Quem disse que religião, política e fubebol não se discutem?

No popular, houve-se muito que "religião, política e futebol" não se discute (sic). Na verdade, o dizer não incluía o termo "política", ele só foi incorporado mais tarde, pela elite e pelos próprios políticos, a fim de evitar o debate e os questionamentos político entre as pessoas. Dessa forma, sem o debate, como poderia eu estabelecer meu posicionamento e também aprender com o próximo? Debates ajudam a esclarecer, ajudam no ceticismo, no questionamento. Além do mais, não só a política, mas também a religião e o futebol são passíveis de debates, desde que ambas as pessoas estejam dispostas a não somente falar, mas, antes de mais nada, escutar e aprender. Debatamos, então, sim.







7 de ago. de 2009

No ônibus

Sangue nas unhas de uma, cabelos nas mãos das outras. Algumas pessoas apaziguando a situação, outras com o sorriso estampado na cara, adorando a situação...afinal de contas não é todos os dias que se presencia um espetáculo como este:
- Piranha! dizia a que estava sentada.
- Vagabunda! dizia a descabelada que estava em pé.
- Vá dormir em casa, ônibus não é lugar de dormir!
- O ônibus não é teu, vá mandar na sua casa!
- Vá se...!
- Vá você...
- Vão as duas! Afirmavam os que estavam no fundo.
- Gente, que absurdo! Diziam os mais sensatos.
- Vou parar o ônibus – dizia o motorista, já parando-o – se não pararem a briga agora.
- Pai nosso que estai no céu. Santificado seja o vosso nome...
Cristãos começaram a rezar. Nem preciso falar que as concordâncias verbais e nominais não foram respeitadas. Por questão estilística, resolvi modificar algumas palavras, sem perder de vista a verossimilhança do fato, que é cômico se não fosse absurdo, como todo tipo de agressão física, seja por um simples toque entre pessoas, seja por petróleo, por exemplo.
Já que tratei da física, devo informar-vos que ela foi a culpada, não totalmente, mas parcialmente. A outra parte da culpa fica por conta dos caprichos humanísticos. A que estava em pé (que aqui graciá-la-ei de Gumercinda) resolveu colocar a mão no banco do ônibus para não ser surpreendida pela inércia. A que estava sentada (Araci) caiu no sono, encostou a cabeça no mesmo lugar onde estava a mão da Gumercinda... Culpa da física, já que a força gravitacional puxa a nossa cabeça para baixo, quando estamos dormindo, e como dois corpos não ocupam o mesmo lugar, tocaram-se.
Esse simples toque entre pessoa resultou no fato contado lá em cima. De início, só mais uma discussão, simples palavreados, debate acalorado:
- Eu quero dormir! Qual problema?... Exclamava Gumercinda.
- Quer dormir? Então vá para casa!!! Respondia Araci.
- Minha filha, o ônibus não é teu! Quer se segurar? Coloque a mão em outro lugar...
- Então beleza, sendo assim... Respondeu Gumercinda, então, colocou a mão na cara da Araci, que se levantou e revidou, puxando os cabelos da agressora. Levou uma unhada. Caíram no assoalho do ônibus, que cotidianamente anda lotado. Pessoas se comprimindo entre bancos e catraca. Confusão, correria, bagunça, gritaria, risadas...
Uma, impávida que nem Muhammed Ali; a outra, tranqüila e infalível como Bruce Lee. Os usuários loucos, como nas antigas arenas em Roma, esperando o desfecho de uma boa briga entre mulheres: quando uma não sai pelada, sai descabelada. Eu, eu... eu estava ali, indiferente, onisciente, interiorizando todas as informações (ou pelo menos tentando) para depois externá-las em forma de palavras.
Acabada a discussão, da forma como descrevi no primeiro período, continuei a ler o livro que estava na minha mão e a matutar a aula de sábado. Vida de professor.
Ouvem-se cochichos, risadas, as duas sem graça. Deviam estar pensando o quanto banal foi o motivo das agressões mútuas ou o tanto que as pessoas ao mesmo tempo em que estão tão juntas se sentem separadas. E mesmo num “espaço curto, quase um curral”, elas não podem se tocar. Tudo voltou ao normal. Assim começou mais um dia.
Por Flávio Rossi

Um comentário:

Unknown disse...

que pouca vergonha, uma verdadeira baixaria... deveriam se envergonha e se valorizarem mais... isso naum se justificaria nem qe fosse por um motivo muito maior .
é uma pena que exista mulheres que se comportem assim ...ainda há os que acham engraçado se divertem com a situação como se fosse normal tal atitude é realmente vergonhoso pra raça humana ...

Flávio Rossi

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Posso não concordar com suas palavras, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire