- Eu me lembro de estar dentro de uma boate e de ter ficado com uma garota. Saí de lá, já era tarde, umas 3 horas da madrugada. Comecei a caminhar em direção ao meu carro, que estava um pouco distante. Não me lembro muito bem. Ia na calçada, tinha um orelhão, fui no rumo dele. Um rapaz veio ao meu encontro e apontou o dedo para mim.
- Sim. Continue.
- Ele cerrou o pulso e começou a me agredir. Tentei me defender, porém chegaram mais três garotos, amigos dele. Deram-me socos e pontapés, eu tentei me defender. Mais socos e pontapés e eu tentando me defender, pois nada podia fazer contra 4 rapazes me batendo. Até que um deles sacou um canivete e o desferiu em mim. Caí. Transeuntes chegaram e apartaram. Os 4 garotos saíram correndo. Eu me levantei, caí ao chão novamente, estava sem forças. Um rapaz tentou me levantar. Levantei e caí novamente. Acordei e agora estou aqui. Onde estou?
- Calma, meu filho. O nome desta cidade aqui é o “Nosso lar”.
A estória adaptada acimai foi vista em rede nacional por quase todos os brasileiros. O assassinato do jovem em Santa Catarina casou comoção nacional, apesar de não ser mais novidade esse tipo de agressão em nossas “fatigadas retinas”(vale lembrar que os sulistas se acham os europeus no país emergente). Volto ao assunto publicado anteriormente, porque muita gente não compreendeu a mensagem que quis passar no texto anterior. Tentarei ser mais claro então.
Acredito que todos nós recebemos uma chance. E em que sentido falo isso? No sentido de que estamos no mundo para fazer uma passagem, mas não estamos a passeio. Recebemos a vida com o objetivo, com a finalidade de que tentemos melhorar – ou até mesmo pagar – alguma dívida de vidas passadas. Alinho-me com religiões, dessa forma, que acreditam na reencarnação, apesar de não professá-las.
No outro texto, falei que – apesar da evolução que tivemos – o que se presencia no momento é uma regressão acentuada. A tal evolução que houve fica por conta de não termos mais pessoas queimadas em fogueiras, não termos mais a escravidão como era há alguns tempos. A arena de gladiadores foi extinta, houve aqui uma adaptação para o que conhecemos hoje como esporte - apesar de acontecer digladiação vez ou outra, mesmo dentro de um contexto que contém regras a serem seguidas. É justamente nos gladiadores (contemporâneos) que fica a regressão: homens matando um outro a soco, pontapés e facada não é atitude de pessoas civilizadas e regidas por regras e direitos. Isso é coisa de gladiadores. É a lei de talião.
Em um livro que li, havia uma informação interessante que dizia que alguns nasciam com uma chance dada, mas que não aproveitavam a oportunidade para se redimir. É neste sentido que falo dos rapazes que espancaram o jovem até a morte. A impressão que dá é a de que, em vidas passadas, eles já faziam isso com outros, como gladiadores, e que não conseguiram se livrar do estigma. Ou seja, continuam, mesmo num mundo dotado de regras a serem seguidas, praticando delitos. E neste contexto, o livro continuava falando que daqui para frente as coisas tendem a piorar. Mais pessoas com intuito maligno virão, mas que pessoas do bem também aparecerão. Haverá assim dois pólos.
Ao olhar o contexto atual, não é muito difícil de perceber que estamos num mundo cada vez pior. Quem levantou uma espada ontem, hoje pode levantar uma faca. “Quem usava a chibata, agora pode usar até mesmo uma farda e engatilhar a macaca”. Resta aos de bem fazer o bem, sem olhar a quem.
2 comentários:
Flavin, não tem jeito. Vivemos a lei do caos, a tendência é só piorar, e não adianta falar do carinha bonitinho que foi assassinado quando saia da balada, e era tão inocente e não merecia morrer de uma forma banal e estúpida.Não quero defender a violência, longe de mim, mas é como o texto de Bakhtin, em que ele afirma que na literatura tudo é reescrita (cópia), mas se a literatura é reflexo de um período, portanto estamos simplesmente copiando as atrocidaddes do passado. E como sempre, utilizar as palavras civilidade e evolução é só um meio de camuflar o que realmente somos: Uns "bossais" e não aprendemos com os erros passado.
Pegou pesando hein, Isa? Tá valendo. Valeu pelo comentário.
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