empresa internacional, líder no segmento de alimentação.
Comprei o lanche. Custou-me cerca de 13 reais. Mas o que mais me intrigou foi o jeitinho que a empresa estrangeira deu para tentar ludibriar-nos a nós, brasileiros: ao pedir o produto, o cliente recebe o hambúrguer, a batata e o refrigerante. O problema está no refrigerante.
Vamos o causo: o refrigerante da lanchonete custa cerca de R$ 4,00 reais, em média. Ao comprar um copo de 500ml, o cliente recebe justamente a metade do produto, a outra é gelo. Fazendo uma rápida comparação, acaba-se percebendo que um refrigerante com 2litros, em qualquer rede supermercado, custa em média R$ 3,00 reais. A malandragem: pague R$ 4,00 reais por 500 ml de refrigerante e leve apenas 250ml.

E isso acontece em vários outros ramos, por exemplo, no bancário, no da telefonia. Em qual outro país do mundo cobra-se por não utilizar o telefone? Só no Brasil, esse “Impávido Colosso!” Isso mesmo, ao contratar o serviço telefônico de uma dessas empresas de capital estrangeiro, o cliente – mesmo sem utilizar o telefone para fazer qualquer tipo de ligação – paga por uma taxa, uma tal de assinatura básica: R$ 40,00. Não é por acaso que várias empresas estrangeiras estão investindo em telefonia aqui, no Brasil, afinal de contas o retorno gera preciosos dividendos: pague mesmo sem usar!

Ao colocar gasolina e ao pagar por ela, o cliente recebe um adicional: o ar. Outro dia até tentaram instalar nos postos de gasolina (a maioria aqui no Brasil é estrangeiro) um dispositivo que evitaria a passagem do adicional pela bomba de gasolina. Nada mais justo, se pago 5 litros - por exemplo - de gasolina, gostaria muito de receber os exatos 5 litros. Um lobe dos xeiques dos combustíveis acabou com "a felicidade geral da nação" e o tal dispositivo passou longe da bombas. Esse mesmo ar é pago nas contas de água. Ar é algo que tem de sobra aqui no Brasil. Cheguei a achar até, em algum momento, que ele era gratuito, mas... nada de graça!
Não vou divagar aqui falando de empresas de vários outros ramos, fosse assim eu até perguntaria por que a crise mundial passou longe dos bancos no Brasil. Por que não houve “quebradeiras” por aqui, assim como houve em vários outros países. Não, não vou perguntar isso. O fato é que importamos um produto muito criticado por alguns especialistas brasileiros (sociólogos, antropólogos...). Importamos um produto nosso, um produto autêntico, um produto nacional: o nosso “jeitinho”.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom o texo Flávio.
Mas infelizmente é isso que o mundo nos traz... o grande mal do capitalismo é ganância de quanto mais as pessoas tem mais elas querem e isso se reflete nas grandes empresas. Com a correria do dia a dia as pessoas nem percebem esse lucro exagerado como foi dito no seu texto, o que realmente se precisa é de pessoas mais informadas para não serem enganadas e muda essa realidade.
Bem é isso aí...
bjin
obs: tô adorando seus textos...

Flávio Rossi

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