Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







5 de ago. de 2009

Liberdade.

Às vezes, fico imaginando o porquê de François-Marie Arouet, proeminente filósofo francês, à frente de seu tempo, ter pronunciado as seguintes palavras: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. E fico imaginando também o porquê de George Orwell, autor de “A Revolução dos Bichos”, ter usado as mesmas palavras de Voltaire em um dos seus artigos acerca do direito de expressão.



Certamente, os dois pensadores percebiam que essa liberdade estava correndo sério risco. Intrigante é saber qual tipo de pensamento que eles teriam se soubesse que uma família de políticos brasileiros, que ajudou na luta pelos direitos de expressão, que um deles faz parte da ABL – Academia Brasileira de Letras -, que um deles é Presidente do Senado Federal, instituição fundamental à democracia, passou por cima do direito que ele mesmo ajudou a estabelecer. Certamente eles falariam: “só no Brasil mesmo!”. E o que eles diriam se soubesse que o tal político se utilizou de um amigo da família, um Desembargador do DF, para conseguir uma liminar a fim de impedir um jornal de publicar matérias a respeito do mais recente escândalo no Senado? A uma hora dessas, eles devem estar se revirando no caixão.


O fato é que tentativa da família Sarney de impedir o jornal “O Estadão” de publicar matérias de interesse público, afinal de contas o Senador é um homem público, ajudou ainda mais na condenação de Sarney, o tiro saiu pela culatra. Atentado à liberdade de expressão como esse só foi visto em plena ditadura.


O que é repugnante também é saber que interesses individuais, nesses país, por vezes se sobrepõem aos interesses coletivos. É o tal do misturar o público com o privado, fazendo do Estado o quintal de casa. Penso que o desembargador deveria, no mínimo, se declarar impedido de julgar tal liminar.


As palavras, por mais que não concordemos com elas, têm de ser ditas. É um direito constitucional dizê-las. Não por acaso estou escrevendo-as aqui, foi um direito conquistado por meio de muitas batalhas, lutas, vidas: Carlos Marighela, Carlos Lamarca, Frei Tito, Zuzu Angel, Vladimir Erzog... Aliás, um dos poemas contemporâneos mais belos leva o nome de “Liberdade”, Marighela é o autor: “É que eu por ti, se torturado for, possa feliz, indiferente à dor, morrer sorrindo a murmurar teu nome”.


Mal sabe a família Sarney que o feitiço pode virar contra o feiticeiro (como virou), e que eles podem ser os próximos a ser calados. Se a moda pega... Por Flávio Rossi

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Flávio Rossi

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Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire