59.109.265. Isso, cinquenta e nove milhões, cento e nove mil e duzentos e sessenta e cinco cidadãos brasileiros são os responsáveis diretos pela morte das 12 pessoas, na maioria crianças, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro. Talvez uma das quinta-feiras mais tristes da história desta nação, 7/4/2011.
Esse é o total de cidadão que, no referendo para proibição de venda de armas, realizado em 2005, votou em favor da comercialização, barrando assim o artigo 35 do estatuto do desarmamento.
São todos esses cidadãos que forneceram a arma ao Jovem assassino (que aqui não cito nem o nome ), para que ele cometesse de forma abrupta e absurda um crime bárbaro. Foram esses cidadãos, encabeçados pelo Coronel da PMDF, Sr. Fraga, lobista em favor das indústrias bélicas, Secretário no Governo Arruda (o Governo mais corrupto da história do Distrito Federal) que trouxeram a desgraça a várias famílias no dia de hoje. Foram esses cidadãos que - alicerçados por uma argumentação pífia e desprovida de sentido - gritavam aos quatros cantos do mundo que votar contra a comercialização de bélicos no Brasil seria retirar o direito de nós mesmos e, sobretudo, se amparavam na reles idéia de que os bandidos estão armados e os “homens de bem” não (como se homens de bem precisassem de armas). São esses cidadãos que deveriam amanhã mesmo se entregar à polícia e serem julgados por crime doloso. Serem submetidos ao Tribunal do Júri e condenados à pena máxima: 30 anos de cadeia.
Fora a tragédia ocorrida, triste é pensar que dentre os que foram a favor da comercialização livre das armas, estão alguns políticos, intelecutais e estudantes, inclusive os que faziam parte da minha turma e que se graduariam comigo. Olhem, leitores, que contraditório e emblemático: cidadãos que estudaram comigo na Faculdade de Letras, hoje professores, votaram a favor da comercialização das armas. De braços cruzados, eles mesmos assistem pela televisão a hecatombe no palco em que eles ocupam por profissão. E são esses intelecutais de meia-tigela, cuja massa encefálica constitui 1/3 de um caroço de azeitona, que vão lecionar para os seus filhos. São eles que educarão nossas crianças. O que se esperar do futuro?
6 anos mais tarde, vi que a guerra que comprei na faculdade e em vários debates acalorados, contra a venda de armas, valeu a pena. Mesmo que tenha sido diante de um fato trágico como o acontecido naquela escola, notei que minha inteireza anda nos eixos. Percebi que não é de hoje que penso e que logo existo. Hoje, posso derramar meu fel contra esse tanto de imbecil que, nem pra si mesmo, exercita a destreza mental.
É hora de outro referendo, de novos debates acerca do assunto. Assim, quem sabe, os que votaram a favor das armas, da morte, dos assassinatos, dos assaltos, dos sequestros possam se redimir.
2 comentários:
É assim que a nação brasileira vai vivendo. Na conformidade e sem conhecimento algum dos assuntos polêmicos como foi citado no seu artigo Flávio. Acredito que Roriz tenha sido os piores corruptos de Brasília. Mas mudando de assunto, quero dar os parabéns pelo seu artigo, poucos tem coragem de dizer o que você disse, se isso fosse publicado em algum veículo de comunicação para as pessoas se tocarem de que o povo brasileiro deve sim se envolver em assuntos polêmicos como esse e fazer parte das decisões políticas do Brasil, talvez teríamos um país diferente do que temos hoje. O povo brasileiro vive somente na inércia.
Faço minhas suas palavras Flávio, apesar de achar que, não há mais "salvação" pra tanta violência, até pq, os que estão sentados no poder, contribuem fiel e religiosamente para que tanta desgraça possa acontecer nesse país, que tem, ou tinha, tudo pra dar certo...
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