Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







10 de ago. de 2009

Como nossos pais.

Não sei quando aprendi a gostar de política, creio que tenha sido nos embates que presenciei aqui, na Capital, por volta de 1994. Primeiro ano em que eu votara, facultativamente. Naquela época, o povo, sedento por mudanças, elegeu o agora Senador Cristovam Buarque para Governador.

Lembro de meus pais, dos meus vizinhos discutirem política. Lembro do jogo baixo: algo normal, afinal de contas, segundo os próprios políticos, “os fins justificam os meios”. Aprendi, estudei-a, gostei de tentar desvendar as jogatinas, as maracutaias, os conluios.

Mas o fato é que outro dia vinha dentro do metrô eu e milhares de pessoas, inclusive quatro jovens que se propuseram debater política, até que um deles falou algo interessante: “não gosto de política e nem de políticos”. Exímio curioso da conversa alheia, comecei a prestar atenção no papo. Não saiu muita coisa. Mas a frase dita (“não gosto de política”) matutava minha cabeça, “na parede da lembrança, esse é o quadro que me dói mais”.

Fico pensando: o que nos faz não gostar de política? Por natureza, somos seres políticos. Para tudo, fazemos políticas, desde criança. Há política na hora de pedir balinha aos pais, na hora de indagar o porquê de não levar palmadas, não hora de pedir pra ir à balada, na hora de defender aqueles que gostamos. Na hora de defender a nossa religião, por exemplo: Jesus morreu por causa da política. Política é mais velha que nós.

Até entendo aqueles jovens, a classe política deste país não é, há muito tempo, motivo de orgulho. Os escândalos se sucedem um atrás do outro ano a ano. E é como merda no ventilador, no final todos se sujam: um corrupto nunca está maquinando só, sempre há mais corruptos na história. Isso tira-lhes as esperanças.

Mas, mesmo assim, escândalos não são motivos para abandonarmos a política. A política está acima dos políticos. Política é como nossa casa: se não a comandamos, se não damos direção a ela, se a deixamos de lado, há quem faça tudo isso à sua maneira. É o que ocorre, por exemplo, nas duas Casas Legislativas mais importantes do país: Câmara e Senado federais.

Abandonamos nossa política. Não é por acaso que os Renan’s, os Collor’s, os Sarney’s da vida reelegem-se há anos, não procuramos reformar, inovar. Eles comandam a casa. Mas, ainda assim, quando os escândalos aparecem, ficamos indignados. Por que ficamos indignados? Não será a hora de parar de votarmos “como nossos pais” e deixar de lado “nossos ídolos que ainda são os mesmos”?

Mas, só oxigenar a casa ainda não basta. Faz-se necessário cobrar do inquilino dela (isso! inquilino, porque o dono somos nós, os cidadãos) para que ele cuide da casa com dignidade, respeito e, sobretudo, com ética. Aproveitemos, então, a oportunidade e mudemos, portanto, os nossos inquilinos e, além disso, passemos a cuidar mais do nosso lar.

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Flávio Rossi

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Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire